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Venezuela ultrapassa Síria e Ucrânia e produz maior número de refugiados do planeta

VENEZUELA

Cristal Montañéz (CC BY-SA 2.0)

Francisco Vêneto - publicado em 21/10/22

Já está chegando ao Brasil a terceira onda de refugiados venezuelanos - ainda mais miseráveis

A Venezuela ultrapassou a Síria e a Ucrânia e produz hoje o maior número de refugiados do planeta Terra.

Este fato é ainda mais assombroso quando se considera que a Síria está em guerra civil há mais de 10 anos e a Ucrânia vem sofrendo há 8 meses todo o peso da invasão de uma das maiores potências bélicas do mundo.

Nem mesmo isso, porém, conseguiu ser mais devastador do que o regime genocida implantado por Hugo Chávez e intensificado pelo seu sequaz Nicolás Maduro, no país que tem as maiores reservas de petróleo de toda a Terra e que, há poucas décadas, já foi o mais rico da América Latina e um dos mais prósperos do mundo.

Dos 28,4 milhões de venezuelanos, ao menos 7,1 milhões tiveram que fugir do próprio país. Em comparação, os refugiados sírios são 6,6 milhões e os ucranianos somam 6,8 milhões. Só no Brasil, há mais de 365 mil venezuelanos, “muitos atraídos pelos benefícios sociais” oferecidos pelo governo brasileiro, conforme admite o jornal O Globo. Cerca de 7.500 deles são indígenas.

Terceira onda de refugiados no Brasil

Nesse contexto, está chegando ao Brasil aquela que já é considerada a “terceira onda” de refugiados venezuelanos no país – e, conforme até veículos de imprensa mais associados à esquerda reconhecem, eles chegam “ainda mais miseráveis” do que nas ondas anteriores.

Maria Teresa Belandria, embaixadora do governo de Juan Guaidó no Brasil, confirma que “primeiro vieram profissionais; nos últimos três anos, passaram a ser pessoas com menos recursos; e, no último ano, entraram pessoas da Venezuela profunda, para as quais é mais difícil se integrar”.

A embaixadora considera que, no Brasil, a obtenção de documentos é mais fácil e, por isso, os venezuelanos “não se sentem ilegais”. Ela cita o trabalho da Casa Civil e da Operação Acolhida, implementada pelo governo federal e pelo Exército, com a parceria de ONGs internacionais como a Acnur.

A rede brasileira de ajuda oficial, embora já tenha conseguido interiorizar mais de 80 mil venezuelanos, não pode atender todas as necessidades da parcela local do maior número de refugiados do planeta, gerados pelo regime ditatorial de Nicolás Maduro.

“Brasil é o país que melhor recebe os venezuelanos”

Entre os que obtiveram emprego fixo graças às políticas de interiorização está o casal Carlos Daniel e Fabiana, que, depois de chegarem por Roraima e passarem um tempo em Manaus, se estabeleceram em Brasília, onde ele trabalha no setor administrativo de uma empresa de máquinas agrícolas. “O Brasil é o país que melhor recebe os venezuelanos”, testemunha Carlos Daniel, ainda segundo O Globo.

O mesmo jornal relata, em reportagem deste mês, o caso do refugiado venezuelano Magdiel León, de 30 anos, que, depois de tentar a vida na Colômbia, no Peru e na Bolívia, países todos eles também entregues a governos de esquerda, chegou em agosto a Campo Grande, MS, com R$ 15 no bolso. No Brasil, foi acolhido em um abrigo do governo, do qual conseguiu sair na semana passada e alugar um quarto por R$ 400 mensais, que ele agora paga do próprio bolso graças aos “bicos” que faz como pintor. Magdiel também conseguiu acesso ao SUS e aguarda uma consulta com um oftalmologista. Não sobra dinheiro, porém, para uma alimentação adequada, mas, segundo O Globo, ele “está otimista e confia em ser, como muitos de seus compatriotas, incluído entre os beneficiários do Auxílio Brasil”.

O outro lado

Por outro lado, embora o cenário que eles encontram no Brasil seja melhor e mais promissor, a realidade de muitos refugiados venezuelanos no país está muitíssimo longe de ser a concretização de um sonho.

A prostituição, por exemplo, se tornou “alternativa comum” — ou “armadilha lançada por brasileiros que se aproveitam da fragilidade dos imigrantes”, registra a mesma reportagem de O Globo.

“Na Venezuela não teríamos nada. Aqui estamos melhor, mas não é fácil”, confirma a jovem venezuelana María de los Ángeles Busto, de 22 anos, mãe de uma menina de 6 meses que nasceu com síndrome de Down, cardiopatia severa e hipertensão pulmonar.

María, que está hoje em Curitiba, engravidou pouco depois de chegar ao Brasil por terra, guiada por “coiotes” que conduzem grupos de imigrantes numa perigosa travessia até a fronteira com Roraima, no extremo norte brasileiro. As quadrilhas de “atravessadores de gente” cobram o equivalente a R$ 1.500 por pessoa – uma fortuna para um venezuelano cujo salário mínimo é de 28 dólares, ou cerca de 150 reais, e que, mesmo sendo um valor de miséria, nem todos conseguem ganhar. A família de María, de fato, contraiu dívidas para financiar a sua travessia ilegal. Agora, a sua bebê precisa ser operada rápido ou, do contrário, terá uma expectativa de vida de no máximo 5 anos.

De junho até agosto, cerca de 30 mil venezuelanos partiram do país que produz o maior número de refugiados do mundo e chegaram ao Brasil dispostos a ficar. A média é de 300 a 500 pessoas por dia.

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