Aproximam-se as eleições de 2022, em que iremos participar do processo de escolha de grande parte dos nossos representantes, abrangendo parlamentares e governantes no âmbito estadual e federal.
Neste momento, uma importante questão que a Igreja sempre ensinou se coloca: a necessidade de rezarmos pelas autoridades, pelos governantes que serão eleitos, e que terão a responsabilidade de exercer funções legislativas e executivas pelos próximos quatro anos. Lembramos aqui de diversos momentos de intercessão pelas autoridades nas Sagradas Escrituras, como quando Moisés intercedeu por Josué e este foi capaz de vencer os amalecitas (cf. Êxodo 17,8-16) ou quando a rainha Ester, após um período de oração e jejum de três dias e três noites feito por todos os israelitas, foi capaz de mover o coração do Rei da Pérsia, salvando o seu povo da morte certa (cf. Ester 4,16 – 9,19).
Mas, afinal, o que é intercessão e por que rezamos uns pelos outros? De acordo com o Catecismo da Igreja Católica (CIC), “interceder, pedir em favor de outro, desde Abraão, é próprio de um coração que está em consonância com a misericórdia de Deus”, e que “não procura seus próprios interesses, mas pensa sobretudo nos dos outros” (CIC, 2635). Não se trata, portanto, de algo simbólico, de um mero costume ou apenas de uma obrigação, mas nos remete ao Mistério de que Deus governa a História para além da liberdade e ação humanas. A prática da intercessão nos ajuda a lembrar que “n’Ele vivemos, nos movemos e somos”, e que, por ela podemos centrar nossa vida em Deus mais do que em nossas forças, e assim vivermos uma vida voltada para os outros, mais do que para nós mesmos, isto é, centrada na Caridade.
Quando deixamos de rezar de forma séria e sincera por aqueles que nos governam, corremos o risco de deixar de acreditar que Deus tem o poder de mover o coração do ser humano na direção do Bem e da Verdade, particularmente no campo da política, e por causa disso, muitas vezes, somos tomados pela desesperança e pelo medo, dificultando a nossa capacidade de avaliar a realidade de forma objetiva e comprometendo o próprio exercício do voto, que, apesar de ser uma manifestação da liberdade e da consciência de cada um, também supõe a ação da Graça Divina e a confiança em um Amor maior que é capaz de fazer novas todas as coisas (cf. Ap 21,5).
Dessa forma, nestes tempos de polarização política, em que as paixões têm sobressaído ao exercício da reta razão, é imperativo assumirmos o compromisso de verdadeiramente rezarmos pelo processo eleitoral, pelos candidatos, e, sobretudo, por aqueles que serão eleitos, com ou sem o nosso voto.
Enfim, podemos dizer que rezar pelos governantes é um verdadeiro “dever cívico-espiritual” que temos, em prol de que a Vontade de Deus se realize na esfera temporal, a favor do Bem Comum, especialmente dos mais necessitados.
Rezemos, portanto, como nos ensina São Paulo, por “todos os que detêm a autoridade, a fim de que levemos uma vida calma e serena, com toda piedade e dignidade” (1Tm 2,2).
(Via O São Paulo)