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25 ex-presidentes da América Latina condenam perseguição da ditadura da Nicarágua à Igreja

Daniel Ortega e Rosario Murillo

Cesar PEREZ / Nicaraguan Presidency / AFP

Daniel Ortega e Rosario Murillo

Francisco Vêneto - publicado em 19/08/22

Ex-presidentes do Brasil, no entanto, chamam atenção por sua ausência

25 ex-presidentes da América Latina e um da Espanha condenaram explicitamente a perseguição promovida pela ditadura esquerdista da Nicarágua contra a Igreja Católica na atualidade. Todos os ex-mandatários fazem parte da Iniciativa Democrática da Espanha e das Américas (IDEA).

A IDEA se apresenta em seu site oficial como “um fórum internacional não governamental intregrado por 37 ex-chefes de Estado e de Governo”, entre os quais o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, do Brasil.

Na declaração em que os ex-presidentes condenam a ditadura nicaraguense, porém, salta aos olhos a ausência de assinatura de qualquer ex-mandatário brasileiro.

Os 26 políticos signatários intitularam o documento de “Declaração sobre o Regime Ortega-Murillo e a perseguição agravada da liberdade de religião na Nicarágua”. Eles contextualizam a sua crítica enfática no âmbito do Direito Constitucional e reiteram que a liberdade de consciência e de religião é “parte estrutural dos direitos humanos e do desenvolvimento da personalidade de cada indivíduo”.

O repúdio dos ex-presidentes às ações ditatoriais de Daniel Ortega e de sua mulher e vice-presidente Rosario Murillo se ampara na Declaração Americana de Direitos Humanos e na Declaração de São Francisco de 1945, que promoveram a ordem internacional após a Segunda Guerra Mundial.

Os signatários descrevem o regime da Nicarágua como “primitiva ditadura” e acrescentam que, após perseguir a oposição civil, o governo agora “avança na perseguição a líderes episcopais, sacerdotes e religiosos católicos, até mesmo expulsando-os – como no caso das emblemáticas Missionárias da Caridade – do território nacional”.

A declaração convida a opinião pública a rejeitar o regime ditatorial e todos os seus abusos.

Eis a lista dos signatários da declaração de repúdio à perseguição da ditadura da Nicarágua contra a Igreja Católica:

Óscar Arias, Costa Rica
José María Aznar, Espanha
Nicolás Ardito Barletta, Panamá
Felipe Calderón, México
Rafael Ángel Calderón, Costa Rica
Laura Chinchilla M., Costa Rica
Alfredo Cristiani, El Salvador
Iván Duque Márquez, Colômbia
Vicente Fox Q., México
Federico Franco, Paraguai
Eduardo Frei R., Chile
Lucio Gutiérrez, Equador
Osvaldo Hurtado L., Equador
Luis Alberto Lacalle H., Uruguai
Mauricio Macri, Argentina
Jamil Mahuad W., Equador
Mireya Moscoso, Panamá
Carlos Mesa G., Bolívia
Andrés Pastrana, Colômbia
Sebastián Piñera, Chile
Jorge Tuto Quiroga, Bolívia
Miguel Ángel Rodríguez, Costa Rica
Julio María Sanguinetti, Uruguai
Luis Guillermo Solís, Costa Rica
Álvaro Uribe V., Colômbia
Juan Carlos Wasmosy, Paraguai

Apoio de Lula a Ortega

Em novembro de 2021, durante entrevista ao jornal espanhol de esquerda El País e com imediata repercussão em outros veículos de mídia, o ex-presidente brasileiro Luis Inácio Lula da Silva, do PT, minimizou a ditadura do companheiro Daniel Ortega e comparou o tempo no poder do ditador da Nicarágua com o da ex-chanceler alemã Angela Merkel e o do ex-presidente do governo espanhol Felipe González:

“Por que que a Angela Merkel pode ficar 16 anos no poder e Daniel Ortega não? Por que o Felipe González aqui pode ficar 14 anos no poder? Qual é a lógica?”.

A lógica foi imediatamente apontada por uma das jornalistas que entrevistava Lula. Considerando que os democraticamente eleitos Angela Merkel e Felipe González estiveram no cargo de modo legítimo durante respectivamente 16 e 13 anos, ela rebateu:

“Nenhum dos dois colocou seus opositores na cadeia”.

Declarando então que “não pode julgar o que aconteceu na Nicarágua”, Lula fez uma comparação entre as prisões arbitrárias dos oponentes do ditador Ortega com a sua própria prisão no Brasil, efetivada após julgamentos por corrupção e lavagem de dinheiro. Atribuindo a sua condenação a um movimento ilegítimo voltado a facilitar a eleição do atual presidente Jair Bolsonaro, Lula emendou que, se prendeu opositores, Ortega “está totalmente errado”.

Com a repercussão da entrevista de Lula, o PT divulgou nota acusando de falsidade e “má-fé” aqueles que afirmaram que Lula teria apoiado ditaduras de esquerda.

Entretanto, em outra nota do início daquele mesmo novembro, conforme registrado pelo próprio jornal El País, o PT havia chegado a celebrar a eleição fraudulenta de Daniel Ortega, mas depois retirou a nota do seu site. Em matéria de 10 de novembro de 2021, intitulada “PT celebra eleição fraudulenta de Ortega na Nicarágua, mas volta atrás e tira nota do ar”, El País registra:

“O pleito fraudulento, que já tinha um vencedor definido antes mesmo do início das votações, ocorreu no último domingo, quando os rivais de Ortega estavam todos presos ou exilados. Ainda assim, o partido do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que se apresenta como pleiteante à presidência em 2022, encarou o resultado como ‘o apoio da população a um projeto político que tem como principal objetivo a construção de um país socialmente justo e igualitário’. A nota, publicada no site da legenda na segunda-feira, foi amplamente criticada, tanto por opositores quanto por apoiadores do partido. Nesta quarta-feira, não estava mais no ar”.

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