Pablo, de apenas 2 anos, teve insuficiência pulmonar e cardíaca e precisou ser conectado a uma máquina de ECMO (oxigenação por membrana extracorpórea) para continuar vivendo. No entanto, ele estava em um hospital em Burgos, no norte da Espanha, e no local não havia uma máquina disponível para ele.
Sylvia Belda, médica intensivista pediátrica em Madri (no centro da Espanha), soube de sua situação e enviou uma mensagem para um grupo especial do WhatsApp. Em uma hora, outro médico pediatra intensivista, um cirurgião cardiovascular e três enfermeiras se mobilizaram para coordenar a transferência do menino para outro hospital, em Madri, onde ele poderia receber os cuidados de que precisava.
Em 2012, Sylvia criou esta iniciativa para conectar profissionais de saúde de toda a Espanha que se voluntariam para viajar a fim salvar vidas. Eles trabalham de forma voluntária e informal.
Uma abordagem em três frentes
O tempo estava se esgotando. Os pulmões e o coração de Pablo estavam começando a falhar e ele precisava ser conectado à máquina urgentemente para se manter vivo.
“Pablo começou com uma infecção respiratória normal, mas a situação foi se complicando. Conectá-lo à máquina ECMO era sua única opção. Se não tivéssemos chegado a tempo, Pablo teria morrido”, explica Sylvia.
Entretanto, a solução exigia uma logística complicada. O hospital de Sylvia, em Madri, tinha a máquina disponível, mas não havia especialistas. Ela contatou dois outros hospitais da cidade, mas eles também não estavam disponíveis. Pediatras de um hospital de Barcelona iam fazer a viagem, mas uma emergência de última hora os impediu.
Assim, a única opção era buscar especialistas de Málaga, no litoral sul da Espanha, que oferecessem seus serviços. “Em apenas uma hora, os três hospitais se coordenaram para tentar salvar a vida de Pablo”, explica a pediatra.
Corrida contra o relógio
Apesar de ter de atravessar todo o país, “a equipe de Málaga não hesitou um instante e até tirou o dinheiro do próprio bolso para comprar as passagens para Madri”, conta Sylvia.
Eles pegaram o primeiro avião comercial disponível para chegar à capital.
Terminada a viagem aérea, começava a viagem terrestre. Uma distância de quase 260 quilômetros os separava do menino que lutava para sobreviver. Felizmente, tudo foi bem coordenado para que a equipe médica de Málaga se deslocasse a Burgos com o equipamento de Madri para salvar a vida da criança. Foi um verdadeiro feito de solidariedade e dedicação à vocação de salvar vidas.
Salvando Pablo
Chegando a Burgos, os médicos conectaram Pablo imediatamente à máquina ECMO, que permitiu que ele fosse transferido para Madri para ser operado, apesar de sua insuficiência cardíaca e pulmonar. Pablo sobreviveu e foi transferido com sucesso para a sala de cirurgia.
Depois de horas na mesa de operação, os pulmões e o coração do pequeno começaram a trabalhar por conta própria.
A gratidão dos pais
Os pais de Pablo estão cheios de gratidão: “Eles vieram salvar nosso menino quando ele mal tinha um fio de vida (…) Agradecemos a eles por tudo, do fundo de nossos corações”.
Pablo ainda depende de um respirador, mas está progredindo. Sua vida não precisa mais da máquina ECMO.
Desde que Sylvia organizou este grupo, cujos membros se coordenam para salvar vidas, dezenas de intervenções como esta permitiram que o tratamento certo chegasse a tempo.
A dedicação dos profissionais de saúde dispostos a percorrer terra, mar ou ar continua a salvar vidas, porque o coração desses médicos chega aonde os protocolos formais ainda não chegam.