Se mordomia fosse mais importante para mim do que liberdade, eu não teria começado a trabalhar muito cedo. Se depois de quase uma década trabalhando em consultorias com recrutamento e seleção eu não tivesse perdido o entusiasmo pela função, eu não teria me arriscado a escrever artigos para sites católicos e a apostar somente na clínica - que faz os meus olhos brilharem. Que sorte eu não ter sido feliz sempre! Por isso, tenho muito a agradecer pelos meus dias ruins.
De fato, foram os choros silenciosos, abraçada ao travesseiro, que me colocaram contra a parede. “Por que Deus está me submetendo a essa dor?”, eu questionava. Ter ido atrás da resposta me fez movimentar a vida e trocar de planos. Mudar a rota.
Quando meu coração esteve apertado e partido, não agendei exames cardíacos: recorri à escrita. Se compus alguns artigos bem escritos, devo às angústias das paixões mal concluídas. Ao meu coração partido.
Cada vez que fui rejeitada, desenvolvi a humildade e reforcei meu lado bom.
Sabe, ando serena há bastante tempo, desde que aprendi que a felicidade instagramável é uma busca utópica regada a insônias, dívidas, desilusões e discussões sobre como ser feliz.
A inteligência emocional e a felicidade
O único jeito que conheci para ser feliz foi desenvolvendo desde cedo o que se chama hoje de inteligência emocional, um guarda-chuva de múltiplos significados, mas que pra mim se resume a usar a finitude e a fé em Deus a nosso favor.
Vamos morrer – não agora, mas um dia, aquele dia que otimismo nenhum adia. Então qual o sentido de obstruir ainda mais a vida?
As pessoas fazem drama por pouca coisa, são competitivas, se acham melhores do que são, executam tarefas de forma relaxada, não assumem seus erros, não cuidam de seus afetos e só reclamam. A cada manhã recebem o novo dia já com pedras na mão, sem agradecer a Deus pelo dom da vida - inclusive eu.
Enfrentando os dias ruins
Tenho também meus dias ruins, meus momentos em preto e branco, mas não desapareço de mim. Se for um incômodo pontual, leio um livro, me distraio e espero o dia terminar. Se for mais grave, tento psicoterapia emergencial e troco os pensamentos de lugar. Desacomodo. Uso a instabilidade para inaugurar uma estabilidade nova em folha, outra versão da mesma vida.
O meu “pra sempre” nunca foi feito de linhas retas nem de velocidade constante, e é por isso que minha sorte e minha fé tem durado um bocado para enfrentar cada dia ruim.
Enfim, não desista! Tenha fé suficiente para enfrentar cada dia difícil e busque ajuda profissional adequada se for necessário. Ninguém está imune aos dias mais dolorosos. Mas eles passam. E acredite: Deus transformará toda a sua dor em bem.
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