Não há outra maneira de ver Deus a não ser tornando-se criança. O Evangelho não nos convida a nos diminuir, mas a assumir a melhor perspectiva para encarar a vida. De fato, como os seres humanos são criados por Deus, sempre que nos lembramos de nossa finitude começamos a ver as coisas de uma maneira nova, mais verdadeira e mais profunda.
Quando, ao contrário, brincamos de Deus, infectados com delírios de onipotência, perdemos o contato com a realidade e não conseguimos mais ver as coisas como são.
Por exemplo, se todos lembrássemos que um dia vamos morrer, essa lembrança nos levaria a viver com mais humildade e foco no essencial. Daríamos mais importância às coisas que tendemos a negligenciar e entenderíamos que tudo de bom que devemos fazer temos de fazer hoje, não amanhã.
Mas como ignoramos a ideia da morte e nos julgamos imortais, nossa vida sofre de uma cegueira estrutural que nos faz viver para coisas tolas e perder de vista o que importa.
Alegria, não orgulho
Jesus diz que “os pequenos” são aqueles a quem Deus revela as coisas porque eles não usam as coisas que Deus lhes revela para ter orgulho, mas para saborear a alegria que elas trazem.
Só "os pequenos", por exemplo, apreciam um por do sol, o voo de uma abelha, o riso de uma criança e o olhar das pessoas que amam. Só "os pequenos" aceitam os sofrimentos da vida sem transformá-los em ressentimentos, sabem chorar sem desespero e aceitam limites sem se sentirem julgados por eles.
Mas este privilégio é um dom de Deus, que nasce da escolha de ser uma criatura divina por completo, sem brincar de Deus, que é a raiz de todo orgulho.