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Nicarágua: ditadura expulsa mais uma congregação de freiras

Daniel Ortega, ditador da Nicarágua

AFP PHOTO / NICARAGUAN PRESIDENCY / CESAR PEREZ

Francisco Vêneto - publicado em 26/09/22

Qual seria a ameaça representada por religiosas contemplativas em adoração constante ao Santíssimo Sacramento?

A ditadura da Nicarágua expulsou mais uma congregação de freiras nos últimos dias. Após a saída forçada das Missionárias da Caridade da Santa Madre Teresa de Calcutá, que repercutiu mundialmente, as vítimas agora foram as Religiosas da Cruz do Sagrado Coração de Jesus.

Segundo uma fonte ligada à congregação, que pediu anonimato por razões óbvias, as freiras foram expulsas pelo regime do ex-guerrilheiro esquerdista Daniel Ortega após grande “pressão exercida por funcionários públicos” que queriam saber a origem de cada doação que as irmãs recebiam, inclusive as menores. “Assim como as paróquias, elas vivem das ofertas dos nossos fiéis”, completou a fonte. Alegando que elas não comprovaram formalmente a origem dos donativos, as autoridades da Nicarágua não renovaram o visto de residência das irmãs, que têm origem mexicana, o que as obrigou a sair do país.

Vale registrar que as Religiosas da Cruz do Sagrado Coração de Jesus trabalhavam na diocese de Matagalpa, a mesma cujo bispo, dom Rolando Álvarez, está em prisão domiciliar irregular há mais de um mês e sofre problemas de saúde que vêm se agravando.

As freiras chegaram ao México na última terça-feira, 20. Na quinta, 22, a congregação divulgou nota via rede social informando que a comunidade de Matagalpa foi fechada devido ao “vencimento dos vistos de residência das irmãs”, sem detalhar as causas da não-renovação do visto para evitar represálias a outras congregações ainda presentes na Nicarágua.

As religiosas acrescentaram que não seria possível manter a comunidade aberta só com freiras nicaraguenses por causa do baixo número de vocações: a presença das estrangeiras era necessária para a viabilidade do convento e, em especial, para permitir a adoração eucarística permanente que as freiras faziam ao Santíssimo Sacramento.

“Agradecemos ao Senhor por tudo o que a Igreja peregrina em Matagalpa nos deu por meio do amor e do cuidado dos bispos, padres e fiéis leigos que nos acolheram com muito carinho”, afirmaram, direcionando a gratidão principalmente a Deus “pelo bem que nos permitiu fazer por aquela Igreja local e país mediante a vivência da nossa vocação contemplativa de oração constante diante do Santíssimo Sacramento, pedindo a salvação de toda a humanidade e a santificação dos sacerdotes”.

Oferecendo “oração e sacrifício” pela Igreja que está presente na Nicarágua e que sofre uma escalada de perseguição religiosa, a superiora geral, madre Teresa Morán Chávez, assina e finaliza o comunicado das Religiosas da Cruz do Sagrado Coração de Jesus.

É o caso de perguntar: qual seria a grande ameaça representada para o regime ditatorial de Daniel Ortega por um minúsculo grupo de religiosas contemplativas que sobreviviam de exíguos donativos e dedicavam a vida à constante adoração ao Santíssimo Sacramento?

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