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O caçula chegou: como amenizar o ciúme do filho mais velho

Irmão mais velho beija irmão mais novo

Shutterstock

Ricardo Sanches - publicado em 03/08/22

Algumas atitudes deram muito certo nesta família e também podem funcionar aí na sua!

Quando meu filho caçula nasceu, o mais velho tinha quase dez anos. Minha esposa e eu queríamos que tivesse sido antes, mas este foi o plano perfeito de Deus para a nossa família. Claro que lamentamos um pouco a demora, porém tentamos enxergar algumas vantagens nesta grande diferença de idade. Achávamos, por exemplo, que o mais velho, por conta da idade, não teria tanto ciúme do mais novo. Ledo engano!

Logo nos primeiros dias após o nascimento do mais novo, já percebi que o primogênito ficou meio cabisbaixo. Grande parte das nossas atenções eram, obviamente, para o recém-nascido, e o mais velho logo pensou que estava perdendo espaço, apesar de toda preparação que fizemos com ele durante a gestação do irmão.

Senti, então, que era hora de começar a agir mais especificamente para tentar amenizar o ciúme logo no começo. Sim, amenizar, porque esse sentimento parece estar longe de acabar. Ele já é um adolescente, mas as comparações com o irmão, as cobranças e o sentimento de vitimização e perda de espaço, às vezes, são mais evidentes.

Entretanto, penso que isso poderia ter tomado proporções maiores, caso minha esposa e eu não tivéssem os dado a importância que o sentimento tem e adotado algumas atitudes.

Psicólogos e especialistas em educação indicam várias técnicas e conselhos excelentes aos pais que querem evitar danos maiores provocados pelo ciúme entre irmãos. Eu, como pai, segui algumas dessas dicas e compartilho o que deu certo aqui em casa.

1Conversar, conversar e conversar

Independentemente da idade do filho mais velho, é preciso conversar muito com ele, preparando-o para a chegada do caçula. Depois do nascimento, o diálogo deve ser ainda mais frequente. Aqui em casa, falamos muito sobre a necessidade de dar um pouco mais de atenção ao irmãozinho recém-nascido, que requer cuidados especiais durante um tempo. Depois, conforme o bebê ia crescendo, conversávamos com o mais velho que o espaço dele dentro de nossos corações e do nosso dia a dia era o mesmo, que não havia nenhum tipo de divisão de sentimentos, que papai e mamãe amam os dois verdadeiramente e da mesma forma.

Nestas conversas, temos o cuidado de não fazer comparações, mas sim de reforçar algumas lembranças, como: “olha, quando você era menor, a gente fazia a mesma coisa com você”. Isso funcionou e funciona muito bem sempre que existem algumas crises de ciúme. Se você pegar um álbum de fotos e mostrar momentos especiais que a família passou com o mais velho, garanto que a faisquinha de ciúme vai se apagar…

2Incluir

Acredite: incluir o mais velho nos cuidados com o caçula realmente faz a diferença. Eu costumava chamar o meu grandão para ajudar no banho do pequeno, a escolher a roupa dele, a limpar a boquinha do bebê. Durante a pandemia, quando a escola passou a ser on-line e todos ficamos mais dentro de casa, o ciúme só não foi maior porque nós incluímos o mais velho em todos os afazeres da rotina doméstica. Ele ajudava, inclusive, a olhar do mais novo enquanto minha esposa e eu mantínhamos nossos comissos profissionais no home-office. Com isso, ele se sentiu mais útil e essa inclusão tomou, por tempos, o espaço que era do ciúme.

3Ensinar a amar

O ciúme carrega com ele uma pontinha de raiva e de sentimento de perda (de espaço, de atenção). É por isso que muitos irmãos mais velhos costumam bater nos mais novos. Entretanto, o amor de irmão é algo natural, está no coração deles. Nossa função, então, é fazer esse amor se sobressair ao ciúme. Como? Com as mesmas estratégias de cuidado, conversa e inclusão. Outra dica é mostrar a evolução do mais novo e apontar o que o mais velho ensinou ao irmãozinho que fez a diferença no desenvolvimento dele. Pode ser uma palavrinha que ele ensinou o bebê a falar, uma brincadeira, uma gracinha. Aos poucos, o mais velho vai se sentindo orgulho do irmão e reconhecendo o amor que sente por ele.

Uma das primeiras palavras que o meu caçula falou foi “Tati”, referindo-se a “Tato” (o apelido do mais velho). Você consegue imaginar o quanto isso o encheu de orgulho e amor?

4Reservar um tempo exclusivo para cada filho

Não tem jeito: os pais precisam reservar um tempo para se dedicar exclusivamente a cada filho. Eu sei que isso pode ser difícil, principalmente para as famílias mais numerosas e para aquelas que não possuem rede de apoio. Mas tente encontrar esse tempo na rotina de vocês, por menor que seja. Pode ser um tempinho para brincar, conversar, tomar um sorvete, fazer uma viagem ou para praticar um esporte. Mas tem que ser um momento só dos pais (ou apenas do pai ou da mãe) com um dos filhos. Aproveite para conhecer mais seu filho, entender os sentimentos dele, mostrar que ele é tão importante para você quanto o irmão.

Lembro-me que quando o meu caçula ainda era bebê eu resolvi fazer uma pequena viagem com o mais velho. Fomos conhecer museus e assistir, pela primeira vez, uma partida internacional de futebol. Isso foi muito importante e rendeu frutos por muito tempo. Só é preciso tomar cuidado para que seu filho não queria usar esses momentos como barganha!

Hoje posso dizer que conseguimos criar uma rotina em que o ciúme entre os dois irmãos tem cada vez menos espaço. Portanto, desejo que você encontre este caminho de paz e harmonia familiar.

espero que você consiga adotar essas técnicas e que elas funcionem tão bem como funcionaram na minha família!

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