1"O cisma na Igreja é uma ameaça real"
O filósofo italiano Massimo Borghesi, autor de uma biografia do Papa Francisco, considera o risco de cisma no seio da Igreja como uma "ameaça real". As posições pastorais do Papa Francisco, especialmente em matéria de ética familiar, mereceram-lhe muita oposição, especialmente entre os bispos dos Estados Unidos, influenciados pelos "théo-conservadores" ou "catho-capitalistas", que têm tido força desde a presidência de Ronald Reagan na década de 1980, e que se sentiram à vontade com Donald Trump. Para estes pensadores, a luta contra o Islã e o relativismo pós-moderno, assim como a luta contra o aborto, a eutanásia e as uniões homossexuais são eixos inevitáveis do catolicismo, e os compromissos sociais do Papa Francisco são a marca de uma forma de "esquerdismo". Face a estas tendências, que equiparam à teologia da libertação, eles apontam uma "guerra cultural" que contribui para a polarização da sociedade, e constitui uma "tragédia para o catolicismo norte-americano" e não só, uma vez que o poder das redes conservadoras americanas lhes dá uma caixa de ressonância fora dos Estados Unidos. Para Massimo Borghesi, o risco de cisma provém muito mais deste fenómeno do que da Via Sinodal alemã, cujas exigências "progressistas" serão provavelmente matizadas pelos bispos locais, que são capazes de elaborar uma síntese realista dos debates, evitando ao mesmo tempo qualquer ruptura com Roma.
La Razon, espanhol
2A sombra da guerra paira sobre a visita do Papa ao Cazaquistão
A três semanas da viagem do Papa Francisco ao Cazaquistão, o jornal Crux explica o cenário desta viagem, durante a qual o chefe da Igreja Católica poderia encontrar-se com o Patriarca Ortodoxo Russo Kirill. O jornal americano oferece uma retrospectiva do contexto, recordando as declarações do Patriarcado de Moscou e da Santa Sé desde o início da invasão russa na Ucrânia. Em particular, a famosa declaração do Papa ao jornal italiano Il Corriere della Sera de que "o patriarca não pode tornar-se o acólito de Putin". Este lembrete suscitou uma resposta crítica por parte do Patriarcado de Moscou. Mas o pontífice também disse, algumas semanas mais tarde, que "é óbvio que a sua posição é condicionada pela sua pátria de certa forma; isto não significa que ele seja um homem indecente. Não; Deus conhece as responsabilidades morais de cada pessoa no íntimo do seu coração". O Cardeal Kurt Koch, Presidente do Dicastério para a Promoção da Unidade Cristã, foi mais abertamente crítico do Patriarca russo. Nesse sentido, Crux assinala que o Congresso de Religiões Mundiais e Tradicionais, a se realizar em Nursultan e no qual os dois homens deverão participar, "poderia revelar-se oportuno". Organizado de três em três anos pelo governo do Cazaquistão, tem como objectivo promover o diálogo entre religiões.
Crux, inglês
3A propósito, o que é um consistório?
Os próximos dias serão intensos no Vaticano, onde o Papa Francisco decidiu reunir todos os cardeais do mundo para refletir em conjunto sobre a nova constituição da Santa Sé, nos dias 29 e 30 de Agosto. No sábado 27, ele terá também criado 20 novos cardeais durante um consistório. O jornal espanhol Omnes traz os elementos básicos para compreender os princípios de um consistório: "a reunião formal do colégio de cardeais". Lembra-nos que todos os cardeais formam este Colégio, que tem a dupla função de eleger o Papa em tempo de conclave e de aconselhá-lo sobre o governo da Igreja ou sobre qualquer outro assunto que o Papa considere apropriado. Existem três tipos de consistório: ordinário, extraordinário e semi-público. O 'ordinário' ou secreto é assim chamado porque ninguém além do Papa e dos cardeais pode estar presente nas suas deliberações. O 'extraordinário' é convocado "quando é motivado pelas necessidades particulares da Igreja ou pela gravidade do objeto a ser discutido". Um consistório é público quando pessoas fora do Colégio dos Cardeais podem ser convidadas. Por fim, um consistório é chamado de 'semi-público' quando, além dos cardeais, estão incluídos alguns bispos.
Omnes, espanhol