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Papa Francisco sobre a liturgia: alegre sim, mas festa mundana não

Papa Francisco celebra a liturgia com novos cardeais

ANDREAS SOLARO | AFP

Francisco Vêneto - publicado em 02/09/22

Ele começou o mês de setembro recebendo uma associação italiana de professores de liturgia

A liturgia deve ser alegre, mas não como uma festa mundana, afirmou o Papa Francisco neste 1º de setembro, durante audiência com os membro de uma associação italiana de professores de liturgia.

Francisco afirmou:

“A liturgia é alegre, com a alegria do Espírito, não de uma festa mundana; com a alegria do Espírito. É por isso que não se entende, por exemplo, uma teologia fúnebre: não funciona. É alegre, porque canta o louvor ao Senhor”.

E completou:

“A liturgia é obra de Cristo e da Igreja, e, como tal, é um organismo vivo, como uma planta que não pode ser negligenciada ou maltratada. Não é um monumento de mármore ou de bronze; não é uma coisa de museu. A liturgia está viva como uma planta e deve ser cultivada com cuidado”.

Neste sentido, o Papa destacou a importância de “manter-se à escuta das comunidades cristãs”, porque “o Povo de Deus, do qual fazemos parte, precisa sempre ser formado, crescer, mas possui em si mesmo esse senso de fé, o ‘sensus fidei‘, que o ajuda a discernir o que vem de Deus e que realmente o leva a Ele, inclusive na esfera litúrgica”.

Francisco pediu harmonia entre a dimensão acadêmica e a dimensão pastoral, com foco em “uma visão elevada da liturgia”, mas que “não se reduza a examinar detalhes de rubrica”.

“Uma liturgia que não seja mundana, mas que faça elevar os olhos para o céu, para sentir que o mundo e a vida são habitados pelo Mistério de Cristo; e, ao mesmo tempo, uma liturgia ‘com os pés no chão’, ‘propter homines‘, não distante da vida, não com aquela exclusividade mundana (…) Portanto, as duas coisas juntas: voltar o olhar para o Senhor sem dar as costas para o mundo”.

Recordando a sua carta apostólica “Desiderio desideravi“, sobre a formação litúrgica, o Papa reforçou a necessidade de “canais adequados para um estudo da liturgia que ultrapasse o âmbito acadêmico e chegue ao povo de Deus”:

“O progresso na compreensão e também na celebração litúrgica deve estar sempre arraigado na tradição, que sempre leva a pessoa adiante naquele sentido que o Senhor quer. Há um espírito que não é o da verdadeira tradição: o espírito mundano do retrocesso, agora na moda: pensar que voltar às raízes significa caminhar para trás”.

Desta perspectiva, o Papa criticou o que chamou de “restauracionismo mundano disfarçado de liturgia e teologia”, denominando esse movimento de “indietrismo“: o neologismo vem do advérbio italiano “indietro“, que significa “para trás”.

Em contraposição a essa tendência, Francisco pediu que o estudo da liturgia “seja imbuído de oração e experiência viva da Igreja que celebra, de modo que a liturgia ‘pensada’ possa fluir sempre, como de uma linfa vital, da liturgia vivida”.

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