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Caminho Sinodal Alemão retruca advertência da Santa Sé

Caminho Sinodal Alemão envolve riscos de desvios doutrinais

Sebastian Gollnow / dpa Picture-Alliance via AFP

Francisco Vêneto - publicado em 26/07/22

Presidência do Caminho Sinodal afirma "lamentar irritadamente" a falta de comunicação direta com o Vaticano

A presidência do controverso Caminho Sinodal Alemão retrucou a advertência publicada na última semana pela Santa Sé, que, mediante comunicado, havia alertado para o fato de que algumas de suas iniciativas representam “ameaça para a unidade da Igreja”.

O Caminho Sinodal Alemão é presidido conjuntamente pela leiga Irme Stetter-Karp, na qualidade de presidente do Comitê Central dos Católicos Alemães (ZdK), e por dom Georg Bätzing, bispo de Limburgo e presidente da Conferência Episcopal Alemã.

Em resposta ao comunicado da Santa Sé, divulgado no último dia 21, ambos se disseram “irritados” com a falta de comunicação direta entre o Vaticano e o Caminho Sinodal Alemão, além de se queixarem de que, a seu ver, “uma Igreja sinodal é diferente disso”.

A declaração da Santa Sé registrou que, para “proteger a liberdade do Povo de Deus e o exercício do ministério episcopal, parece necessário deixar claro que o Caminho Sinodal na Alemanha não tem o poder de forçar os bispos e os fiéis a adotarem novas formas de governo e novas abordagens da doutrina e da moral. Não seria permitido iniciar novas estruturas ou doutrinas oficiais nas dioceses antes de um entendimento acertado no âmbito da Igreja universal, o que representaria uma ferida à comunhão eclesial e uma ameaça à unidade da Igreja”.

Em sua resposta, publicada em alemão, inglês, espanhol e italiano, Irme Stetter-Karp e dom Georg Bätzing se queixaram de que ainda não foram estabelecidos “canais de comunicação direta com as autoridades romanas” e lamentaram que “a presidência sinodal não foi convidada para discussão até hoje”:

“Lamentamos, irritadamente, que essa comunicação direta ainda não tenha ocorrido. Em nossa opinião, uma Igreja sinodal é algo diferente disso”.

Os dois presidentes do Caminho Sinodal Alemão também criticaram o fato de que a manifestação vaticana não traz assinatura de nenhuma autoridade:

“A forma de comunicação atual nos surpreende. Não se demonstra um bom estilo de comunicação dentro da Igreja quando se publicam declarações que não foram assinadas”.

No tocante ao risco de ruptura da unidade da Igreja, os dois líderes do Caminho Sinodal Alemão alegam que as suas resoluções “não terão efeito legal por si mesmas”, já que precisarão ser enviadas à Santa Sé para sua análise:

“A Igreja na Alemanha não seguirá um ‘caminho especial alemão’. No entanto, julgamos nosso dever definir claramente as mudanças que consideramos necessárias. Já percebemos que os problemas e questões que nomeamos são semelhantes em todo o mundo”.

Incompatibilidades com a doutrina católica

O Caminho Sinodal Alemão se apresenta como um processo de diálogo entre bispos e leigos católicos, iniciado em dezembro de 2019, com o intuito de debater questões complexas como o exercício do poder na Igreja, o sacerdócio, o papel das mulheres e a moral sexual.

Até o momento, os participantes já aprovaram documentos que sugerem o fim do celibato sacerdotal obrigatório, a ordenação sacerdotal de mulheres, a comunhão eucarística para divorciados em segundas núpcias e até para não católicos, além de grandes mudanças na moral sexual da Igreja, sobretudo no tocante à homossexualidade.

Recentemente, Irme Stetter-Karp chegou a defender inclusive “um acesso maior ao aborto“, o que é absolutamente incompatível com a doutrina católica.

Em maio, dom Bätzing havia declarado “decepção” com o Papa Francisco por falta de “reformas mais profundas”.

Em junho, o Papa revelou, durante uma entrevista, que já chegou a afirmar pessoalmente a dom Bätzing que a Alemanha “não precisa de duas Igrejas evangélicas“, em referência clara ao risco de mais uma divisão nos moldes da reforma protestante de Lutero.

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