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EUA: revista ataca rosário como “símbolo extremista” ou de “extrema direita”

Soldado com o rosário

LIU JIN | AFP

Francisco Vêneto - publicado em 17/08/22

Este é o nível de extremismo a que se chega no… "jornalismo"

A revista norte-americana The Atlantic, considerada entre as mais importantes dos Estados Unidos, atacou o rosário tachando-o de “símbolo extremista” vinculado à “extrema direita”, em enviesadíssimo artigo publicado neste domingo, 14 de agosto.

Revista tenta dar uma disfarçada

É particularmente chamativo que a própria revista tenha mudado o vexaminoso título do artigo depois de tê-lo publicado – e recebido a respectiva chuva de críticas.

Conforme capturas de tela publicadas pela agência católica CNA, The Atlantic havia publicado inicialmente o artigo sob o título mentiroso “Como o rosário se tornou um símbolo extremista“. Depois, porém, o “suavizou” para “Como a cultura extremista de armas está tentando cooptar o rosário“.

Os editores também mudaram a tendenciosa imagem que ilustrava o artigo: quando recém-publicado, mostrava buracos de bala em formato de rosário; esta imagem, depois, foi trocada pela simples foto de um terço.

As mudanças “cosméticas”, no entanto, mantiveram intacta a tese geral do artigo: a alegada conexão entre rosário e “extremismo de direita”.

Rosário e extrema direita

Fazendo vista grossa para o fato real de que os católicos rezam o rosário há séculos, o autor Daniel Panneton resolveu generalizar afirmando que “o rosário ganhou significado militarista”, embora procure na sequência “contextualizar” que esta “denúncia” se aplica ao que chama de “católicos radicais-tradicionais”. Aliás, em inglês existe até um rótulo para essa “categoria” de católicos: “rad-trad“.

Panneton acrescenta, recorrendo aos surrados clichês da verborreia ideológica, que “a cultura da milícia, um fetichismo da civilização ocidental, e as ansiedades masculinistas se tornaram os pilares da extrema direita nos EUA – e os católicos ‘rad-trad’ se estabeleceram nessa companhia”.

De fato, e hipocritamente, o autor escancara que ele próprio pratica o extremismo de que acusa os outros. Não contente em deturpar o significado de combate espiritual inerente ao rosário e traçar generalizações politiqueiras, ele também ataca o compromisso católico em defesa da família e da vida, aproveitando para despejar algumas doses da já folclórica obsessão das ideologias esquerdistas com a masculinidade, que invariavelmente tacham de “tóxica”.

Eis uma porção da salada servida pelo artigo:

“O militarismo também glorifica uma mentalidade guerreira e noções de masculinidade e força masculina. Essa fusão do masculino e do militar se enraíza em ansiedades mais amplas relativas à masculinidade católica (…) Mas, entre os homens católicos ‘rad-trad’, tais preocupações tomam um rumo extremista, enraizadas em fantasias de defender violentamente a própria família e a Igreja de saqueadores (…) A convergência dentro do nacionalismo cristão se alicerça em causas comuns, como a hostilidade para com os defensores do direito ao aborto”.

Respostas católicas

A agência católica norte-americana CNA conversou a respeito dessa matéria com o professor Robert P. George, que é ex-presidente da Comissão de Liberdade Religiosa Internacional dos Estados Unidos (USCIRF) e que leciona Teoria Política na Universidade Princeton. Ele comentou sobre as ilações ideológicas enviesadas do artigo:

“Parece-me que quem está politizando o rosário e tratando-o como uma arma na guerra cultural é Daniel Panneton. Eu não sei nada sobre o sujeito além do que ele diz no artigo. Eu nunca tinha ouvido falar dele. Embora seja difícil não ver os clichês anticatólicos clássicos, talvez ele não seja um intolerante. Talvez ele apenas esteja estressado e precise tomar uma ou duas aspirinas e deitar um pouco”.

À mesma agência, o padre dominicano Pius Pietrzyk observou:

“O artigo é uma longa lista de imprecisões, falácias lógicas e distorções”.

A seu ver, o autor do artigo ignora a noção de “combate espiritual”, que não tem novidade alguma na Igreja: pelo contrário, faz parte do seu caráter literalmente militante desde os primórdios. O próprio sacramento da Crisma, para citar um exemplo, tem como efeito transformar a pessoa que o recebe em “soldado de Cristo”. Especificamente sobre o rosário, até o Papa Francisco o descreveu em diversas ocasiões como uma “arma espiritual“. O pe. Pietrzyk conclui:

The Atlantic parece não entender o que significa metáfora”.

O nível de paranoia do artigo foi ridicularizado pelo também dominicano pe. Aquinas Guilbeau, que, no Twitter, postou a foto de dois frades com os tradicionais rosários em volta da cintura. Ele “alertou” na legenda:

“AVISO: A imagem abaixo contém rosários”.

Este é o nível de extremismo a que se chega no… “jornalismo”.

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IdeologiamentiramidiaPolíticaRosário
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