Morreu em 27 de setembro o Irmão André, fundador da Portas Abertas, o maior e mais antigo ministério de abrangência internacional em defesa dos cristãos perseguidos no mundo por causa da fé.
Nascido Anne Van der Bijl e conhecido como o “Contrabandista de Deus”, o Irmão André faleceu em casa, na Holanda, aos 94 anos.
Ele deu início ao seu excepcional apostolado em favor dos cristãos perseguidos quando viajou em 1955 à Polônia, com uma delegação holandesa, para participar do Festival Mundial da Juventude Comunista.
Por trás da máquina da propaganda comunista de inclusão, igualdade e progresso, que seduzia tantos jovens na época e mesmo hoje, o que ele viu na vida real dos poloneses foi uma sociedade empobrecida e oprimida em todas as áreas da vida social por um regime ditatorial, que, de modo truculento, vetava radicalmente a liberdade religiosa.
Encarando os riscos envolvidos, ele distribuiu uma mala cheia de livros de temáticas cristãs, dando assim início, humildemente, ao ministério Portas Abertas. Uma inspiração para o começo da missão foi um versículo do Apocalipse:
“Sê vigilante e consolida o resto que ia morrer” (Ap 3,2).
A autobiografia do Irmão André, intitulada “O Contrabandista de Deus”, se tornou um best-seller internacional. Desde 1967, já foram vendidas mais de 10 milhões de cópias em mais de 40 idiomas. Em 2015, uma edição atualizada comemorou os 60 anos da Portas Abertas incluindo um epílogo de 25 páginas com as “aventuras” vividas pelo fundador após a primeira publicação da obra.
Ao longo da vida, o Irmão André visitou ao menos 125 países e percorreu mais de um milhão de milhas em suas viagens para pregar o Evangelho e estabelecer vínculos com pessoas em necessidade, sobretudo os perseguidos por causa da fé. Graças à sua amizade e ao seu testemunho de amor a Deus, ele conseguiu ser recebido até por líderes de grupos fundamentalistas, vindo a ser um dos poucos líderes ocidentais a encontrá-los regularmente como embaixador de Cristo e da fé cristã.
Outro livro dele, “Força da Luz” (2004), escrito em co-autoria com Al Janssen, relata o seu trabalho de evangelização no Oriente Médio. E uma terceira obra, “Cristãos Secretos” (2007), também em co-autoria com Al Janssen, explica “o que acontece quando muçulmanos creem em Cristo”.
De fato, o Irmão André levou a Portas Abertas até onde a maioria dos cristãos não poderia chegar. A sua rede de cristãos locais ajudou a distribuir milhões de Bíblias por ano em lugares do mundo inteiro, além de capacitar centenas de milhares de líderes cristãos. O ministério também ajuda os cristãos perseguidos oferecendo ajuda econômica, alfabetização e acompanhamento vocacional, inclusive em países entre os mais perigosos do mundo.
O atual diretor executivo da Portas Abertas Internacional, Dan Ole Shani, testemunhou sobre o fundador:
“O Irmão André foi casado durante 59 anos com Corry, que faleceu em 23 de janeiro de 2018. Eles deixam cinco filhos e onze netos. Apreciamos as orações pela família diante desta grande perda. Uma perda que, aliás, não foi só para eles, mas para a Igreja em todo o mundo. O Irmão André deixará suas marcas na história da Igreja e um legado de amor e fidelidade a Deus para as próximas gerações”.
O secretário geral da Portas Abertas no Brasil, Marco Cruz, também se manifestou:
“O Irmão André nos deixa um exemplo de obediência ao Senhor e ao seu chamado. Foi obediente a ponto de colocar muitas vezes em risco a própria vida. Ele não media esforços para seguir o chamado recebido de Deus e servir aos cristãos perseguidos. Como ele mesmo dizia: ‘Claro que é perigoso, mas é mais perigoso não obedecer a Deus'”.
Neste ano de 2022, a Portas Abertas está comemorando 67 anos de atuação, com presença ativa em mais de 60 países. São mais de 1.400 colaboradores comprometidos em fortalecer os cristãos perseguidos.
O “Contrabandista de Deus” costumava afirmar:
“A nossa missão se chama Portas Abertas porque acreditamos que todas as portas estão abertas, em todos os tempos e em qualquer lugar. Eu literalmente acredito que toda porta está aberta para ir e pregar o Evangelho, desde que você esteja disposto a ir e não esteja preocupado em voltar”.