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O crime organizado há de ser denunciado

masacre uvalde texas

Allison Dinner /AFP

Testigos se sientan en la acera afuera de la Escuela Primaria Robb mientras la policía estatal vigila el área en Uvalde, Texas, el 24 de mayo de 2022 (Foto de Allison Dinner / AFP) | colegio; delito; tiroteo; TOPSHOTS; Horizontal

Vanderlei de Lima - publicado em 13/11/22

Não é assustador ver um adolescente portando armas de fogo ilegais em vez de bons livros ou de um caderno escolar?

O Papa Francisco concedeu longa entrevista ao diário Il Mattino, de Nápoles. Em certo momento, tratou dos males do crime organizado no sul da Itália onde criminosos usam crianças para atingir os seus fins maus. Traduzimos de Zenit, 18/09/2022, edição espanhola, a fala do Santo Padre, pois também pode servir ao Brasil.

Ao traduzirmos este texto, fazemos votos de que a cúpula da CNBB, sempre muito envolvida na realidade social e política nacional, denuncie o crime organizado – poderoso, opressor e assassino – em nosso país. Com dinheiro, brutalidade facínora e aplicação da pena de morte a não poucos dos seus desafetos, os membros das facções criminosas agem quase livremente numa nação de leis dúbias e, a seu modo, facilitadoras da vida bandida. Nesse contexto, não é assustador ver um adolescente portando armas de fogo ilegais em vez de bons livros ou de um caderno escolar… Até quando?

O Papa diz: “O crime organizado é um flagelo. Afeta a todo mundo. O Norte e o Sul. Eu disse isso em Nápoles: todos temos a possibilidade de ser corruptos, ninguém pode dizer: eu nunca serei corrupto. Há tanta corrupção no mundo! Uma coisa corrupta é uma coisa suja, cheira mal. O spuzza, como eu disse naquela vez com uma palavra que lembra o termo spussa do dialeto piemontês. Como um animal morto que se corrompe, assim também uma sociedade corrupta exala mal cheiro. E mesmo um cristão que deixa a corrupção entrar nele cheira mal. Mas quando penso em Nápoles, na Campânia, penso também em Dom Peppe Diana, São José Moscati e Bartolo Longo, o apóstolo do Rosário. Pelo valor das escolhas. Para o odor do bem. A esperança nunca deve ser esmaecida. Tudo pode ser redimido pela bondade. É necessária uma mudança de rumo.”

E, em resposta a outra pergunta, prosseguiu: “Repito: o crime não é apenas um problema de Nápoles. Para mim, a verdadeira face de Nápoles é outra. É a de gente boa, acolhedora, generosa, hospitaleira, criativa no bem. É a da beleza natural de seu golfo, que encanta quem já teve o privilégio de vê-lo, permanecendo encantado com ele e mantendo o desejo de poder voltar [a vê-lo] um dia. No entanto, é verdade que também podemos partir de Nápoles para falar dos abusos que se fazem às crianças quando são privadas da sua inocência, a sua infância é roubada, para conduzi-las pelo caminho da delinquência. Não devemos descarregar nossa culpa nos mais jovens. Muitas crianças no mundo nem sequer sabem o que é a escola, e, muitas vezes, caem nas mãos de criminosos que as educam no crime, na violência e até na guerra. Pensamos nas crianças-soldados. Como a infância é arrancada à força de suas vidas, sua inocência violada, seu futuro transformado em um labirinto. Cada uma delas é um grito de dor que sobe até Deus e acusa aqueles que colocam as armas em suas mãozinhas”.

Mais: “Todos somos responsáveis ​​por isso, quando viramos a cabeça para o outro lado, quando dizemos a nós mesmos que essa tragédia (crianças-soldados, crianças trabalhadoras do crime organizado) não nos diz respeito. Para isso também temos de começar por nós mesmos. Mudar a nós mesmos. Estimular uma mudança nos outros. Não é impossível. Todos podem mudar a sua vida, mudar o seu caminho. Quanto à fragilidade, todos somos frágeis. Mas a fragilidade, a aceitação da nossa própria limitação, a consciência do que nos falta e o discernimento nisso, entre o bem e o mal, é a mola que pode nos impulsionar a buscar o bem comum. O sentimento de onipotência é o que, ao contrário, nos leva à negação do outro, dos outros; e a cortar até mesmo nossas raízes, considerá-las um fardo, um peso. Quando isso acontece, quando traímos a confiança das crianças ou consideramos o idoso como um resíduo a ser descartado, na verdade, cultivamos o nosso descontentamento, arruinamos nossa história e nosso futuro”.

Possa a fala corajosa do Papa Francisco estimular também os nossos destemidos bispos na denúncia profética do crime organizado, que é poderoso, opressor, assassino e, portanto, anticristão, pois existe para “roubar, matar e destruir” (Jo 10,10).

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JovensSociedadeViolência
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