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Direto do Vaticano: Papa Francisco apoia reconstrução na Síria

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Papa Francisco

Antoine Mekary | ALETEIA

I. Media - publicado em 05/09/22

Seu Boletim Direto do Vaticano de 5 de setembro de 2022
  1. “Que o deserto volte a florescer!” O Papa apoia iniciativa humanitária na Síria
  2. A Santa Sé conclui a mediação de um conflito entre um bispo e freiras na Argentina
  3. O Papa Francisco recebe o novo embaixador do Paraguai
  4. Homilia do Papa na beatificação de João Paulo I

1“Que o deserto volte a florescer” O Papa apoia iniciativa humanitária na Síria

Por Camille Dalmas – Que os doentes sejam curados, que os doentes tenham esperança, que o deserto volte a florescer. Esse foi o desejo expresso pelo Papa Francisco aos membros da iniciativa “Open Hospitals” na Síria, apoiada pela associação AVSI, que ele recebeu no sábado 3 de Setembro no Vaticano. Agradeceu aos apoiadores deste empreendimento humanitário nascido “da criatividade do amor”.

Este projeto visa apoiar três hospitais e quatro centros de cuidados ambulatoriais. É patrocinado pelo Dicastério para o Serviço de Desenvolvimento Humano Integral e financiado por várias instituições eclesiásticas, incluindo a Fundação Papal, por conferências episcopais e pelos governos húngaro e italiano.

14 milhões de pessoas deslocadas internamente

Na presença do Cardeal Mario Zenari, Núncio Apostólico na Síria nos últimos 14 anos, o Papa deplorou “o número desconhecido de mortos e feridos, […] a destruição de bairros e aldeias inteiras, bem como das principais infra-estruturas, incluindo hospitais”. Comparando a situação de “cerca de 14 milhões de pessoas deslocadas internamente e refugiados” com o episódio bíblico da fuga do Egito, chamou ao conflito sírio “uma das crises mais graves do mundo”.

“Face a este imenso sofrimento, a Igreja é chamada a ser um ‘hospital de campanha’, para curar tanto as feridas espirituais como as físicas”, assegurou o chefe da Igreja Católica. Ele prestou homenagem à iniciativa, considerando que os frutos colhidos eram “duplos” porque estes hospitais vieram para “curar os corpos e reparar o tecido social”. Finalmente, Francisco insistiu na importância de “promover este mosaico de coexistência exemplar entre os diferentes grupos étnicos e religiosos que caracteriza a Síria”.

2A Santa Sé conclui a mediação de um conflito entre um bispo e freiras na Argentina

Por Camille Dalmas – Num comunicado de imprensa publicado no sábado 3 de Setembro, o Cardeal João Braz De Aviz saudou o sucesso da mediação empreendida pela Santa Sé na arquidiocese de Santa na Argentina entre o mosteiro das Carmelitas Descalças de San Bernardo (Argentina) e o seu arcebispo, D. Mario Antonio Cargnello. O pontífice tinha enviado um delegado, Javier Belda Iniesta, para “restabelecer o diálogo fraterno” entre as duas partes que tinham entrado em conflito aberto por causa de uma revelação mariana não reconhecida pela Igreja.

Foi assinado um acordo entre a superiora da comunidade carmelita, o bispo e o dicastério dos Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica, do qual o Cardeal Braz de Aviz é prefeito. O acordo designa o canonista Javier Belda Iniesta como fiador das decisões adotadas por ambas as partes. Ele será responsável pela supervisão da sua implementação até 1 de Abril de 2023.

Um conflito que já dura quase 20 anos

O conflito em questão durava há quase vinte anos na diocese de Salta: em 2003, o bispo tinha proibido as freiras de clausura de manter a sua devoção à Virgem del Cerro, uma revelação privada não aprovada pela Igreja Católica. Ele tinha avisado do risco de cisma, sem sucesso.

A Virgem del Cerro, também conhecida como a “Imaculada Mãe do Divino Coração Eucarístico de Cristo”, teria aparecido a Maria Livia Galliano de Obeid na diocese. As religiosas do mosteiro têm tido uma relação estreita com esta mística desde meados dos anos 90, sendo proprietárias da terra onde se diz terem tido lugar as aparições.

Para o bispo, que considera que a suposta vidente conseguiu um verdadeiro domínio sobre toda a comunidade, tal associação compromete o carisma das Carmelitas. Ele tomou várias medidas para pôr fim a esta devoção. O conflito tinha aumentado recentemente quando os Carmelitas acusaram publicamente o seu bispo de “violência de gênero”, levando a uma investigação por parte do Vaticano.

