Dom Domenico reforçou que o fenômeno não deve ser tratado como um "oráculo" de desgraças
O popular milagre da liquefação do sangue de São Januário já ocorreu duas vezes este ano, das três em que é esperado: o primeiro domingo de maio, a festa litúrgica do santo (19 de setembro) e, ainda por vir, o dia 16 de dezembro, data que recorda o milagre de 1631, quando, pela intercessão de São Januário, evitou-se uma tragédia após a erupção do vulcão Vesúvio.
Neste último dia 19, a confirmação do milagre foi anunciada às 9h27, pelo horário italiano.
O sangue de São Januário é custodiado em estado sólido num relicário da catedral de Nápoles. O fenômeno da sua liquefação tem sido registrado desde nada menos que o ano de 1389, quando foi testemunhado pela primeira vez. Desde então, nunca se chegou a nenhuma explicação científica sobre o caso.
O milagre não é reconhecido oficialmente pela Igreja, mas é extremamente popular e aguardado localmente. Quando acontece, os fiéis o consideram bom sinal para Nápoles e para a região da Campânia.
Já quando não ocorre, é interpretado popularmente como sinal de que algo ruim está para acontecer. De fato, para mencionar alguns exemplos, o sangue do santo não se liquefez em alguma das três datas de anos difíceis como:
- 1939: a Alemanha deu início à Segunda Guerra Mundial, invadindo a Polônia.
- 1973: Nápoles foi atingida por uma epidemia de cólera.
- 1980: ocorreu o grande terremoto em Irpinia.
Um alerta do arcebispo
É justamente sobre os supostos “maus presságios” da não-liquefação que o arcebispo de Nápoles fez um alerta neste dia 19.
Dom Domenico Battaglia reforçou, na sua homilia, que não se deve tratar supersticiosamente o fenômeno, nem ver nele uma espécie de “oráculo”. O arcebispo declarou:
“Pouco importa, meus irmãos, se o sangue se liquefaz ou não: nunca reduzimos esta celebração a um oráculo a ser consultado. Acredite: o que de fato importa para nosso Senhor, o que o nosso bispo e mártir Januário nos pede com veemência, é o compromisso diário de investir no amor, de dissolver os caroços do egoísmo, de romper as barragens sólidas que impedem o bem, deixando passar a linfa do amor, como o sangue que corre pelas veias do corpo desta cidade, até o último capilar, levando a todos esperança, confiança, possibilidade de redenção e novidade de vida”.