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A guerra na Ucrânia pode nos ajudar a entender melhor o porquê das Cruzadas?

Cruzadas

Elentir | CC BY-SA 2.0

Francisco Vêneto - publicado em 25/10/22

As Cruzadas foram apoiadas por grandes santos como São Francisco de Assis, a quem até os laicos respeitam como promotor da paz. Por quê?

A guerra na Ucrânia pode nos ajudar a entender melhor o porquê das Cruzadas?

Sim, pode.

E não só ela. Também os ataques selvagens perpetrados pelos fanáticos do grupo terrorista Estado Islâmico na década passada, entre os quais a decapitação de 21 cristãos egípcios, gravada em vídeo e retransmitida para todo o planeta, levaram naturalmente a maior parte da população mundial a se perguntar, profundamente indignada: o que é que deve ser feito para acabar com essa covardia?

Os ataques fratricidas e desproporcionais impostos por Vladimir Putin aos ucranianos, assim como qualquer outro dos conflitos que sequer esperaram o fim da pandemia de covid-19 para dessangrar ainda mais a humanidade também na África, na Ásia e nas Américas, nos devolvem todos a mesma pergunta: o que é que deve ser feito para acabar com essas covardias?

Uma parte considerável dos civis entrevistados pelos veículos de mídia ou que se manifestam nas redes sociais não apenas consideram justificada a intervenção militar contra agressores injustos e brutais, como até defendem uma reação concertada que não somente interrompa, mas elimine definitivamente, se for inevitável, aqueles que comandam as agressões.

Contextos e descontextualizações

Em contextos de ameaças tão reais, tão sanguinárias e tão próximas de nós em alguma medida, costuma voltar à tona o entendimento espontâneo de que a guerra justa não é somente um direito, mas, em casos extremos, é também uma obrigação de justiça, direcionada a frear o injusto agressor e a defender os direitos das suas vítimas.

Mas será que esses contextos atuais ou muito recentes podem mesmo ser comparados com o das Cruzadas?

Sim, podem. E, mesmo com as ressalvas que devem ser feitas em qualquer comparação de contextos, certamente esta comparação pode ajudar muito mais a entender os motivos dos cruzados do que as sistemáticas e mal-intencionadas descontextualizações com que muitos autores, professores e militantes anticatólicos têm mentido desavergonhadamente ao longo de décadas e mesmo séculos sobre o que levou os cristãos da Idade Média a se defenderem de quatrocentos anos consecutivos e acumulados de agressões injustas e desproporcionais.

Nunca é simples “justificar” que a religião comande uma guerra. Se mesmo em tempos convulsos parece chocante que a religião se mostre favorável a uma guerra, em tempos de paz parece absolutamente incompreensível e repugnante que qualquer guerra seja ou tenha sido promovida ou apoiada pela religião. Acontece que é precisamente essa repugnância o que deve levar-nos a perguntar se o maior escândalo a ser deplorado neste cenário é mesmo a reação bélica da religião ou é a suprema gravidade das agressões que chegaram ao ponto insustentável de forçá-la a reagir belicamente.

Uma forma de dar início a essa abordagem é nos colocarmos nos sapatos dos ucranianos da nossa época e nos perguntarmos com frieza e objetividade: se eu fosse ucraniano em fevereiro ou março de 2022 e estivesse sofrendo a injusta invasão do exército de Putin, que está atacando civis, lançando mísseis contra prédios residenciais, escolas e igrejas, estuprando mulheres, ferindo crianças, forçando idosos a se refugiarem nos túneis do metrô, destruindo infraestruturas essenciais, provocando a falta de comida, forçando 7 milhões de pessoas a fugirem do país com a roupa do corpo e até ameaçando usar armamento nuclear, eu ficaria ajoelhado rezando ou, além de rezar, também pegaria em armas para defender a minha família e o meu povo?

Mutatis mutandis, os cristãos da Alta Idade Média tiveram que se fazer uma pergunta tão simples, crua e sem panos quentes quanto esta.

