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Brasil: representantes de Igrejas Ortodoxas contestam o candidato Padre Kelmon

Padre Kelmon

Padre Kelmon | Facebook

Francisco Vêneto - publicado em 27/09/22

A tradição ortodoxa é composta por diversas Igrejas autônomas diferentes

A Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia do Brasil emitiu uma nota sobre o Padre Kelmon Luís da Silva Souza, candidato à presidência da República, que se apresentou, durante o último debate presidencial, transmitido pelo SBT, como “padre católico ortodoxo”.

Cabe registrar que, tanto entre os cristãos em geral quanto para o público laico, é comum um grau maior ou menor de confusão entre conceitos como “ortodoxo” e “católico de rito oriental”.

Igrejas ortodoxas

Por isso, é fundamental recordar que a tradição ortodoxa é composta por diversas Igrejas autônomas diferentes, separadas há séculos da Igreja Católica Apostólica Romana, como é o caso, por exemplo, da Igreja Ortodoxa Russa, liderada pelo Patriarca de Moscou e estruturada em diversas outras unidades canônicas autogovernadas, assim como da Igreja Ortodoxa Grega, que, de modo semelhante, é ela própria formada por várias igrejas autocéfalas, como os patriarcados de Constantinopla, Alexandria, Antioquia e Jerusalém.

Igrejas católicas de tradição oriental

Há também as Igrejas católicas de tradição oriental, que costumam ser confundidas com as tradições ortodoxas devido a características litúrgicas, mas que, no entanto, estão em plena comunhão com a Igreja Católica Apostólica Romana.

É o caso, por exemplo, de igrejas de tradição litúrgica bizantina, como a Greco-Católica Melquita ou a Greco-Católica Ucraniana, entre várias outras; ou de igrejas das tradições litúrgicas alexandrina, armênia, maronita, antioquena e caldeia.

De fato, a Igreja Católica não se limita ao rito romano: ela é uma grande comunhão de 24 Igrejas, sendo uma ocidental e 23 orientais. Saiba mais sobre essa extraordinária riqueza litúrgica, espiritual e histórica da Igreja Católica acessando o seguinte artigo:

Diante deste panorama de grande diversidade, seria necessário identificar especificamente a qual tradição o candidato Padre Kelmon estaria formalmente vinculado.

Como padre, o seu ministério não tem vínculo com a Igreja Católica Apostólica Romana.

Manifestações de representantes ortodoxos

No tocante a Igrejas ortodoxas, algumas das que estão presentes no território brasileiro também se manifestaram informando não terem relação com o candidato.

O portal Farol da Bahia, estado de origem de Kelmon, publicou declarações do diácono Genê, “representante da Catedral Ortodoxa Antioquina de São Paulo e de todo o Brasil”: segundo a matéria, o diácono declarou que Kelmon “nunca pertenceu a uma igreja ‘de verdade’, canônica”.

Em dias recentes, veio a público também a nota da Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia do Brasil, assinada pelo seu arcebispo Tito Paulo George Hanna e divulgada por vários meios de comunicação, incluindo veículos católicos apostólicos romanos de referência nacional, como é o caso do portal O São Paulo, da arquidiocese paulistana. Diz a nota em questão:

“Chegou ao nosso conhecimento que muitos cidadãos têm questionado membros da nossa igreja a respeito de um candidato à Presidência da República pelo PTB que se autoapresenta como Padre Kelmon, utilizando insígnias de nossa tradição, sobre a veracidade de seu vínculo à nossa Igreja (…)

Esclarecemos que, em pleno respeito, mas também gozando da mesma liberdade de pensamento, consciência e religião prevista no 18º artigo da Declaração dos Direitos Humanos e no artigo 5º da Constituição Federal do Brasil, o referido candidato não é membro de nossa Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia do Brasil em nenhuma de suas paróquias, comunidades, missões ou obras sociais”.

Manifestações do Padre Kelmon e de sua campanha

Ainda segundo o site Farol da Bahia, Kelmon havia divulgado nas suas redes sociais algumas fotos do que tinha descrito como o dia da sua ordenação “na capela dedicada à Theotokos na chácara pertencente aos Melkitas”. De acordo com a matéria, o próprio Kelmon teria dito que a ordenação ocorreu em São Paulo em 2015.

No entanto, uma reportagem da Gazeta do Povo publicada neste dia 26 registrou novas afirmações da campanha de Padre Kelmon, segundo as quais ele faz parte da Igreja Siro Ortodoxa Malankar, “uma denominação à parte que tem o religioso como sacerdote. Na última semana, a arquidiocese da ordem emitiu uma nota à de Antioquia esclarecendo a situação e pedindo que se junte à campanha do candidato do PTB”.

A matéria também informa que, segundo a campanha do candidato, “existem vários patriarcados ortodoxos que são independentes e autocéfalos, ou seja, com domínio próprio e autorregulamentados”. Portanto, prossegue a equipe de campanha, “a afirmação da Igreja Sirian Ortodoxa de Antioquia não faz sentido. Para Padre Kelmon, o que precisa haver entre as igrejas é mais respeito umas com as outras”.

Por ocasião do lançamento da candidatura, o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) havia descrito Kelmon, genericamente, como “padre ortodoxo cristão e conservador”, acrescentando que ele faz parte da liderança do Movimento Cristão Conservador do PTB e do Movimento Cristão Conservador Latino-Americano.

A foto do candidato para a urna eletrônica o mostra vestindo uma bata preta e carregando um crucifixo.

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