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Papa afirma que assinou carta de renúncia em caso de doença

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Antoine Mekary | ALETEIA

I. Media - Reportagem local - publicado em 19/12/22

Declaração foi dada em entrevista a um jornal espanhol

Em entrevista publicada pelo jornal espanhol ABC em 17 de dezembro de 2022, o Papa Francisco revelou que assinou uma carta de renúncia em 2013, ano do início de seu pontificado, caso fosse impedido de continuar seu ministério por razões médicas.

O pontífice de 86 anos explicou que entregou a carta ao então Secretário de Estado da Santa Sé, Cardeal Tarcisio Bertone. “Não sei a quem Bertone deu, mas eu dei a ele quando ele era Secretário de Estado”, disse o Papa. Ele acredita que o cardeal italiano transmitiu a carta ao cardeal Pietro Parolin, seu sucessor na Secretaria de Estado, que tomou posse em outubro de 2013.

De fato, o precedente histórico estabelecido pela renúncia de Bento XVI mostrou que um Papa pode muito bem tornar-se emérito e deixar o pontificado a outro ainda em vida.

Entretanto, a questão de quando um Papa é incapaz de renunciar – por exemplo, se estiver em coma profundo – não foi totalmente resolvida.

Nos últimos anos, vários estudiosos do Direito Canônico – notadamente da escola teológica de Bolonha – fizeram propostas para uma revisão constitucional para levar em conta esta possibilidade.

Outros papas

Na entrevista, o Papa confirmou que o Papa Paulo VI havia deixado uma carta de renúncia em caso de impedimento. “Eu acho que Pio XII também o fez”, acrescentou Francisco.

Até agora, o Papa argentino sempre descartou os rumores de renúncia que surgiram após sua operação no cólon, em julho de 2021, ou depois que sua dor no joelho se intensificou este ano.

Durante o vôo de volta do Canadá, ele confirmou que a possibilidade de uma demissão era uma opção normal, mas que ele nunca havia “aberto aquela porta” até agora. “Com toda a honestidade, não seria uma catástrofe. Podemos mudar de Papa”, acrescentou ele.

Outro ponto sobre o qual os canonistas têm debatido nos últimos anos é o status de pontífice emérito, criado sui generis por Bento XVI. Na entrevista, o Papa Francisco explicou que não está interessado nesta questão e não quer tocar nela. “Tenho a sensação de que o Espírito Santo não tem interesse que eu lide com estas coisas”, respondeu Francisco ao jornalista espanhol.

Próximo conclave

O Papa Francisco, que completou 86 anos em 17 de dezembro e está se aproximando de seu 10º aniversário como pontífice, também confidenciou que o único conselho que ele poderia dar a seu sucessor é “não cometer os erros” que ele cometeu. A um jornalista que lhe perguntou se ele pensava ter cometido muitos erros, ele respondeu: “Sim, há alguns, sim”, sem dar nenhum detalhe.

O pontífice também reconheceu que a diversidade do colégio de cardeais que compôs nos últimos anos – mais internacional e pastoral, menos curial – pode tornar o próximo conclave mais difícil, “do ponto de vista humano”, disse ele, antes de assegurar: “Mas quem trabalha é o Espírito Santo”.

Uma mulher para dirigir um dicastério

Embora o Papa tenha feito várias nomeações de mulheres para cargos importantes na Cúria Romana durante seu pontificado, ele nunca colocou uma à frente de um dicastério – o equivalente a um ministério. “Tenho uma em mente para um dicastério que estará vago dentro de dois anos”, disse o Papa argentino.

Ele assegurou que não há “nenhum obstáculo para uma mulher guiar um dicastério onde um leigo possa ser prefeito”, como previsto na nova constituição Praedicate Evangelium, publicada em março passado.

Fake news

Na mesma entrevista, o Papa também falou sobre o caso do presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva. Para Francisco, o julgamento de Lula por corrupção passiva começou com fake news. “Criaram uma atmosfera que favoreceram seu julgamento…. O problema das notícias falsas sobre líderes políticos e sociais é muito sério. Elas podem destruir uma pessoa”, afirmou o pontífice. Ele ainda disse: “Um julgamento deve ser o mais limpo possível, com tribunais de primeira classe que não tenham outro interesse que manter limpa a justiça”.

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