Com o acordo, o coração da disputa não foi completamente resolvido, segundo o jornal argentino La Nacion, o que explica que o Vaticano compreendeu que não podia “imediatamente” cortar a ligação das carmelitas com a “Virgen del Cerro” na raiz. O acordo prevê de fato um “projeto formativo” sobre espiritualidade monástica para as religiosas e reconhece o direito de cada carmelita de “praticar as devoções particulares que deseja” desde que isto não contradiga a Constituição da sua ordem.

Uma ligação com o caso Zanchetta

O canonista espanhol Javier Belda Iniesta, escolhido pela Santa Sé como moderador, esteve envolvido num outro caso importante na Argentina, o de Gustavo Zanchetta. Foi o advogado do antigo bispo de Oran durante o seu julgamento eclesiástico, um procedimento que foi concluído, mas cujo resultado nunca foi revelado.

Por outro lado, o Bispo Zanchetta foi condenado em 4 de Março a quatro anos e meio de prisão pelo sistema judicial argentino por abuso sexual de dois antigos seminaristas. No entanto, não foi removido ao estado laico pelo pontífice.

O bispo foi uma das primeiras nomeações de Francisco após a sua eleição em 2013. Em 2017, aos 53 anos de idade, deixou abruptamente a sua diocese, alegando que precisava de tratamento médico na Espanha. Pouco depois, foi nomeado pelo Pontífice para um posto na Administração Pontifícia da Sé Apostólica (APSA), onde trabalhou até 2019, tendo sido afastado do seu posto apenas um ano após ter sido apresentada uma queixa de abuso contra ele na Argentina.

Em Junho passado, Javier Belda Iniesta tinha sido enviado pelo Papa Francisco para investigar os padres da diocese de Oran. Disse que o caso não estava relacionado com o do Bispo Zanchetta.

3O Papa Francisco recebe o novo embaixador do Paraguai

Por Camille Dalmas – No sábado 3 de Setembro, o Papa Francisco recebeu em audiência no Vaticano Maria Leticia Casati Caballero, embaixadora na Santa Sé do Paraguai, que lhe apresentou as suas credenciais, anunciou o Gabinete de Imprensa da Santa Sé. A diplomata segue os passos do seu pai, Luis Angel Casati, que foi o primeiro embaixador paraguaio na Santa Sé após a transição democrática do país latino-americano nos anos 90.

Nascida em 1967, a nova embaixadora é casada e tem três filhos. Depois de estudar Direito na capital Assunção, continuou a sua educação com estudos em relações internacionais na Itália nos anos 90, quando o seu pai representou o seu país em Roma. Ela tem boas recordações dos encontros que teve com o seu pai e o Papa João Paulo II. Mais recentemente, obteve uma licenciatura em Gestão e Salvaguarda do Património Cultural Imaterial em 2018 na Argentina.

Um Mestrado em Direitos Humanos e Sistemas de Proteção na Espanha

Em 2021, obteve o Mestrado em Direitos Humanos e Sistemas de Proteção na Espanha e depois defendeu com sucesso uma tese sobre a “Política Externa Multilateral de Pequenos Estados” na Academia Diplomática e Consular do Paraguai, o que lhe permitiu candidatar-se ao cargo de embaixadora do seu país.

No início da sua carreira, Maria Leticia Casati Caballero trabalhou durante muito tempo como funcionária da Presidência da República encarregada do protocolo entre 1989 e 1996, tendo servido sob quatro presidentes. Foi também nomeada Vice-Directora de Cooperação Internacional no Ministério dos Negócios Estrangeiros, cargo que ocupou entre 1994 e 1996.

De 1996 a 1999, Maria Leticia Casati Caballero tornou-se Segunda Secretária da representação do seu país junto às Nações Unidas em Genebra. Foi depois Primeira Secretária na Embaixada nos Estados Unidos da América entre 1999 e 2004. No seu regresso ao seu país, tornou-se chefe da seção Europa no Ministério dos Negócios Estrangeiros até 2010, antes de lhe ser confiada a seção consular no México até 2014.

De 2015 a 2019, a diplomata foi encarregada de negócios da Delegação Permanente do Paraguai junto à UNESCO em Paris. Depois disso, tornou-se coordenadora técnica da Aliança de Mulheres Chefes de Estado e Representantes como conselheira da Primeira-Dama do Paraguai, Silvana López Moreira, esposa do Presidente Mario Abdo Benítez, até 2022.

