A Santa Sé, através do Dicastério das Causas dos Santos, autorizou a abertura do processo de beatificação do Padre Cícero Romão Batista, o “patriarca do nordeste” brasileiro. A boa notícia foi dada pelo bispo de Crato (CE), Dom Magnus Henrique Lopes, no fim da Missa em sufrágio da alma do sacerdote, em Juazeiro do Norte, CE. O bispo anunciou:
“Queridos filhos e filhas da Diocese de Crato e romeiros de todo o Brasil, é com grande alegria que vos comunico nesta manhã histórica, que recebemos oficialmente da Santa Sé, por determinação do Santo Padre, o Papa Francisco, a carta do Dicastério das Causas dos Santos, datada de 24 de junho de 2022, comunicando a autorização para a abertura do Processo de Beatificação do Padre Cícero Romão Batista, que, a partir de agora, receberá o título de ‘Servo de Deus’. Deus seja louvado!”
O processo
O sinal verde para o pedido de beatificação aconteceu em 2015, quando o Vaticano reconciliou o sacerdote com a Igreja Católica. De fato, Padre Cícero Padre Cícero morreu sem a conciliação após o caso conhecido como “milagre da hóstia”. A hóstia dada por ele teria virado sangue na boca de uma fiel. O caso não foi reconhecido como milagre e o sacerdote foi suspenso de ordem.
O perdão oficial e a reconciliação, portanto, davam permissão ao pedido de beatificação.
Em maio de 2022, o bispo Dom Magnus Henrique, em visita ao Vaticano, entregou ao Papa Francisco uma carta expressando o sonho que milhares de devotos têm de ver o Padre Cícero canonizado. Dizia a carta:
“Recorremos à vossa solicitude de Pastor Universal da Santa Igreja, para pedir especial clemência para com este sacerdote católico, amado e venerado, no sentido de permitir a abertura de uma causa de beatificação. Esperamos que Vossa Santidade, na hora oportuna, examine com coração de Pai e como Sucessor de Pedro este pedido ora formulado, cuja resposta é um anseio nosso e dos milhões de devotos do Padre Cícero”.
A autorização da abertura do processo veio um mês depois. Nesta fase, serão feitas a investigações das virtudes de Padre Cícero. Concluída e aprovada essa fase, ele passa a ser considerado venerável. Para se tornar beato é preciso ainda a comprovação por parte do Vaticano de um milagre alcançado por meio de sua intercessão.
O Padre Cícero
No site da Diocese de Crato, o Padre Aureliano Gondim resume a história da devoção ao “Padim Ciço”.
O sacerdote lembra que o Padre Cícero nasceu na cidade do Crato, no dia 24 de março de 1844. Foi ordenado sacerdote no dia 30 de novembro de 1870. Celebrou sua primeira missa em Juazeiro na noite de Natal daquele mesmo ano.
E foi através de um sonho que ele percebeu como se daria a sua missão em Juazeiro.
No sonho, vislumbrando a última ceia, percebeu a presença de inúmeros flagelados da seca no Nordeste ao redor de Jesus e dos apóstolos. Padre Cícero escutou de Jesus as palavras que o acompanharam durante toda a sua vida: “e tu, Cícero, toma conta deste povo!”
Com aproximadamente 19 anos de sacerdócio, numa celebração eucarística ocorrida na primeira sexta-feira do mês de março de 1889, Padre Cícero, ao dar a comunhão à Beata Maria de Araújo, a hóstia consagrada se transformou em sangue na boca da fiel. Fato que ocorreu ainda por mais 138 vezes, num período de quase dois anos.
Tais acontecimentos serviram para fomentar as peregrinações à Juazeiro do Norte. O que permitiu alavancar a vida do pequeno povoado, pois muitos vinham mesmo para residir e estar perto do padrinho querido.