400 anos de agressões

A cristandade vinha suportando uma sequência contínua, crescente e implacável de agressões e ameaças dos invasores muçulmanos já havia nada menos que 400 anos.

A necessidade de repelir vigorosamente aquelas agressões e ameaças chegou a ser tamanha que um fato em especial pode servir como parâmetro do quanto se tornara insustentável a passividade naquele contexto: este fato é o de que até mesmo os grandes santos da época admitiram a necessidade de apoiar a justa reação de autodefesa dos cristãos.

Entre os santos que apoiaram explicitamente as Cruzadas encontramos ninguém menos que São Bernardo de Claraval, Santa Catarina de Sena, Santo Hugo de Cluny e São Francisco de Assis.

Isso mesmo: o São Francisco de Assis que, até hoje, é símbolo de luta heroica pela paz, inclusive entre os laicos que se utilizam dele para enviesar doutrinas oportunistas sobre ecologismos, socialismos e pacifismos convenientes à sua agenda ideológica.

Pois até mesmo São Francisco de Assis se decidiu a acompanhar os cruzados – pregando sempre a reconciliação e a paz, é claro, mas reconhecendo, ao mesmo tempo, que a cristandade não tinha apenas o direito, mas também o dever de se defender das agressões sofridas.

Obviamente, São Francisco deplorou e condenou os abusos e crimes que, sim, também foram cometidos pela parcela dos cristãos que deturpou clamorosamente o propósito das Cruzadas. Este fato reforça que todo conflito armado envolve atrocidades de todas as partes, o que é uma das razões fundamentais para considerarmos que a guerra, mesmo quando justa, é sempre o último e extremo de todos os recursos.

Por isso mesmo, no entanto, é igualmente necessário reconhecer que, se uma vergonhosa parcela dos cristãos se igualou à covardia dos agressores, é igualmente obrigatório admitir que uma parcela não é o todo.

4 mitos sobre as Cruzadas

Um artigo de Paul Crawford, publicado vários anos atrás, apresenta “Quatro mitos sobre as Cruzadas“. O artigo original, que é longo, mas excelente, pode ser lido na íntegra aqui (em inglês).

Durante o auge dos horrores perpetrados pelo Estado Islâmico em 2015, o pe. Charles Pope escreveu um resumo desses quatro mitos e os publicou na edição de Aleteia em inglês, com tradução pela edição em português.

Agora, no contexto da reação ucraniana às agressões de Putin, vale a pena voltar a eles para questionar novamente se os motivos dos cruzados eram mesmo os que aparecem nas narrativas pouco propensas à imparcialidade.

MITO 1: “As cruzadas foram uma agressão gratuita dos cristãos contra os muçulmanos”

Mentira.

E para derrubar esta mentira, basta uma revisão cronológica honesta.

Até o ano 632, o Egito, a Palestina, a Síria, a Ásia Menor, o Norte da África, a Espanha, a França, a Itália e as ilhas da Sicília, da Sardenha e da Córsega eram todos territórios cristãos. Dentro das fronteiras do Império Romano, que ainda existia no Mediterrâneo oriental, o cristianismo ortodoxo era a religião oficial e vastamente majoritária. Fora daquelas fronteiras, ainda havia outras grandes comunidades cristãs, não necessariamente ortodoxas e católicas, mas, ainda assim, cristãs: a maioria da população cristã da Pérsia, por exemplo, era nestoriana. Também havia várias comunidades cristãs espalhadas pela Arábia.

Apenas um século mais tarde, em 732, os cristãos já tinham perdido o Egito, a Palestina, a Síria, o Norte da África, a Espanha, a maior parte da Ásia Menor e o sul da França. A Itália e suas ilhas associadas também estavam sob ameaça – tanto que as ilhas acabariam sob o domínio islâmico já no século seguinte.

Logo após o ano de 633, as comunidades cristãs da Arábia foram inteiramente destruídas. Tanto os judeus quanto os cristãos foram expulsos da península arábica. Os da Pérsia estavam sob forte pressão. Dois terços do antigo mundo cristão romano se viam agora governados pelos muçulmanos.

O que é que tinha acontecido?

