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Por que os católicos não consideram impura a carne de porco?

Prato com carne de porco

Shutterstock/Dani Vincek

Prato com carne de porco, que seria considerado impuro por algumas religiões

Francisco Vêneto - publicado em 24/11/22

O próprio Jesus explicou que não é o que vem de fora que torna uma pessoa impura

Por que os católicos comem carne de porco, embora ela seja tratada como impura por judeus e muçulmanos?

As considerações sobre tipos de carnes que podem ou não ser comidas variam bastante entre as culturas – e também há diversidade de princípios entre as religiões.

Há inclusive movimentos que advogam pelo fim completo de qualquer consumo de carne. Recentemente, por exemplo, um grupo ativista de defesa dos animais gerou polêmica ao enviar uma carta ao Papa Francisco pedindo que ele excomungue católicos que comem carne de qualquer tipo. Segundo a agência ACI Prensa, o grupo alega que “ninguém deve comer carne quando a saúde do planeta e o futuro da vida estão em jogo”.

No tocante ao consumo de carne em geral, a mesma agência de notícias consultou o pe. Francisco José Delgado, da arquidiocese espanhola de Toledo, sobre o que a Igreja Católica determina. O padre explicou:

“Na tradição cristã, a fé católica nunca proibiu comer carne”.

Ele acrescenta que essa doutrina é lógica, “tendo em vista o que diz o Novo Testamento”:

“Jesus ensina claramente que nada que vem de fora contamina o homem. Quando os seus discípulos lhe perguntam sobre as suas palavras, surpreendidos pelos seus costumes judaicos, Jesus explica a eles: ‘Será que nem vós compreendeis? Não entendeis que nada do que vem de fora e entra numa pessoa pode torná-la impura, porque não entra em seu coração, mas em seu estômago e vai para a fossa?'”.

O sacerdote ainda ressalta:

“O evangelista São Marcos acrescenta: ‘Assim Jesus declarava que todos os alimentos eram puros'”.

Esta é, basicamente, a mesma razão pela qual não há nenhuma proibição católica ao consumo de carne de porco, muito embora as tradições judaica e muçulmana não a consumam por considerá-la impura.

O pe. Francisco José também recorda que o Apóstolo São Paulo já considerava que não há problemas em se consumir a carne de animais sacrificados aos ídolos, “já que não se dá nenhum valor religioso a esses sacrifícios”. Mesmo assim, o fiel é livre para decidir abster-se de tal tipo de carne em razão de objeções pessoais de consciência. Neste caso, o padre ressalta que “a abstinência de carne não depende do fato de ser carne animal, mas de ter sido sacrificada em um ritual pagão, como era costume entre os gentios”.

O sacerdote ainda trata do significado católico da abstinência de carne por razões penitenciais, como na Quaresma:

“A lógica da penitência não é privar-se das coisas que são proibidas, porque isso já deve ser feito sempre, mas sim das coisas que são permitidas. Portanto, se a Igreja ordena a abstinência de carne em certos dias ou se algumas ordens religiosas o fazem perpetuamente ou em determinados horários, é precisamente porque é permitido comer carne”.

Por fim, o padre recorda que Santo Tomás de Aquino, um dos maiores teólogos da história do cristianismo, confirmava explicitamente que é lícito matar animais para alimentação, assim como é lícito matar plantas para o mesmo fim.

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