Em 2 de janeiro de 2022, o arcebispo Georg Gänswein, que trabalhava como secretário pessoal de Bento XVI desde 1996, já estava presente na Basílica de São Pedro quando os fiéis chegaram para rezar e prestar suas homenagens diante do corpo do falecido Papa. Muitos fiéis correram para saudar Gänswein, que recebeu os agradecimentos e as condolências com um grande sorriso e poucas palavras.
O Papa Bento XVI está exposto ao pé do baldaquino de Bernini na Basílica de São Pedro, como João Paulo II ficou em 2005. O Pontífice está vestido com uma simples casula vermelha sobre uma alva branca bordada e usando uma mitra. Ele segura um terço com contas de madeira na mão e não usa o pálio do bispo de Roma, ao contrário de seus predecessores que morreram no cargo.
A transferência do corpo de Bento XVI do mosteiro Mater Ecclesiae para a basílica ocorreu durou 15 minutos, segundo informou a Santa Sé. O Cardeal Mauro Gambetti, Arcipreste da Basílica de São Pedro, presidiu um breve rito, que foi concluído às 7h40 do dia 2 de janeiro.
Os poucos membros da “família” do Mosteiro Mater Ecclesiae estiveram presentes para testemunhar a trasladação do corpo de Bento XVI
Todos rezaram alguns minutos diante do corpo, enquanto a multidão se movia ininterruptamente atrás deles.
Secretário de Bento XVI: perto do Papa até o fim
O arcebispo Gänswein, que foi porta-voz do Pontífice nos últimos anos, não saiu de perto do corpo do Papa. Ele apertou as mãos que lhe foram oferecidas e deixou que alguns fiéis e religiosos beijassem seu anel episcopal.
Acolhendo todas essas expressões de afeto com um sorriso caloroso, o bispo alemão aproveitou para dirigir uma palavra a todos. Agradeceu, por exemplo, um jovem sacerdote indiano que lhe confidenciou que sua conversão e sua vocação foram motivadas pela leitura dos ensinamentos do Pontífice-teólogo.
Um jovem alemão, que esperava na fila há mais de duas horas para homenagear “seu Papa”, foi até uma das barreiras para dirigir algumas palavras ao prelado em sua língua nativa. Depois de uma conversa breve e visivelmente comovente, o jovem finalmente começou a chorar.
Padre Domingo também esperou e evitou a vigilância de um guarda para ir agradecer ao arcebispo Gänswein com um abraço fraterno: “Agradeci muito, ele esteve ao lado de Bento todos esses anos”.
26 anos servindo
Georg Gänswein, como Bento XVI, é do sul da Alemanha, onde nasceu em 1956. Muitas vezes carinhosamente chamado de "Padre Georg", ele foi ordenado em 1984 e prosseguiu seus estudos universitários em Munique antes de ir a Roma, em 1995, para trabalhar na Cúria.
No ano seguinte, em 1996, ele entrou na Congregação para a Doutrina da Fé, sob a direção do Cardeal Joseph Ratzinger, com quem trabalhou desde então.
Em 2003, ele se tornou secretário pessoal do Cardeal Ratzinger, que o escolheu após sua eleição para o trono de Pedro em 2005. Em 2012, ele se tornou prefeito da Casa Pontifícia, e foi ordenado arcebispo no início de 2013.
Ciente do desejo do Papa Bento XVI de renunciar em setembro de 2012, como revelou em uma entrevista publicada em 2 de janeiro de 2023 por La Repubblica, desempenhou um papel importante após a eleição do Papa Francisco, que o manteve no cargo. Assim, tornou-se o elo de ligação entre a Residência de Santa Marta, para onde o Pontífice argentino se mudou em 2013, e o Mosteiro Mater Ecclesiae, onde o Papa Emérito permaneceu até sua morte.
Como porta-voz de Bento XVI, com quem residiu durante seus últimos anos, o Arcebispo Gänswein foi afastado de suas responsabilidades como prefeito da Casa Pontifícia após a publicação, em 2020, de um livro de autoria conjunta do Cardeal Robert Sarah e de Bento XVI que causou controvérsia. Ele então se concentrou em sua missão junto ao Pontífice Emérito, a quem acompanhou até o final.
Livro
O arcebispo Georg Ganswein publicará em janeiro de 2023 um livro de sua autoria. A obra apresenta os bastidores de várias situações difíceis enfrentadas por Bento XVI, inclusive após ter se tornado Papa Emérito. Além disso, o livro responderá a muitas das calúnias produzidas para difamar o Papa alemão.
Com o título Nient’altro che la veritá. La mia vita al fianco di Benedetto XVI (“Nada além da verdade. Minha vida com Bento XVI”), o livro será publicado na Itália pela editora Piemme de Mondadori.