Tinha acontecido que cada uma das regiões listadas acima foi tomada pelos muçulmanos no espaço de apenas cem anos e não mediante acordos diplomáticos e pacíficos, mas arrancada do controle cristão por meio da violência, em campanhas militares deliberadamente concebidas para expandir o território do islã sem considerações pelo número de vidas que essas campanhas custassem.

E o programa de conquistas do islã não terminou por aí. Carlos Magno bloqueou o avanço muçulmano rumo à Europa ocidental por volta do ano 800, mas as forças islâmicas simplesmente mudaram o seu foco para a Itália e para a costa francesa, atacando a Itália continental em 837. Uma luta confusa pelo controle do sul e do centro da Itália prosseguiu durante o resto do século IX e continuou no século X. O próprio interior italiano chegou a ser atacado.

Com a urgência de proteger as vítimas cristãs, os Papas do século X e do início do século XI se envolveram diretamente na defesa do território. Os bizantinos levaram muito tempo para reunir as forças necessárias para a reação armada. Em meados do século IX, eles montaram um contra-ataque. Mas os muçulmanos responderam com novas e ainda mais afiadas investidas.

Em 1009, um governante muçulmano mentalmente perturbado destruiu a Igreja do Santo Sepulcro, em Jerusalém, e lançou grandes perseguições contra cristãos e judeus. As peregrinações à Terra Santa se tornavam cada vez mais difíceis e perigosas. Os peregrinos ocidentais começaram a se unir e a portar armas para se proteger quando tentavam visitar os lugares mais sagrados do cristianismo na Palestina.

Desesperados, os bizantinos apelaram para o auxílio do Ocidente, direcionando os seus pedidos de socorro principalmente à pessoa que eles viam como a maior autoridade ocidental: o Papa – que, como vimos, já tinha organizado a resistência cristã aos ataques muçulmanos na Itália.

Finalmente, em 1095, o Papa Urbano II atendeu ao pedido do Papa Gregório VII. Começou a Primeira Cruzada.

Longe de serem “gratuitas” e de não terem sido provocadas de fora, as Cruzadas representaram o primeiro grande contra-ataque cristão ocidental, em legítima defesa, diante de ataques muçulmanos ocorridos de modo sistemático e crescente ao longo de mais de 400 anos, desde o início do islã, no século VII, até o final do século XI, e que ainda continuariam também depois.

Três das cinco principais sedes episcopais do cristianismo tinham sido capturadas já no século VII: Jerusalém, Antioquia e Alexandria. As outras duas, Roma e Constantinopla, tinham sido atacadas ao longo dos séculos anteriores às Cruzadas. Constantinopla seria tomada em 1453, deixando em mãos cristãs apenas uma das cinco: Roma. E Roma foi novamente ameaçada no século XVI.

Isto é ausência de provocação?

É difícil subestimar as perdas sofridas pela Igreja nas várias ondas de conquistas muçulmanas. Todo o Norte da África, antigamente repleto de cristãos, foi conquistado à força. Chegou a haver 500 bispos cristãos no Norte da África. Hoje, as ruínas da Igreja estão enterradas na areia. Há bispos titulares, mas não residentes. Toda a Ásia Menor, tão amorosamente evangelizada por São Paulo, foi perdida. Grande parte do sul da Europa esteve a ponto de ser tomado também.

Haverá mesmo algum grau de honestidade básica em afirmar categoricamente que os cristãos deveriam ter assistido impávidos e passivos ao próprio extermínio sem ousarem defender-se?

MITO 2: “Os cristãos do Ocidente foram às Cruzadas para saquear os muçulmanos e ficar ricos”

Mentira.

E para derrubar esta mentira, basta constatar os custos ruinosos que cada cruzado tinha que assumir.

Poucos cruzados tinham dinheiro suficiente para bancar as próprias obrigações em casa e, em paralelo, sustentar-se durante uma Cruzada. Desde o início, as considerações financeiras tiveram papel determinante no planejamento dos contra-ataques. Os primeiros cruzados tiveram de vender a maior parte dos seus bens para financiar as suas expedições. Os cruzados posteriores levaram este fato em conta e começaram a poupar dinheiro muito antes de partirem. Ainda assim, os custos continuavam avassaladores.

