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75 anos de independência da Índia: repressão religiosa preocupa minorias, sobretudo cristãs

Índia vive repressão religiosa contra minorias

Raul Herranz | solidarizArte.es

Francisco Vêneto - publicado em 17/08/22

"Devemos cortar a mão de qualquer um que se levante contra o hinduísmo"

É notícia no mundo todo que a Índia está celebrando os seus 75 anos de independência do Reino Unido, mas, dentro de casa, a repressão religiosa preocupa as minorias do país, sobretudo os cristãos.

De fato, vêm crescendo exponencialmente os episódios de intolerância do nacionalismo hindu para com outras religiões.

O assunto foi tema de reportagem, entre muitos outros, também do site suíço SwissInfo, que relatou:

“Nas margens do sagrado rio Ganges, um sacerdote hindu pronuncia calmamente sua ameaça: sua religião deve estar no centro da identidade da Índia, 75 anos após sua independência. ‘Devemos nos adaptar aos tempos’, diz o sacerdote Jairam Mishra; ‘devemos cortar a mão de qualquer um que se levante contra o hinduísmo'”.

A matéria recorda que os seguidores do hinduísmo compõem a vasta maioria do 1,4 bilhão de habitantes da Índia, que, no entanto, é oficialmente um Estado laico e multicultural. O próprio Mahatma Gandhi, muito embora fosse um hindu devoto, destacava a necessidade de estabelecer uma Índia laica, na qual “todo homem goze do mesmo status, qualquer que seja sua religião”. Não custa lembrar que ele foi assassinado apenas um ano após a independência – e o assassino foi, precisamente, um fanático hinduísta que o achava tolerante demais com os muçulmanos.

Os nacionalistas hindus pressionam agora para que a Índia seja oficialmente declarada uma nação hindu, com leis que privilegiem esse grupo religioso em detrimento das demais religiões. O atual governo do primeiro-ministro nacionalista Narendra Modi se inclina a essa visão, com grandes projetos ligados ao hinduísmo e com recorrente vista grossa aos comentários incendiários de membros do seu partido, embora sem endossar explicitamente o apoio à ideia de uma nação hinduísta.

Enquanto isso, o país assiste a uma explosão de ataques contra os seguidores de outras religiões.

O muçulmano Nasir Jamal Khan, de 52 anos, é guarda em uma mesquita de Varanasi e, segundo o SwissInfo, é um dos muitos que têm medo do “crescente sentimento de divisão” no país.

Repressão religiosa com foco nos cristãos

Os cristãos na Índia também sofrem a intensificação da intolerância e da perseguição.

Segundo o United Christian Forum (UCF), organismo que reúne diversas entidades religiosas da Índia, só de janeiro até o final de maio deste ano foram registrados 207 episódios, especialmente nos estados de Uttar Pradesh, Chhattisgarh, Jharkhand, Madhya Pradesh e Karnataka. Trata-se apenas dos dados obtidos através de uma linha telefônica de socorro, que cobra o território nacional e é gratuita. É a única forma viável para milhões de indianos poderem denunciar situações de abuso e violência contra a sua fé cristã.

A.C. Michael, coordenador do United Christian Forum na Índia, relata que, em 2021, foram documentados 505 casos de violência contra cristãos no país. Conforme noticiado pela Agência Fides, Michael enfatiza que esses dados contradizem declarações de funcionários do governo indiano, segundo os quais “não há nenhuma perseguição”, mas apenas “alguns incidentes isolados”. Autoridades federais e regionais, de fato, têm sido acusadas de passividade e até conivência com os casos de violência contra cristãos e outras minorias religiosas.

Os casos denunciados vão desde violência física até fechamento forçado de igrejas, passando por perturbações propositais a celebrações litúrgicas e momentos de oração, vandalismo contra igrejas e símbolos cristãos e ostracismo social, especialmente nos meios rurais.

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