Ecologia e paz

Alguns meses antes de apresentar as suas credenciais, a nova embaixadora disse querer reforçar os laços do seu país com a Santa Sé e o pontífice, especialmente com a criação do primeiro cardeal paraguaio na história, Adalberto Martínez Flores, a 27 de Agosto. Disse também que queria trabalhar com a Santa Sé em questões relacionadas com a ecologia – incluindo a questão da água – a defesa das culturas e línguas e a paz mundial.


4Homilia do Papa na beatificação de João Paulo I

Eis a íntegra da homilia do Papa Francisco na missa de beatificação de João Paulo I, celebrada nesse domingo na Praça de São Pedro:

Jesus vai a caminho de Jerusalém e, como diz o Evangelho de hoje, «seguiam com Ele grandes multidões» (Lc 14, 25). Caminhar com Ele significa segui-Lo, isto é, tornar-se discípulo. E, contudo, a estas pessoas o Senhor faz um discurso pouco atraente e muito exigente: não pode ser seu discípulo quem não O ama mais do que aos seus entes queridos, quem não carrega a sua cruz, quem não renuncia aos bens terrenos (cf. 14, 26-27.33). Porque é que Jesus dirige tais palavras à multidão? Qual é o significado das suas advertências? Tentemos responder a estas questões.

Em primeiro lugar, vemos muitas pessoas, uma multidão numerosa que segue Jesus. Podemos imaginar que muitos ficaram fascinados pelas suas palavras e maravilhados com os gestos que realizava; e, por isso, terão visto n’Ele uma esperança para o próprio futuro. Que teria feito qualquer outro mestre de então, ou – podemos ainda interrogar-nos – que faria um líder astuto ao ver que as suas palavras e o seu carisma atraíam as multidões e faziam crescer o consenso no seio delas? Como sucede hoje, especialmente nos momentos de crise pessoal e social em que estamos mais expostos a sentimentos de ira ou temos medo de qualquer coisa que ameaça o nosso futuro, ficamos mais vulneráveis e assim, na onda da emoção, confiamo-nos a quem com sagácia e astúcia sabe cavalgar esta situação, aproveitando-se dos temores da sociedade e prometendo ser o «salvador» que resolverá os problemas, quando, na realidade, o que deseja é aumentar a sua popularidade e o próprio poder, a sua própria imagem, a própria capacidade de controlar as coisas.

O Evangelho diz-nos que Jesus não procede assim. O estilo de Deus é diferente. É importante compreender o estilo de Deus, compreender como age Deus. Deus age segundo um estilo, e o estilo de Deus é diverso do estilo de tais pessoas, porque Ele não instrumentaliza as nossas necessidades, nunca Se aproveita das nossas fraquezas para se engrandecer a Si mesmo. A Ele, que não nos quer seduzir com o engano nem quer distribuir alegrias fáceis, não interessam as multidões oceânicas. Não tem a paixão dos números, não busca consensos, nem é um idólatra do sucesso pessoal. Pelo contrário, parece preocupar-Se quando as pessoas O seguem com euforia e fáceis entusiasmos. Assim, em vez de Se deixar atrair pelo fascínio da popularidade – porque a popularidade fascina –, pede a cada um para discernir cuidadosamente os motivos por que O segue e as consequências que isso acarreta. De facto, naquela multidão havia muitos que talvez seguissem Jesus, porque esperavam que Ele fosse um chefe que os libertaria dos inimigos, alguém que conquistaria o poder e o partilharia com eles; ou então alguém que, realizando milagres, resolveria os problemas da fome e das doenças. Com efeito, pode-se seguir o Senhor por várias razões, e algumas destas –admitamo-lo – são mundanas: por trás duma fachada religiosa perfeita pode-se esconder a mera satisfação das próprias necessidades, a busca do prestígio pessoal, o desejo de aceder a um cargo, de ter as coisas sob controle, o desejo de ocupar espaço e obter privilégios, a aspiração de receber reconhecimentos, e muito mais. Ainda hoje sucede isto entre os cristãos. Mas este não é o estilo de Jesus; nem pode ser o estilo do discípulo e da Igreja. Se alguém segue Cristo movido por tais interesses pessoais, enganou-se no caminho.

