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“Contemplação e sacerdócio” na segunda edição

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Luis Angel Espinosa LC | Cathopic

Vanderlei de Lima - publicado em 04/09/22

Um padre que não cultive a vida interior à luz da beleza, da grandeza e da profundidade do seu ministério, cedo ou tarde, acabará, infelizmente, sucumbindo pelas razões mais diversas

A Editora Molokai lançou, em 2020, Contemplação e sacerdócio que, escrita por Dom Jean-Paul Galichet, monge cartuxo francês, esgotou-se em um ano. Surge, agora, em 2022, a sua segunda edição revista.

Como seu tradutor e autor de um vocabulário filosófico-teológico, nas últimas páginas da obra, posso garantir que ela é uma preciosidade espiritual e teológica. Todo sacerdote ou seminarista do curso de Teologia deveria lê-la, meditá-la e divulgá-la entre os seus irmãos. Afinal, um padre que não cultive a vida interior à luz da beleza, da grandeza e da profundidade do seu ministério, cedo ou tarde, acabará, infelizmente, sucumbindo pelas razões mais diversas. Eis, pois, o motivo da insistência para com a necessidade de se voltar firmemente a esse rico manancial tão apreciado no meio clerical. O Papa São Paulo VI, por exemplo, chegou a citá-lo, em 18/11/1966, no Discurso aos superiores maiores das Ordens Religiosas da Itália.

Logo nas primeiras páginas, o autor demarca o tema do seu livro com estas sábias palavras: “Contemplar corresponde a todo cristão; a contemplação é específica para alguns, um estado de vida. O sacerdócio é, por sua permanência, um estado; comporta, eclesialmente, certas funções; requer, pessoalmente, certas disposições. A relação entre a contemplação e o sacerdócio vem da união entre Cristo e o Seu corpo, que é a Igreja (1 Coríntios 12,27). A questão levantada por essa relação interessa a todos os cristãos diversamente, mas universalmente, uma vez que é vital. E como essa questão diz respeito à vida, pode ser considerada sob diferentes incidências. Nas páginas que seguem, colocar-se-á uma desde o ponto de vista da espiritualidade, a da incidência na vida espiritual encontrando-se, em contrapartida, radicalmente implicada a teologia dogmática” (p. 29).

Depois de propor questões sobre a harmonia entre vida monástica e sacerdócio ministerial, Galichet conclui: “Este é o tema das reflexões que se seguem. Estas reflexões não serão, talvez, indiferentes nem aos sacerdotes que não são monges, se com elas chegam a descobrir as harmonias contemplativas contidas em todo sacerdócio; e muito menos serão indiferentes aos monges que não são sacerdotes, inclusive às monjas, se estas reflexões demonstram a existência de um vínculo orgânico entre a vida contemplativa e o sacrifício eucarístico, objeto primário do sacerdócio” (p. 30-31).

A dignidade do sacerdócio ministerial que une o sacerdote humano ao Sacerdote Divino (Cristo) é assim expressa: “O sacerdote deve dar a Cristo, de certa forma, ‘um querer sacrifical humano também’. Do ponto de vista eclesial, o sacerdócio é uma função. Contudo, essa função é de uma característica muito particular; implica, pois, em sua própria natureza uma união pessoal, isto é, de pessoa a Pessoa, com o Verbo Encarnado: união de uma característica única e sem nada análogo” (p. 41). Ainda: “Por fim, observar-se-á que o vínculo do sacerdote com Cristo, sendo pessoal, é radicalmente uma união com o Verbo. Por ela, o sacerdote está incorporado ao mistério do próprio Amor incriado; de modo semelhante, já foi dito, a Virgem Maria, que habita na Trindade porque é Mãe de Deus. É um objeto de contemplação inesgotável” (p. 53).

Isso posto, o autor passa a considerar a relação entre o sacerdócio ministerial e a consagração monástica para defender a sua plena conformidade: “Na consagração total do monge a Deus, há uma vocação para a mediação. Ele já está, como tal, investido de uma função pública de adorador e de intercessor; mas, pelo sacerdócio, essa vocação mediadora encontra um complemento superior, uma espécie de investidura por Cristo Sacerdote. Entre a consagração monástica e o sacerdócio há portanto, simultaneamente, um complemento transcendente e, ao mesmo tempo, harmonia, continuidade” (p. 72-73). Eis parte do conteúdo de Contemplação e sacerdócio enriquecido com “Notas suplementares do Magistério da Igreja e dos Estatutos Cartusianos atuais” (subtítulo), quatro Apêndices e os Prefácios de Dom Luiz Fechio, Bispo de Amparo, e de Dom Orani Tempesta, O. Cist., arcebispo de São Sebastião do Rio de Janeiro.

Parabéns à Editora Molokai por tão oportuna obra!

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