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Papa: o espírito mau quer que transformemos a crise em conflito

Pope Francis celebrate Holy Mass on the occasion of the VI World Day of the Poor

Antoine Mekary | ALETEIA

Reportagem local - publicado em 13/11/22

O Papa Francisco fez uma advertência forte hoje. Leia aqui:

O Papa Francisco afirmou hoje que o cristão deve aproveitar a oportunidade de fazer algo de bom a partir das circunstâncias da vida, mesmo se estas não forem as ideais.

Segundo o Papa, esta “é uma bela arte tipicamente cristã: não se deixar ficar vítima daquilo que sucede – o cristão não é vítima e a psicologia do «vitimismo» é má, faz-nos mal –, mas aproveitar a oportunidade que se esconde em tudo o que nos acontece, o bem que é possível (aquele pouco de bem que for possível fazer) e construir mesmo a partir de situações negativas”.

Em sua homilia da missa do Dia Mundial dos Pobres, na Basílica de São Pedro, o Papa afirmou que “cada crise é uma possibilidade e proporciona ocasiões de crescimento”.

Porque cada crise abre-se à presença de Deus, à presença da humanidade. Mas que faz o espírito mau? Quer que transformemos a crise em conflito; e o conflito é sempre fechado, sem horizonte nem via de saída. Assim não! Vivamos a crise como pessoas humanas, como cristãos, não a transformando em conflito, porque cada crise é uma possibilidade e proporciona ocasiões de crescimento.

Segundo o Papa, nós nos apercebemos disto repassando a nossa história pessoal.

Com frequência, na vida, os passos em frente mais importantes foram dados precisamente no âmbito dalgumas crises, situações de prova, de perda de controle, de insegurança. Compreendemos, assim, o convite que Jesus faz hoje, diretamente, a mim, a ti, a cada um de nós: que fazes quando vês ao teu redor factos turbulentos, quando se levantam guerras e conflitos, quando sucedem terremotos, carestias e pestilências? Eu que faço? Tu que fazes? Procuras distrair-te para não pensares nisso? Divertes-te para não te envolveres? Segues a estrada da vida mundana, de não assumir nem tomar a peito estas situações dramáticas? Viras a cara para o outro lado para não ver? Adequas-te, submisso e resignado, ao que acontece? Ou tais situações tornam-se ocasião para testemunhares o Evangelho? Hoje cada um de nós deve questionar-se à vista de tantas calamidades, perante esta terceira guerra mundial tão cruel, frente à fome de tantas crianças, de tanta gente: Poderei eu desperdiçar, desperdiçar dinheiro, desperdiçar a minha vida, desperdiçar o sentido da minha vida, sem me encher de coragem para seguir em frente?

De fato, o Papa disse que, neste Dia Mundial dos Pobres, “a Palavra de Jesus é uma forte advertência para romper esta surdez interior que todos nós temos e que nos impede de ouvir o grito de sofrimento, sufocado, dos mais frágeis”.

Também hoje vivemos em sociedades feridas e assistimos, tal como nos disse o Evangelho, a cenários de violência (basta pensar nas crueldades que está a sofrer o povo ucraniano), injustiça e perseguição; mais, devemos enfrentar a crise gerada pelas alterações climáticas e pela pandemia, que deixou atrás dela um rasto de perturbações não apenas físicas, mas também psicológicas, económicas e sociais. Também hoje, irmãos e irmãs, vemos levantar-se povo contra povo e assistimos, angustiados, à frenética ampliação dos conflitos, à calamidade da guerra, que provoca a morte de tantos inocentes e multiplica o veneno do ódio. Também hoje, mais do que ontem, muitos irmãos e irmãs, provados e atribulados, emigram à procura duma esperança, e muitas pessoas vivem na precariedade pela falta de emprego ou por condições laborais injustas e indignas. E também hoje, irmãos e irmãs, as vítimas mais penalizadas de qualquer crise são os pobres. Mas, se o nosso coração estiver blindado e indiferente, não conseguiremos ouvir o seu flébil grito de dor, chorar com eles e por eles, ver quanta solidão e angústia se escondem mesmo nos cantos esquecidos das nossas cidades. É preciso ir aos cantos das cidades, aqueles ângulos escondidos, escuros: lá se vê tanta miséria, tanto sofrimento e tanta pobreza descartada.

Façamos nosso o convite forte e claro do Evangelho a não nos deixarmos enganar. Não demos ouvidos aos profetas da desgraça; não nos façamos encantar pelas sereias do populismo, que instrumentaliza as necessidades do povo, propondo soluções demasiado fáceis e precipitadas. Não sigamos os falsos «messias» que, em nome do lucro, proclamam receitas úteis apenas para aumentar a riqueza de poucos, condenando os pobres à marginalização. Ao contrário, demos testemunho: acendamos luzes de esperança no meio da escuridão; nas situações dramáticas, aproveitemos a ocasião para testemunhar o Evangelho da alegria e construir um mundo fraterno, pelo menos um pouco mais fraterno; empenhemo-nos corajosamente em prol da justiça, da legalidade e da paz, permanecendo sempre ao lado dos mais frágeis. Não fujamos para nos defender da história, mas lutemos para dar a esta história que estamos a viver um rosto diferente.

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