O Papa também criticou o "lamentável paradoxo da abundância", já denunciado por São João Paulo II há mais de 30 anos
Jogar comida fora é jogar pessoas fora, declarou o Papa Francisco em mensagem a Qu Dongyu, diretor geral da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), por ocasião do Dia Internacional de Conscientização sobre Perdas e Desperdícios de Alimentos, no último dia 29 de setembro.
Francisco enfatizou:
“É hora de responder de forma eficaz e honesta ao grito de dor no coração dos famintos que pedem justiça”
O Papa voltou a denunciar a “cultura do descarte”:
“Saber que multidões de seres humanos não têm acesso a alimentação adequada ou aos meios para obtê-la, e ver alimentos estragados ou jogados no lixo pela falta dos recursos necessários para serem levados até os seus destinatários, é verdadeiramente vergonhoso e preocupante. O grito dos famintos, privados de um modo ou de outro do seu pão diário, deve ressoar nos centros onde são tomadas as decisões. E não pode ser silenciado ou sufocado por outros interesses”.
Francisco mencionou o Relatório sobre o Estado da Segurança Alimentar e Nutricional no Mundo (SOFI 2022), segundo o qual o número de pessoas famintas aumentou significativamente no ano passado em todo o planeta devido às crises múltiplas e simultâneas dos últimos anos.
E destacou:
“Já disse isso no passado e não me cansarei de insistir: jogar comida fora é jogar pessoas fora!”.
O Papa também criticou o “lamentável paradoxo da abundância”, já denunciado por São João Paulo II há mais de 30 anos:
“Existem alimentos necessários no mundo para que ninguém vá dormir com fome. São produzidos alimentos mais do que suficientes para 8 bilhões de pessoas. A questão é de justiça social, ou seja, de como é regulada a gestão dos recursos e a distribuição da riqueza. É preciso acabar com a especulação alimentar! É preciso parar de tratar os alimentos, que são um bem fundamental para todos, como moeda de troca para poucos”.