Uma das principais razões para o fracasso da Quarta Cruzada e do seu desvio para Constantinopla foi justamente a falta de dinheiro antes mesmo do início das batalhas. A Sétima Cruzada, de Luís IX, em meados do século XIII, custou mais de seis vezes a receita anual da coroa.

Os Papas recorreram a manobras cada vez mais desesperadas para levantar fundos, desde instituir o primeiro imposto de renda, no começo do século XIII, até implantar uma série de ajustes na maneira de se concederem as indulgências (o que acabou gerando os gritantes abusos condenados por Martinho Lutero).

Em suma: as Cruzadas levaram à falência muito mais evidentemente do que à riqueza. Os cruzados eram bastante cientes disso e não viam nas Cruzadas uma forma de melhorar a sua situação. Pelo contrário: era uma escolha entre lutar assumindo o risco de perder tudo e não lutar e ter a certeza de ser destruídos.

Crawford confirma que as pilhagens eram de fato permitidas ou toleradas quando os exércitos cristãos venciam. Os saques, infelizmente, eram comuns nos tempos antigos e medievais, e, lamentavelmente, é preciso confirmar que os cruzados não foram uma exceção a essa prática.

MITO 3: “A motivação dos cruzados não era religiosa, mas sim material e política”

Mentira.

E para derrubar esta mentira, basta constatar os riscos de vida que os cruzados sabiam que estavam assumindo.

A acusação de que os cruzados tinham intenções primariamente materialistas se tornou popular sobretudo a partir de Voltaire – e continua parecendo convincente para a modernidade e a contemporaneidade, mergulhadas em visões de mundo materialistas.

Não há dúvida de que havia cínicos e hipócritas na Idade Média assim como os há em qualquer época, mas esta acusação generalizante sobre os cruzados é mito e é preciso esclarecê-lo.

Os riscos das Cruzadas eram altíssimos. Muitos cruzados, se não a maioria, nem sequer voltava das batalhas. Um historiador militar estimou que os índices de baixas só na Primeira Cruzada foram de espantosos 75%.

Além disso, a participação nas Cruzadas era voluntária: os participantes precisavam ser persuadidos a ir – e ir por sua própria conta. O principal meio de persuasão eram os sermões nas igrejas, repletos de claras advertências de que as Cruzadas implicavam privações, sofrimentos e, muitas vezes, a morte, além de afetarem gravemente e para sempre a vida dos seus participantes: provavelmente os empobreceriam, os mutilariam e, certamente, provocariam grandes inconvenientes para as suas famílias. Querem ir mesmo assim?

Mas como é que um discurso desses funcionou?

Ora, funcionou precisamente porque empreender uma Cruzada em defesa da própria fé e do próprio povo era entendido como uma penitência valiosa para a alma e uma forma de purificação, além de um ato de amor desinteressado que levava a dar a vida pelos irmãos.

As evidências disponíveis sugerem que a maioria dos cruzados foi motivada pelo desejo de defender o nome de Deus, colocar a própria vida a serviço da proteção dos cristãos ameaçados e expiar os pecados pessoais.

Sim, são conceitos muito difíceis para um ocidental de hoje, tão laico e tão cético diante de motivos espirituais. Acontece que, entre o nosso atual Ocidente e a Idade Média, existe uma gigantesca divisão cartesiana, com o seu reducionismo materialista. São outros contextos, nos quais os parâmetros são muito diferentes. Naquela época, a vida na terra era curta e brutal; era “um vale de lágrimas” a ser suportado como tempo de purificação para o encontro com Deus. Os princípios espirituais exerciam uma influência quase incompreensível para as mentes imediatistas de hoje.

