"Entendi que não poderia fazer outra coisa senão viver somente para o Senhor", escreveu Charles de Foucauld a seu amigo Henry de Castries. Desde sua conversão até o final de sua vida, ele foi absolutamente fiel a Jesus. Este amor não era um mero sentimento, era uma firme vontade. Alguns meses antes de sua morte, ele escreveu: "O amor consiste não em sentir que se ama, mas em querer amar". Segundo Charles de Foucauld, citado por Maurice Bouvier em seu livro Le Christ de Charles de Foucauld (Desclée Mame), esta relação pessoal com Jesus consiste em imitá-lo. Ele explicou muito bem a seu amigo de liceu Gabriel Tourdes em 1902:
A imitação é inseparável do amor, você sabe que: quem ama quer imitar. Este é o segredo de minha vida: perdi meu coração para este Jesus de Nazaré crucificado há 1900 anos e passo minha vida tentando imitá-lo o máximo que minha fraqueza pode.
Para conseguir isto, Foucauld teve seu "método". Consistia em quatro tipos de orações que eram essenciais aos seus olhos: a oração de adoração, a oração de ação de graças, o ato de arrependimento e, finalmente, a oração de petição. Por que estas quatro orações? Aqui está a explicação do monge:
1A ORAÇÃO DE ADORAÇÃO
"Deus é tão grandioso! Há tanta diferença entre Deus e tudo o que não é Ele", escreveu o futuro santo em 1901. Para Charles de Foucauld, é importante "atirar-se aos pés de Deus" em um ato de adoração. É a maneira mais simples de expressar todo o seu amor por Ele. As palavras de Cristo: "Ao Senhor teu Deus te curvarás" (Mt 4,10), que significa para Charles de Foucauld que a reverência do homem a Deus deve ser acompanhada por uma consciência da insignificância da criação. Cabe à criação respeitar e amar seu Criador. Adorar a Jesus é oferecer todos os pensamentos, coração e alma a Ele, pois somente em Deus "até mesmo o nada adquire significado".
2A ORAÇÃO DE AÇÃO DE GRAÇAS
A segunda oração fielmente praticada por Charles de Foucauld é a de ação de graças. Segundo ele, as palavras "Obrigado por estar a seus pés" devem ser as primeiras palavras que uma pessoa diz quando se ajoelha diante do Santíssimo Sacramento. Como ele explica em suas "Meditações sobre os Salmos", a ação de graças deve primeiro ser precedida por um ato de renúncia ao mal e a tudo o que não é a vontade de Deus. Charles de Foucauld aconselha a dar graças a Deus pelas bênçãos que constantemente envolvem cada momento da vida e por todo o bem que a alma da pessoa que reza já possui. Segundo ele, é essencial agradecer não apenas pela própria vida, mas também pela vida de todas as pessoas que querem amar a Deus com ardor. Assim, a oração de ação de graças deve concluir com uma invocação da bondade do coração de Deus, de sua misericórdia, reconhecendo a necessidade de seu amor, que é necessário para combater as tentações ao longo da vida.
3O ATO DE ARREPENDIMENTO PARA COM DEUS
O terceiro tipo de oração praticada por Charles de Foucauld é o ato de arrependimento para com Deus pelos próprios pecados, assim como pelos dos outros. Em suas meditações sobre a Sagrada Escritura, escritas entre 1896 e 1898, o futuro santo insiste na importância de purificar a alma após cada imperfeição e cada falha. Ele mesmo fazia um exame de consciência todos os dias: de manhã, ao meio-dia e à noite. Segundo ele, a confissão frequente é necessária para iniciar o caminho de reconciliação com Deus antes de receber a comunhão. Charles muitas vezes pediu perdão por se entregar com zelo excessivo ao trabalho físico em detrimento do tempo de adoração diante do Santíssimo Sacramento. Seu sentimento de arrependimento também se aplicava ao descuido na forma como se comportava na igreja ou porque às vezes pensava no que os outros diriam sobre ele. Ele implorou a Deus que o perdoasse por seu orgulho e por sua fuga das dificuldades da vida. Ele também lamentou que tivesse muito pouco desejo de sofrer por amor de Cristo.
4A ORAÇÃO DE PETIÇÃO
Ao recomendar a oração da petição, Charles de Foucauld indica rezar por si mesmo, pelos entes queridos e por aqueles com os quais é difícil se relacionar. Em sua oração de petição, Charles desejava abraçar todos os seus amigos que haviam sido assassinados nas guerras, aqueles que estavam presos, feridos ou sofrendo nas trincheiras da Primeira Guerra Mundial em curso. Ele orou a Deus para que o mal que seu país estava experimentando na época fosse transformado em bem para as almas. Então ele rezou por todos os franceses e todos os seus aliados, pedindo sua conversão, a santificação dos vivos e a salvação dos mortos. Ele pediu a Deus a salvação de toda a humanidade, e de todos aqueles com quem ele entrou em contato diariamente: "Converta todos os pecadores à vida", escreveu ele em suas notas espirituais (L'Esprit de Jésus, Nouvelle Cité). Meditando sobre os últimos momentos da vida de Cristo na cruz, Carlos escreveu um comentário sobre as palavras de Jesus:
"Pai, em tuas mãos entrego meu espírito" (Lc 23, 46).
Esta meditação se tornaria a famosa Oração de Abandono, expressando a essência de sua espiritualidade, que veio em particular destas quatro preces praticadas pelo santo desde sua conversão até o último dia de sua vida.