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“O ocultismo e a magia afastam a pessoa de Deus”

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Shutterstock | HollyHarry

Jean-Christophe Thibaut - publicado em 22/11/22

Por que as práticas ocultas ou mágicas são tão fascinantes para nossa sociedade, especialmente para os jovens? O Padre Jean-Christophe Thibaut explica por que nem todos os caminhos espirituais levam a Deus. Confira:

Desde os anos 60, o fenômeno da auto-religião, onde cada pessoa faz sua própria religião, vem crescendo de forma constante. Ela toma a forma de “novas espiritualidades” que irrigam uma série de práticas de desenvolvimento pessoal, medicamentos alternativos ou causas ideológicas apocalípticas, até mesmo ocultismo e bruxaria. Este retorno ao esoterismo e ao “pensamento mágico” é o oposto de uma autêntica busca pela verdade e pelo amor, explica o Padre Jean-Christophe Thibaut.

Aleteia: Como você explica o poder do surgimento do que os sociólogos chamam de “novas espiritualidades” em nossa sociedade?

Padre Jean-Christophe Thibaut: Em nossas sociedades secularizadas, as religiões institucionalizadas estão experimentando uma profunda erosão, mas isto não significa que nossos contemporâneos se tornaram ateus. As questões existenciais ainda afligem homens e mulheres em busca de sentido. Mas eles não acham que encontrarão respostas nas religiões tradicionais, particularmente no cristianismo. Eles preferem montar juntos as religiões feitas sob medida, recorrendo ao velho fundo mágico da humanidade. Hoje estamos testemunhando uma verdadeira loucura por bruxaria, astrologia, mas também por religiões pré-cristãs: druidismo, celticismo, etc.

As crenças esotéricas estão agora associadas a outros campos, tais como ecologia, feminismo, animalismo, etc.

O que a magia e o esoterismo representam hoje em dia? Quem é afetado por este fenômeno?

Este interesse pela magia afeta todas as classes sociais, tanto urbanas quanto rurais. As últimas pesquisas mostram que um em cada quatro franceses consultam cartomantes e 58% dizem acreditar em uma ciência oculta. Há mais de 100.000 astrólogos e médiuns declarados. Mas são sobretudo os jovens que são seduzidos pelo esoterismo: 70% dos jovens de 18 a 24 anos têm uma opinião favorável a esse respeito. A magia prospera sempre em tempos de crise religiosa.

Como explicar uma tal loucura por magia e esoterismo em uma sociedade que tem pouco interesse na espiritualidade?

Antes de tudo, é preciso notar que muitos de nossos contemporâneos fazem a diferença entre religião e espiritualidade. A religião é percebida como um confinamento em dogmas e rituais a serem cumpridos, onde se deve seguir uma verdade imposta. A espiritualidade, por outro lado, é vista como um espaço de liberdade onde se pode buscar Deus, a divindade, o absoluto, como se deseja e da maneira que se gosta. Deve-se notar que, ao contrário do passado, as crenças esotéricas estão hoje associadas a outras áreas, como ecologia, feminismo, animalismo, etc. Além disso, a espiritualidade está mais associada às religiões asiáticas (hinduísmo, budismo, etc.) do que às religiões ocidentais, especialmente as cristãs. A meditação é preferida à oração como uma experiência mais profunda da vida interior. No lugar da missa, há uma preferência por várias práticas (hipnose, yoga, reiki, etc.) que afirmam abrir as pessoas às dimensões espirituais enterradas nelas. Entretanto, há um profundo mal-entendido, pois essas religiões orientais foram reformatadas ao gosto ocidental e esvaziadas de seu conteúdo religioso. Estas pseudo-espiritualidades são, portanto, mais parecidas com técnicas de desenvolvimento pessoal onde a busca de Deus é apenas um pretexto para uma busca de si mesmo, do seu eu mais profundo.

Praticar magia e ocultismo é correr o risco de abrir a porta para as forças demoníacas, quer se esteja ciente disso ou não.

Por que o ocultismo e a magia são incompatíveis com a fé cristã?

A Bíblia sempre advertiu o crente contra todas as formas de magia. O Catecismo da Igreja Católica nos lembra que o uso de práticas ocultas, mesmo com a finalidade de obter saúde, é “contrário à virtude da religião” (CIC 2117). A virtude da religião é “conectar” o homem a Deus. Mas a magia afasta o homem de Deus na medida em que o transforma em entidades ou poderes ocultos. A magia não convida à confiança em Deus ou na Providência, mas dá ao homem a ilusão de ser todo-poderoso e de ser capaz de controlar sua vida sozinho. Como não encontrar nisso o chamado do tentador no livro do Gênesis: “Sereis como deuses” (Gn 3,5)? Além disso, o pensamento esotérico é baseado em doutrinas pagãs que remontam à antiguidade (nenhum Deus criador, crença na reencarnação, salvação depende de uma iluminação produzida por um Conhecimento secreto, etc.) que afasta o homem da verdade revelada. Seguindo um pensamento falso, jogamos nas mãos do Mentiroso. Além disso, praticar magia e ocultismo é arriscar abrir a porta para as forças demoníacas, quer estejamos cientes disso ou não.

Por que todos os caminhos espirituais não levam a Deus?

Essas “novas espiritualidades” só são interessantes na medida em que podem trazer algo imediato e concreto: paz interior, melhor saúde física e psicológica. Não há, portanto, gratuidade, não há busca da verdade e, acima de tudo, não há amor. Estes são caminhos materialistas e utilitários, onde o homem não se volta para o Outro, para o transcendente, mas para si mesmo. É urgente lembrar que só Jesus é “o caminho, a verdade e a vida”, e que devemos ter cuidado com os “falsos profetas” que se aglomeram ao nosso redor, porque suas mensagens são ocas e levam apenas ao vazio.

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