No Evangelho de Lucas, João parece estar em crise sobre a identidade de Jesus. Então, ele faz seus mensageiros perguntarem explicitamente se Cristo é mesmo o messias:
“Chegando estes homens a ele, disseram: ‘João Batista enviou-nos a ti, perguntando: És tu o que há de vir ou devemos esperar por outro?'”
Lc 7,20
Crises como a de João Batista são chamadas de “noite escura”. O famoso autor desta expressão é o carmelita São João da Cruz.
Quando estamos neste estado de escuridão, duvidamos de tudo, até mesmo das certezas que sempre nos guiaram na vida. Nesses momentos, as palavras não contam muito, nem argumentos racionais ou tentativas de afastar dúvidas e questionamentos.
Jesus sabe bem disso. Por isso, responde com obras; isto é, ele realiza uma série de milagres significativos.
“Nessa altura, Jesus curava a muitos das suas doenças, padecimentos e espíritos malignos, e concedia vista a muitos cegos.”
Lc 7,21
Certas crises servem para nos purificar – isto é, para fazer cair de nós a crosta de muitas coisas fúteis – e remodelam-nos, fazendo-nos perceber que existem algumas situações que só podemos ultrapassar com humildade. Pois só os humildes se deixam evangelizar pelos acontecimentos concretos. Entregam-se a eles como o barro nas mãos do oleiro.
