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O que a Igreja Católica diz sobre o medo de ir para o inferno?

medo de ir para o inferno

Paul shuang | Shutterstock

Francisco Vêneto - publicado em 30/09/22

A pergunta virou assunto nas redes sociais após ser dirigida pela candidata Soraya ao candidato Padre Kelmon durante debate com os aspirantes à Presidência do Brasil

O que a Igreja Católica diz sobre o medo de ir para o inferno?

Esta pergunta, repentinamente, virou assunto nas redes sociais do Brasil ao longo das últimas horas porque foi direcionada pela candidata Soraya Thronicke ao candidato Padre Kelmon durante debate com os aspirantes à Presidência da República na noite desta quinta-feira, 29 de setembro.

Debates eleitorais à parte, há dois elementos a ser abordados nesta questão do ponto de vista da doutrina católica: o que é o inferno e que tipo de medo ele pode inspirar.

O que é o inferno

A respeito do que seja o inferno, o Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, nº 212, registra:

“[O inferno] consiste na condenação eterna daqueles que, por escolha livre, morrem em pecado mortal. A pena principal do inferno é a eterna separação de Deus, o único em quem o homem encontra a vida e a felicidade para que foi criado, e a que aspira. Cristo exprime esta realidade com as palavras: ‘Afastai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno’ (Mateus 25,41)”.

Ou seja, o inferno é a eterna privação de Deus, livremente escolhida por aqueles que rejeitam a Deus com pleno discernimento dessa escolha e com plena liberdade em fazer essa escolha. Como Deus nos criou livres e respeita profundamente a nossa liberdade, Ele também aceita essa escolha de cada um. Portanto, não é Deus quem manda alguém para o inferno: é a própria pessoa quem escolhe o inferno, privando-se de Deus de modo definitivo e irrevogável.

O Antigo Testamento menciona o castigo eterno dos que rejeitam o Deus verdadeiro e, com plena consciência e liberdade, optam por adorar deuses falsos, como se lê em Isaías 66,24. Outras passagens bíblicas, como Judite 16,17, ou o Eclesiástico 7,17;21,9, também falam do castigo eterno. No Novo Testamento, o inferno é citado em parábolas como as do joio e do trigo (cf. Mateus 13,24-30.36-43), da rede de pesca (cf. Mateus 13,47-50), dos convidados à ceia (cf. Lucas 14,16-24), das dez virgens (cf. Mateus 25,1-12; Lucas 13,27-29) e do rico e Lázaro (cf. Lucas 16,19-31). Uma das passagens mais enfáticas sobre o inferno é a de Mateus 25,33-46, que trata do juízo final.

Particularmente significativo é o trecho de Marcos 3,28-29, que afirma que todo pecado é perdoado, menos o pecado contra o Espírito Santo – por consistir, precisamente, na rejeição obstinada à graça de Deus. É contra o Espírito Santo porque é Ele quem continuamente nos inspira e nos convida a converter-nos a Deus.

Vale recordar que Deus é infinitamente misericordioso, mas também infinitamente respeitoso da nossa liberdade. Santo Agostinho, a propósito, muito bem o resumiu nesta célebre frase: “Aquele que te criou sem ti não te salva sem ti” – ainda que seja graças a um lampejo de sincero arrependimento no instante final da vida (mas é mais prudente não esperar para abraçar a Deus só no último segundo).

Medo do inferno

Dito isso, que tipo de medo o inferno pode inspirar num católico?

A revista católica “Pergunte e Responderemos” tratou do assunto em sua edição número 3, de julho de 1957, na páginas 10 a 12. Você pode conferir um trecho acessando esta matéria:

O medo em questão não pode ser medo de Deus, obviamente, já que não é Deus quem condena alguém ao inferno: é a própria pessoa quem se condena ao inferno quando rejeita consciente e livremente a Deus de modo obstinado, privando-se da Sua presença definitivamente.

Logo, o medo sadio a ser levado em consideração é o medo do pecado, já que, ao pecar com plena consciência, pleno consentimento e em matéria grave, nós fazemos uma opção pessoal por nos privar de Deus.

Temer o inferno, portanto, é temer as consequências da nossa própria liberdade mal exercida mediante escolhas que nos apartam de Deus, que é o Puro e Sumo Bem.

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