Aleteia logoAleteia logoAleteia
Quinta-feira 18 Abril |
Aleteia logo
Espiritualidade
separateurCreated with Sketch.

3 exercícios para encontrar o silêncio interior

SILENCE

Shutterstock | phototimedp

Marzena Devoud - publicado em 07/12/22

O silêncio é vital não apenas para encontrar e reconciliar-se consigo mesmo, mas também para se conectar verdadeiramente com Deus

“Há alguns meses, senti a necessidade de fazer uma pausa. Na época, eu trabalhava em uma empresa de consultoria e passava minhas semanas correndo de aeroporto em aeroporto, de cidade em cidade, atendendo clientes em toda a Europa. Eu não estava mais disponível nem para minha família nem para mim”, diz Pierre, 42 anos, pai de três meninos. 

Ele ainda acrescenta: “Era uma corrida perpétua, com apostas profissionais que, em vez de diminuir, pareciam aumentar permanentemente. O estresse estava me sufocando, tornou-se essencial que eu desse um passo para trás”.

Foi então que ele leu uma passagem bíblica em um site. O versículo que o fez buscar o silêncio e, consequentemente, mudou a vida dele, foi o seguinte: “Vinde à parte, para algum lugar deserto e descansai um pouco” (Mc 6,31).

Para Pierre, a experiência foi como um choque elétrico: “O silêncio, a calma, a beleza dos lugares e da natureza ao redor, a oração e as leituras… tive a sensação de voltar às fontes. Isso me permitiu separar o que é essencial e o que não é na minha vida. E, acima de tudo, para realmente me reconectar com Deus. O não falar permite estar atento à sua presença e estar mais disponível para os outros”.

Em busca do silêncio e do significado

Como Pierre, cada vez mais pessoas, sufocadas pelo ritmo ensurdecedor da vida, buscam tranquilidade. Alguns tentam retiros espirituais em mosteiros, outros, curas silenciosas.

Como explicar essa busca? 

Isso é a marca de uma era incerta ou uma moda passageira? “Não somente. Existe realmente uma busca de sentido”, afirma Véronique Durand, coautora do livro ls ont fait une retraite spirituelle  (“Eles fizeram um retiro espiritual”). Para ela, a experiência da vida monástica oferece a possibilidade de reencontro com a simplicidade. Permite momentos de silêncio, oração e contemplação, muitas vezes favorecidos pela calma e beleza do local. “Fiquei alguns dias para compartilhar a vida dos monges, na companhia de outros participantes. Ficamos em silêncio a maior parte do tempo. Gostava de seguir o ritmo dos serviços, de ouvir o canto gregoriano, de partilhar as refeições no refeitório com os irmãos…”, explica Pierre.

Ficar em silêncio é um pouco como zerar os contadores. É encontrar-se, encontrar o próprio fôlego, as próprias alegrias e os próprios medos, as próprias raivas e os próprios entusiasmos.

Tal busca provavelmente está na encruzilhada de várias buscas – equilíbrio interior, busca de si mesmo, busca de um verdadeiro descanso da alma. É também a necessidade de alguns arquivamentos: palavras ociosas, saturação dos sentidos, bombardeio de informações… Sem dúvida, muitos são os motivos para buscar o silêncio. Cada um segue o seu caminho e cabe a cada um aceitar o seu como é.

“Paradoxalmente, ficar em silêncio é um pouco como zerar os contadores e encontrar seus amigos, suas vozes, suas inflexões. É também encontrar a si mesmo, encontrar seu fôlego, suas alegrias e seus medos, suas raivas e seus entusiasmos. Silenciar talvez seja isso também: deixar a palavra para encontrar a voz”, explica o Irmão Rémi Chéno.

Silêncio, a voz de Deus

Claro que o silêncio pode ser assustador e provocar o medo de se achar insignificante, superficial, vazio, inconsistente… É óbvio que o silêncio é uma exposição, uma tomada de risco, mas é também “a chegada de algo mais, que enche o coração e pode trazer lágrimas aos olhos”, explica o Irmão Rémi.

Além disso, o silêncio não é a experiência de uma ausência, mas, sim, de uma presença. “Esse silêncio é a própria voz de Deus, como aquela que Elias reconheceu no monte Horebe… A partir do momento em que percebemos que esse silêncio é a própria voz de Deus, podemos saborear esse silêncio, amar esse silêncio, contemplá-lo”, conclui o irmão Rémi.

Os santos, de fato, parecem ter essa intuição. Madre Teresa de Calcutá, inclusive, afirmou: “Deus é amigo do silêncio. Temos sede de encontrar Deus, mas ele não se deixa descobrir, nem no barulho nem na comoção”. Madre Teresa ainda lembra: “No início da oração há silêncio.”

Três exercícios para encontrar o silêncio

Fazer uma pausa espiritual em uma comunidade monástica nem sempre é fácil. Encontrar, por outro lado, pequenas pausas para fazer silêncio no cotidiano está ao alcance de todos. Não se trata de explorar métodos muito sofisticados. Trata-se, primeiramente, de experimentar uma paz, uma serenidade, uma calma interior. Para começar, aqui estão três exemplos de exercícios.

1Planeje uma caminhada curta

Lembre-se de agendar uma caminhada ou uma curta caminhada de volta do escritório durante o dia. Tente andar devagar e observe cada detalhe enquanto você ouve tudo o que está acontecendo ao seu redor. O barulho não vai parar. Mas você não ficará confuso com isso. Basta deixá-lo coexistir com a sua descida ao silêncio que se abre à contemplação… Paradoxalmente, é possível estar tanto no ruído (interior e exterior) como no silêncio (interior).

2Faça uma refeição em silêncio

Em vez de almoçar na cantina com os colegas, faça a sua refeição em silêncio e convide Deus a vir à sua mesa. Por que não ouvir um audiolivro sobre um santo que te inspira ou um podcast com o testemunho de uma pessoa cuja fé te toca particularmente? É uma maneira simples de se tornar sensível à presença de Deus. 

3Afaste-se por um momento

Antes de uma reunião ou compromisso importante, experimente se afastar por um momento para recuperar o fôlego. Depois, conecte-se com Deus para saber enxergá-lo no outro. Estes poucos minutos de silêncio podem ajudá-lo a ouvir a Deus e também a si mesmo, ao seu cônjuge, aos seus filhos ou… aos seus clientes.

Tags:
EspiritualidadeMeditaçãosilencio
Top 10
Ver mais
Boletim
Receba Aleteia todo dia