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Katanas e crucifixos: o clã japonês Otomo

Clã Otomo

Roman painter, Public domain, via Wikimedia Commons

Emissários japoneses com o Papa Gregório XIII em 1585

Daniel R. Esparza - publicado em 23/11/22

Ōtomo Sōrin converteu-se ao catolicismo romano em 1578: aparentemente, ele usou a cruz como um dos símbolos de seu clã

O clã Otomo (Otomo-Shi) foi uma família samurai japonesa cujo poder se estendeu por quatro séculos, desde o período Kamakura até o período Sengoku. Eles estiveram entre os primeiros japoneses a negociar com os portugueses – e até viajaram com São Francisco Xavier para a Índia.

Os jesuítas, liderados por Francisco Xavier, chegaram ao Japão em 1549. Os ensinamentos cristãos foram recebidos com entusiasmo no início, com mais de 760.000 pessoas se convertendo em todo o país no começo do século XVII. No entanto, o fervor inicial logo abriu caminho para as duras perseguições que começaram em 1614 e que levaram à sangrenta Rebelião Shimabara, uma aliança de ronins locais e camponeses católicos que lutaram contra as políticas impopulares do xogunato Tokugawa, incluindo a supressão do cristianismo e a consequente perseguição aos cristãos.

Logo após a sua chegada, Francisco Xavier conheceu importantes senhores feudais, incluindo Ōtomo Sōrin, o shugo (governador militar, embora Xavier o tenha descrito como uma espécie de “rei”) das províncias de Bungo e Buzen, que se converteu ao catolicismo romano em 1578. Ōtomo aparentemente usou a cruz como um dos símbolos de seu clã, como visto nesta katana, uma espada cerimonial japonesa:

Seus motivos para converter-se podem não ter sido necessariamente piedosos. Ōtomo estava ansioso por assegurar mais comércio e contatos com os portugueses, consciente dos benefícios tecnológicos e econômicos que daí poderiam advir. De fato, emissários do clã viajaram para Goa, com Xavier, a fim de se encontrar com o governador português da Índia – e ele enviou o primeiro emissário oficial japonês à Europa, Ito Mancio, para se encontrar com o Papa Gregório XIII.

Parte dessa história é contada no famoso romance “Silence“, de Shushaku Endo.

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