Além disso, considere a seguinte hipocrisia: os militantes anticatólicos que atacam a Igreja por causa das Cruzadas alegam que os motivos dos cruzados não podem ser comparados com os motivos dos povos atuais agredidos por forças hostis, porque, segundo eles, “os contextos são completamente diferentes”. Como já vimos, porém, ainda que as circunstâncias sejam obviamente diversas, os contextos de agressão injusta e autodefesa justa são, sim, perfeitamente comparáveis sejam quais forem as épocas. Por outro lado, esses mesmos militantes “se esquecem” da sua própria argumentação sobre a diferença de contextos na hora de levar em conta a visão de mundo predominantemente espiritual e penitencial do cristão medieval e a visão de mundo predominantemente laicista e materialista do Ocidente atual – estes, sim, contextos abissalmente diferentes.

MITO 4: “Foram as Cruzadas que fizeram os muçulmanos atacar cristãos”

Mentira.

E para derrubar esta mentira, basta a mesma revisão cronológica honesta que derruba o mito 1.

Quando o Papa Urbano reagiu às agressões dos muçulmanos e convocou a Primeira Cruzada, os muçulmanos já vinham atacando os cristãos de modo contínuo, sistemático e crescente já fazia mais de 400 anos. As forças muçulmanas, portanto, não tinham precisado de “incentivo” nenhum para começar a atacar a cristandade por sua própria “iniciativa”.

De qualquer forma, a resposta para este mito é complexa e não deve incorrer em reducionismos e generalizações.

A primeira versão muçulmana sobre a história das Cruzadas só apareceu em 1899. O mundo muçulmano estava, naquela época, “redescobrindo” as Cruzadas, mas com um “toque” da modernidade ocidental.

No período moderno, havia duas principais linhas europeias de pensamento sobre as Cruzadas. Uma delas, representada por pessoas como Voltaire, Gibbon e Sir Walter Scott, além de Sir Steven Runciman no século XX, pintava os cruzados como bárbaros gananciosos e agressivos que atacavam os muçulmanos civilizados e amantes da paz. A outra linha pintava as Cruzadas como um episódio glorioso da longa batalha em que os cavaleiros cristãos detiveram o avanço das hordas muçulmanas.

O fato histórico é que não foram as Cruzadas que levaram o islã a atacar os cristãos, mas foi o Ocidente laico que ensinou o islã a odiar as Cruzadas com base em uma visão parcial e manipulada a respeito do seu contexto.

Aliás, esta é uma estranha tendência do nosso Ocidente moribundo: abastecer o mundo com amplas narrativas, a maioria falsa ou no mínimo calhordamente parcial, para nos odiar.

Considerações

Não é razoável defender cegamente as Cruzadas, que envolveram, sim, atos profundamente lamentáveis por parte também de uma parcela dos cristãos.

Mas os fatos são os fatos: também há por trás das Cruzadas uma vasta gama de razões que a agenda anticatólica não apenas não quer admitir, como ainda procura militantemente esconder.

Os militantes dessa mesma agenda gostam de exclamar: “Olhem quantos morreram em nome das guerras e da violência religiosa!”. É legítimo responder: “Sim, é verdade e é vergonhoso. E aproveitem para olhar também quantos foram assassinados só no século XX em nome das ideologias antirreligiosas, laicistas e ateias, como o comunismo”. O historiador britânico Paul Johnson, em seu livro “Modern Times“, por exemplo, estima o número das vítimas do comunismo em pelo menos 100 milhões. Se vamos “olhar”, olhemos para o panorama completo e posicionemos cada fato em sua real perspectiva.

É claro que não se “justificam” as mortes provocadas pelas guerras religiosas com o fato de que as guerras antirreligiosas mataram incontavelmente mais gente. Mas se queremos uma discussão honesta e completa sobre as guerras, sejam elas da natureza que for, é imprescindível contextualizá-las com base nos fatos e não em narrativas oportunistas – e incluir na contextualização o que as provocou e quem foram os agressores.

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Adaptado e atualizado a partir de artigo original do pe. Charles Pope para Aleteia em 2015, no contexto dos horrores então perpetrados pelo grupo terrorista Estado Islâmico.

Tags:
CristianismoGuerraHistóriaIdeologiaIgrejaMuçulmanos
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