Quinta-feira 25 de Agosto de 2022
1 – Quando a especulação sobre o Papa distrai do essencial
2 – Poderia o santo arménio Nerses IV ser “Patrono da Unidade entre as Igrejas”?
3 – Diplomacia do Vaticano: o “protocolo Gallagher” deve ser questionado?
1Quando a especulação sobre o Papa distrai do essencial
O vaticanista John Allen comenta ironicamente o frenesi dos rumores em torno da agenda do Papa nos próximos dias: o consistório, a visita a Áquila e a convocação de cardeais de todo o mundo para uma reunião num novo formato sobre a nova Constituição Apostólica estão a gerar excitação jornalística digna de uma final de Copa do Mundo, com toda a especulação sobre uma possível renúncia papal. Mas o vaticanista americano observa que toda esta excitação está a distrair das questões reais que afetam o futuro da humanidade e do cristianismo, nomeadamente a guerra na Ucrânia, uma batalha analisada em termos bíblicos pelo bispo Borys Gudziak, da diáspora greco-católica ucraniana nos Estados Unidos, que visita Roma esta semana. Outra questão crucial é a perseguição dos cristãos na Nigéria, onde os sequestros de padres e freiras estão a aumentar, e os ataques contra a Igreja na Nicarágua. Estas situações são um lembrete de que, além dos rumores sobre o Papa, para as pessoas que estão literalmente a enfrentar a vida e a morte, uma atenção excessiva a essas questões pode ser problemática.
Crux, inglês
2Poderia o santo arménio Nerses IV ser “Patrono da Unidade entre as Igrejas”?
Os bispos católicos da Igreja Patriarcal da Cilícia dos Arménios pedem ao Papa Francisco que proclame o santo arménio do século XII Nerses Shnorhali (1102-1173) “Patrono da Unidade entre as Igrejas”. Por ocasião do 850º aniversário da sua morte, pedem ao pontífice que celebre uma solene liturgia pontifícia em sua honra na Basílica de São Pedro, relata a agência Fides. Este santo do século XII, que se tornou católico arménio sob o nome de Nerses IV, e apelidado de Shnorhali – “o gracioso” – trabalhou para a plena restauração da unidade sacramental e doutrinal entre a Igreja de Roma, a Igreja arménia e a Igreja de Constantinopla, depois do Grande Cisma. Suas perspectivas, explica a agência missionária do Vaticano, “tiveram o objetivo de reabrir o caminho para a plena comunhão sacramental e doutrinal entre os cristãos do Oriente e do Ocidente”. São Nerses aconselhou “eliminar o principal obstáculo, ou seja, o ódio”, e depois negociar “ao nível da igualdade e não ao nível da superioridade ou domínio”, com “raciocínio calmo, baseado na autoridade da Escritura e dos Santos Padres”.
Fides, italiano
3Diplomacia do Vaticano: o “protocolo Gallagher” deve ser questionado?
A intensa perseguição de Daniel Ortega à Igreja põe em causa o “Protocolo Gallagher” do Vaticano. Esta é a tese deste artigo do National Catholic Register. O jornal americano vê isso palavras do secretário da Santa Sé para as relações com os Estados – “ministro do Exterior” – em Junho de 2021: “Pode-se dizer muitas, digamos, palavras apropriadas que seriam apreciadas pela imprensa internacional […] mas eu ainda não estou convencido […] de que faria qualquer diferença”. Em outras palavras, explica o jornal, “os católicos perseguidos por regimes indiferentes ao protesto diplomático não devem esperar apoio retórico por parte do Vaticano”. Quanto mais feroz for a repressão, menos o Vaticano diz. Critica a falta de reação do Papa Francisco e dos seus diplomatas sobre as perseguições na Nicarágua, China, etc. E observa, contudo, que fora do Vaticano este protocolo não é respeitado, o que provavelmente levantará questões no futuro.
National Catholic Register, inglês