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A emoção dos fiéis que vieram dizer adeus a Bento XVI diante de seus restos mortais

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© Vatican Media

I. Media - publicado em 02/01/23

Uma multidão de católicos ligados à figura do papa emérito está presente

Romanos, alemães, americanos e pessoas de todas as partes do mundo começaram a vir neste 2 de janeiro de 2023, em virtude do falecimento de Bento XVI em 31 de dezembro, para prestar uma última homenagem ao pontífice falecido, cujos restos mortais estão expostos por três dias na Basílica de São Pedro. Estas dezenas de milhares de fiéis, formando filas desde a primeira manhã de exposição, expressam o quanto quiseram estar lá para este momento comovente e único.

Roma respira uma atmosfera diferente, enquanto são implantadas barreiras e forças de segurança na Via della Conciliazione. Uma multidão de católicos ligados à figura do papa está presente, embora muitos concordem que essa partida era esperada. «Ele tinha 95 anos, na Alemanha diz-se: é o ciclo normal, nascer, trabalhar, morrer», sublinha Franka, quinquagenária vindo de Frankfurt especialmente para prestar uma última homenagem ao Papa da sua pátria. «Nos últimos meses, vimos nas fotos que ele era realmente um homem idoso, é natural, ele mesmo disse que declinou e que esperava o seu encontro com Deus».

Franka voou sem hesitação, ansiosa para estar entre os primeiros a entrar na basílica. Sou uma ‘fã’ de Bento XVI, brinca ela. Acompanhei de perto todo o seu pontificado desde a sua eleição em 2005. Estive presente na sua passagem por Colónia, Viena, Berlim, Munique, Zagreb, Londres, Paris, e estive várias vezes em Roma. E eu estava presente em Castelgandolfo na última noite em que saudou a multidão, depois de se ter retirado (28 de fevereiro de 2013, ndlr)».

Para Franka, o papa emérito era «alguém especial». Ele foi papa oito anos, é uma pequena parte de sua vida, e em oito anos não se pode mudar muito, é curto. Além disso, Ratzinger era mais um grande professor do que um pastor – se pensarmos sobre isso, podemos entender como foi difícil para ele ser papa. Quando o vi, vi um homem que acreditava profundamente em Deus, e isto é o mais importante».

Às 9h, enquanto as portas da maior basílica do mundo abrem, os fiéis começam calmamente a avançar. «Há muitos jovens», surpreende-se um jovem adulto romano que veio com sua esposa, agradavelmente surpreendido pela multidão. «Ontem eu apostava que não haveria muita gente, porque este papa já se tinha retirado há quase 10 anos, mas eu estava enganado». A fila estende-se pela praça, frondosa e tranquila, enquanto agentes de manutenção limpam as calçadas para a celebração do funeral, em 5 de janeiro.

Repercussão

Três amigos italianos de vinte anos, Gianluca, Matteo e Alessandro, insistiam firmemente em «ver os restos mortais» do Papa defunto. Levantaram-se ao nascer do sol e viajaram 100 km de carro desde a província de Latina. Gianluca reconhece em Bento XVI uma figura importante a nível teológico, sobretudo porque procurou examinar a relação entre fé e ciência. Ele procurou levantar temas realmente interessantes no mundo de hoje, onde somos dominados pela ciência em todas as nossas ações. Ora, não se pode ver a fé numa mentalidade científica, que apresenta uma coisa e a sua demonstração imediata. O seu trabalho intelectual é verdadeiramente intrigante».

Ganhando pouco a pouco os degraus do átrio, as vozes não passam de sussurros, para se extinguirem atravessando o limiar, entre os batentes das grandes portas. Emoldurados por barreiras, os fiéis sobem silenciosamente a calçada central, preparando-se para o recolhimento e o espírito de oração.

No entanto, diante do altar onde repousa o corpo do pontífice alemão, vestido com vestes litúrgicas vermelhas, é impossível fazer uma devoção prolongada. Os peregrinos são gentilmente guiados pelos agentes de segurança em um fluxo contínuo. No stop… avanti, avanti… Repetem com autoridade os guardas. De ambos os lados do falecido pontífice, prelados rezam com as mãos unidas, de cabeça baixa.

Ao pé do corpo do «seu papa», Franka hesita alguns instantes, conduzida para a saída pelos vigilantes. Atrás dela, uma família de turistas americanos também mostra um certo desencanto de não poder deter-se um momento em oração. De qualquer forma, dezenas de pessoas ajoelham-se mais adiante, diante do grande presépio, murmurando a sua última oração de despedida. Antes de dar um passo mais devagar.

Irmã Denise, de Ouagadougou, Burkina Faso, que vive em Roma para estudos, está lá com duas religiosas africanas. «Soubemos da notícia da morte do Papa e dissemos a nós mesmos que valia a pena vir, prestar homenagem por tudo o que ele fez por nós, por toda a Igreja, e rezar pelo descanso da sua alma». «Vimos com os nossos olhos. É a primeira vez que vejo o corpo de um papa exposto. Para mim é muito misterioso». E conclui com um sorriso doce: «Sinto alegria; e depois no modo como está exposto, serenamente, a minha fé diz-me que já está no Céu, e é magnífico».

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