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O que aconteceu com a outra metade do Coliseu?

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Pixabay CC0

Daniel R. Esparza - publicado em 06/09/22

O Anfiteatro Flaviano era, originalmente, duas vezes maior do que é hoje

A construção do Anfiteatro Flaviano (nome oficial do Coliseu, em homenagem à dinastia Flaviana) começou no ano 70, durante o governo do imperador Vespasiano. O exército romano tinha acabado de saquear Jerusalém sob seu comando, e o ouro que os soldados trouxeram foi usado para financiar o novo circo que o imperador pretendia construir.

Alguns historiadores sustentam que os escravos que foram obrigados a trabalhar em sua construção eram judeus.

Mas a construção de quase dois milênios era, quando concluído, quase duas vezes maior do que suas ruínas são hoje: o anfiteatro oval tinha cerca 190 metros de comprimento por 155 de largura e 48 metros de altura, com três séries sobrepostas de 80 arcos.

O que aconteceu com a outra metade das ruínas do Coliseu?

A história do Coliseu (acredita-se que o apelido seja derivado de uma colossal estátua de Nero que o imperador Adriano colocou ao lado do anfiteatro) é longa e complexa.

Para começar, o Coliseu foi usado como circo por quase 500 anos. Lutas de gladiadores, caças de animais, execuções, encenações de batalhas lendárias e até peças baseadas na mitologia clássica ocorreram dentro dele. Mas, uma vez que o anfiteatro deixou de ser utilizado para esses fins, serviu de refúgio, de fábrica, de sede de uma ordem religiosa, de fortaleza e, finalmente, de pedreira. Isso mesmo: rochas foram extraídas das suas ruínas para a construção de outros edifícios.

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Enquanto a arena foi usada como cemitério, as áreas de estar e as arcadas subterrâneas foram transformadas em instalações habitacionais e oficinas no século XII

A evidência histórica mostra que foi o Papa Pio VIII (cujo pontificado durou apenas um ano, de 1829 a 1830) quem começou a conservar as ruínas do Coliseu, ao transformá-lo em um santuário cristão, a fim de homenagear os prisioneiros martirizados no local.

É verdade que, no fim do século VI, já havia sido construída uma pequena capela na estrutura do Coliseu. Entretanto, esta humilde homenagem aos primeiros mártires cristãos não conferiu ao edifício nenhum caráter religioso particularmente importante.

No século XII, enquanto a arena foi usada como cemitério, as áreas de estar e as arcadas subterrâneas funcionaram como instalações habitacionais e oficinas. O grande terremoto de 1349 fez com que o lado sul do Coliseu desmoronasse, fazendo com que ele ficasse muito parecido com o que conhecemos hoje.

Além disso, grande partes das ruínas do Coliseu foram reutilizadas para construir muitos outros edifícios em outros lugares da cidade.

Uma ordem religiosa, a Arciconfraternita del SS. Salvatore ad Sancta Sanctorum, mudou-se para o terço norte do Coliseu após o terremoto e continuou a usá-lo até o século XIX. Mas isso não impediu que o restante do prédio fosse saqueado e usado livremente como pedreira.

Papas e outras autoridades eclesiásticas tentaram dar ao edifício diferentes usos que ajudariam a preservá-lo, desde a construção de fábricas de lã para dar emprego às prostitutas de Roma até usá-lo como arena de touradas.

Alguns historiadores afirmam que foi o Papa Bento XIV, em 1749, quem viu o Coliseu como um local sagrado, proibiu seu uso como pedreira e consagrou o edifício, declarando-o santificado pelo sangue dos mártires. No entanto, não há nenhuma evidência histórica para apoiar esta afirmação.

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