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Europa: converter-se do islã ao cristianismo é perigoso, diz relatório

Muçulmanos na França

BERTRAND GUAY / AFP

Francisco Vêneto - publicado em 19/07/22

"Um convertido pode ser descoberto e ameaçado, agredido ou até assassinado por um islamista que ele sequer conhecia"

Na Europa, converter-se do islã ao cristianismo é perigoso, afirma um novo relatório divulgado pelo Centro Europeu para a Lei e Justiça. O documento, intitulado “A perseguição a cristãos ex-muçulmanos na França e na Europa”, conclui que os muçulmanos que moram no velho continente correm riscos elevados de perseguição quando abraçam o cristianismo.

Segundo o relatório, apresentado neste começo de julho, é “no mínimo difícil” e “geralmente perigoso”, para um muçulmano, abandonar a sua religião. O cenário se aplica nomeadamente à França, mas se estende com nuances a todo o continente.

O documento descreve:

“Na sua grande maioria, as pessoas que deixam o islamismo para aderir ao cristianismo sofrem perseguição familiar e comunitária, com graus de intensidade que variam muito entre o desprezo e a violência. A perseguição, em primeiro lugar, é dentro da própria família (pais, cônjuge, irmãos, primos etc.), e, em segundo lugar, é comunitária. Acontece na vida real e também nas redes sociais, onde os muçulmanos estão muito presentes e ativos”.

O relatório detalha os riscos acarretados pela perseguição contra quem ousa converter-se do islã ao cristianismo:

“Alguns muçulmanos fazem campanhas de intimidação e investigação para procurar e reprimir os convertidos [ao cristianismo]. Pode acontecer, portanto, que um convertido seja descoberto e ameaçado, agredido ou até assassinado por um islamista que ele sequer conhecia”.

O pecado da apostasia

O documento reforça o impacto da “sharia”, ou lei islâmica, no caso dos muçulmanos convertidos ao cristianismo, dado que, do ponto de vista do fundamentalismo islâmico, que abandona a fé muçulmana comete o gravíssimo pecado da apostasia (“ridda“). A apostasia é explicitamente condenada pelo Alcorão e pela recopilação de palavras de Maomé (“hadith“).

Em países europeus como a França, a sharia não tem nenhum reconhecimento legal, mas isso não impede que ela seja adotada por algumas “comunidades muçulmanas locais, suficientemente grandes e radicalizadas”. Cenários semelhantes podem ser observados em outros países com presença volumosa de muçulmanos, como a Alemanha, a Bélgica, a Holanda e o Reino Unido, e mesmo em vários com presença menor.

Já em alguns países do Oriente Médio ou do norte da África, onde a sharia é adotada oficialmente, quem chega a converter-se do islã pode ser privado da sua parte na herança familiar. O documento cita o Marrocos como um país em que este cenário pode ser comum: “Basta que um familiar denuncie que o filho herdeiro não é mais muçulmano para que ele perca a sua parte da herança”.

Mas a perda da herança é uma das consequências “menos sombrias” da apostasia islâmica. De acordo com o relatório do Centro Europeu para a Lei e Justiça, os graus de violência contra os convertidos variam do “desprezo e agressão verbal”, passando pela expulsão da família, até casos extremos como linchamento público e assassinato sumário. Há também uma notável incidência de casamentos forçados no caso de menores que se convertem, como tentativa de “reverter” a conversão e obrigá-los a manter-se muçulmanos.

O relatório registra que “a maioria dos muçulmanos geralmente reage com uma punição de ‘morte social'”, mas acrescenta que “islamistas como os salafistas ou a Irmandade Muçulmana tendem a ‘limpar’ o escândalo causado pelo convertido aplicando uma perseguição mais radical”.

O Centro Europeu para a Lei e Justiça destaca, no relatório, que essa perseguição pode atingir cerca de 30 mil pessoas só na França. Ainda assim, o documento registra que “cerca de 300 pessoas de origem muçulmana recebem o batismo na Igreja Católica a cada ano”.

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