O Senhor pede um comportamento diferente: segui-Lo não significa entrar na corte, nem participar num cortejo triunfal, nem mesmo garantir-se um seguro de vida. Pelo contrário, significa «tomar a própria cruz» (Lc 14, 27): como Ele, carregar os pesos próprios e os pesos alheios, fazer da vida um dom, não uma posse, gastá-la imitando o amor magnânimo e misericordioso que Ele tem por nós. Trata-se de opções que comprometem a totalidade da existência; por isso, Jesus deseja que o discípulo nada anteponha a este amor, nem sequer os afetos mais queridos ou os bens maiores.

Para o conseguir, porém, é preciso olhar mais para Ele do que para nós próprios, aprender o amor que brota do Crucificado. N’Ele vemos um amor que se dá até ao fim, sem medida nem fronteiras. A medida do amor é amar sem medida. Nós mesmos – dizia o Papa Luciani – «somos objeto, da parte de Deus, dum amor que não se apaga» (Angelus, 10/IX/1978). Não se apaga: nunca se eclipsa da nossa vida, resplandece sobre nós e ilumina até as noites mais escuras. Ora, olhando para o Crucificado, somos chamados às alturas daquele amor: somos chamados a purificar-nos das nossas ideias erradas sobre Deus e dos nossos fechamentos, a amá-Lo a Ele e aos outros, na Igreja e na sociedade, incluindo aqueles que não pensam como nós e até os próprios inimigos.

Amar, ainda que custe a cruz do sacrifício, do silêncio, da incompreensão, da solidão, da contrariedade e da perseguição. Amar assim, inclusive a este preço, porque – dizia o Beato João Paulo I – se queres beijar Jesus crucificado, «não o podes fazer sem te debruçares sobre a cruz e deixar que te fira algum espinho da coroa, que está na cabeça do Senhor» (Audiência Geral, 27/IX/1978). O amor até ao extremo, com todos os seus espinhos: e não as coisas a meio, as acomodações ou a vida tranquila. Se não apontarmos para o alto, se não arriscarmos, se nos contentarmos com uma fé superficial, somos – diz Jesus – como quem deseja construir uma torre, mas não calculou bem os meios para a fazer: «assenta os alicerces» e, depois, «não a pode acabar» (Lc 14, 29). Se, por medo de nos perdermos, renunciamos a dar-nos, deixamos inacabadas as coisas – os relacionamentos, o trabalho, as responsabilidades que nos estão confiadas, os sonhos, e até a fé –, então acabamos por viver a meias. E quantas pessoas vivem a meias! Também nós muitas vezes temos a tentação de viver a meias, sem nunca dar o passo decisivo (isto é viver a meias), sem levantar voo, sem arriscar pelo bem, sem nos empenharmos verdadeiramente pelos outros. Jesus pede-nos isto: vive o Evangelho e viverás a vida, não a meias, mas até ao fundo. Vive o Evangelho, vive a vida, sem cedências.

Irmãos, irmãs, o novo Beato viveu assim: na alegria do Evangelho, sem cedências, amando até ao extremo. Encarnou a pobreza do discípulo, que não é apenas desapegar-se dos bens materiais, mas sobretudo vencer a tentação de me colocar a mi mesmo no centro e procurar a glória própria. Ao contrário, seguindo o exemplo de Jesus, foi pastor manso e humilde. Considerava-se a si mesmo como o pó sobre o qual Deus Se dignara escrever (cf. A. Luciani/João Paulo I, Opera Omnia, Pádua 1988, vol. II, 11). Nesta linha, exclamava: «O Senhor tanto recomendou: sede humildes! Mesmo que tenhais feito grandes coisas, dizei: “somos servos inúteis”» (Audiência Geral, 6/IX/1978).

Com o sorriso, o Papa Luciani conseguiu transmitir a bondade do Senhor. É bela uma Igreja com o rosto alegre, o rosto sereno, o rosto sorridente, uma Igreja que nunca fecha as portas, que não exacerba os corações, que não se lamenta nem guarda ressentimentos, que não é bravia nem impaciente, não se apresenta com modos rudes, nem padece de saudades do passado, caindo no retrogradismo. Rezemos a este nosso pai e irmão e peçamos-lhe que nos obtenha «o sorriso da alma», um sorriso transparente, que não engana: o sorriso da alma. Servindo-nos das suas palavras, peçamos o que ele próprio costumava pedir: «Senhor, aceitai-me como sou, com os meus defeitos, com as minhas faltas, mas fazei que me torne como Vós desejais» (Audiência Geral, 13/IX/1978). Amen.

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