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Bento XVI publica instigante livro em diálogo com matemático ateu

Bento XVI e Piergiorgio Odifreddi

fot. Niccolò Caranti / Wikipedia / CC BY-SA 3.0 | Grzegorz GALAZKA/East News

Francisco Vêneto - publicado em 10/10/22

"A caminho em busca da verdade" testemunha a abertura da Igreja à ciência e àqueles que não acreditam em Deus

O Papa Emérito Bento XVI publicou um novo livro no qual mantém um instigante diálogo com o matemático ateu italiano Piergiorgio Odifreddi, que já foi presidente honorário da União de Ateus, Racionalistas e Agnósticos.

O título em italiano é “In cammino alla ricerca della Verità“, que pode ser traduzido livremente como “A caminho em busca da verdade“. Ainda não há edição oficial em português. O original foi apresentado ao público neste último 6 de outubro, em Roma.

A obra, que testemunha a abertura da Igreja à ciência e àqueles que não acreditam em Deus, consiste na troca de correspondências entre Bento e Odifreddi entre os anos de 2013 e 2022, além de contar os encontros ocorridos entre o pontífice emérito e o matemático ateu.

Os intercâmbios tiveram origem em 2011, quando Odifeddi publicou uma carta aberta ao então Papa reinante. A carta começava citando um livro do próprio cardeal Joseph Ratzinger escrito em 1968: “Introdução ao Cristianismo“. Bento só teve tempo para dedicar-se a uma resposta em 2013, depois da sua renúncia ao pontificado.

A demora em responder foi amplamente compensada pela profundidade do Papa Emérito, que deu origem a uma amizade duradoura com o cientista descrente.

Aliás, dom Vincenzo Paglia, presidente da Pontifícia Academia para a Vida, descreve essa amizade como “coisa rara”, dada a imensa diferença de posicionamento entre os dois amigos.

O pe. Federico Lombardi, ex-porta-voz vaticano, também comentou a atitude de Bento XVI em responder ao matemático ateu:

“É um sinal da sua atenção ao diálogo entre a fé, a razão e a ciência, e da própria atitude voluntária e aberta com a qual ele sempre viveu. Se até um Papa e um ateu podem conversar com amizade, isto significa que nós também talvez possamos nos comportar assim na vida”.

As primeiras cartas entre Bento e Odifreddi tratavam de fé e ciência, mas, conforme a amizade entre os dois se aprofundava, passaram a versar também sobre a vida e a morte, a antropologia, além de questões de lógica. Aliás, os dois se aproximaram ainda mais durante um período doloroso de luto: em 2020, Bento XVI perdeu seu irmão e Odifreddi perdeu sua mãe.

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AteismoBento XVICiênciaDiálogo
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