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Por que as almas dos falecidos raramente nos visitam?

Mulher idosa sentada em sala com luminosidade da janela, representando possibilidade de que almas nos visitem

Jacob Lund | Shutterstock

Philip Kosloski - publicado em 10/01/23

É verdade que o grande teólogo S. Tomás de Aquino acreditava em "fantasmas"?

Para os católicos, as almas são um fato real, tanto no caso das pessoas vivas quanto no das pessoas que já partiram deste mundo. Afinal, todos os seres humanos vivos são uma unidade de corpo e alma, sendo o corpo mortal e a alma imortal. Por isso mesmo, as almas das pessoas que já faleceram neste mundo continuarão existindo na eternidade.

O nosso conceito de alma, portanto, não equivale ao popular conceito de “fantasma” que vemos nas histórias de ficção.

Segundo o catolicismo, uma alma que já partiu deste mundo pode estar na glória do céu, no purgatório purificando-se para entrar no céu, ou, infelizmente, no inferno, caso tenha optado por afastar-se definitivamente de Deus, pecando em matéria grave com plena consciência e consentimento e morrendo sem reconciliar-se com Ele.

Em um suplemento à sua Summa Theologiae, o grande filósofo e teólogo S. Tomás de Aquino fala sobre a possibilidade de que as almas que já partiram desta vida apareçam para pessoas ainda vivas neste mundo:

Por disposição da Divina Providência, às vezes as almas de pessoas falecidas saem de sua morada e aparecem aos homens, como relata Agostinho sobre o mártir Félix, que apareceu visivelmente ao povo de Nola durante a sua situação de sítio pelos bárbaros. Também é crível que isto possa excepcionalmente acontecer com almas de condenados, e que, para instrução e intimidação do homem, elas possam aparecer aos vivos; ou, ainda, para buscarem os nossos sufrágios, com aquelas almas que estão detidas no purgatório, como demonstram muitos casos relatados no quarto livro dos Diálogos.

Por que as almas de pessoas falecidas aparecem?

Almas do purgatório podem nos aparecer para pedir as nossas orações, enquanto almas condenadas ao inferno podem aparecer para nos instruir ou inspirar o temor de Deus em nosso coração. Almas que estão no céu também podem aparecer-nos, para nosso benefício espiritual.

Tomás de Aquino aponta que há uma grande diferença entre os santos no céu e os condenados no inferno.

Existe, porém, esta diferença entre os santos e os condenados: os santos podem aparecer aos vivos quando querem, mas os condenados não; pois os santos, enquanto vivem na carne, podem pelos dons da graça curar e operar maravilhas, o que só pode ser feito milagrosamente pelo poder divino, e não pode ser feito por aqueles que não têm tal dom; de modo semelhante, não é incompatível com as almas dos santos que elas sejam dotadas de um poder, em virtude da sua glória, de aparecerem maravilhosamente aos vivos, quando quiserem. Por outro lado, outros não o podem, a menos que excepcionalmente lhes seja permitido.

Essencialmente, os santos no céu estão completamente unidos a Deus e podem aparecer quando for mais apropriado. Já as almas dos condenados ao inferno não têm essa união e só podem aparecer a uma pessoa viva se Deus considerar necessário e salutar a essa pessoa.

Mesmo as aparições de almas condenadas, porém, não devem ser confundidas com manifestações demoníacas: as manifestações do demônio, que também podem ocorrer, têm o intuito de nos causar grande perturbação, a fim de nos afastar de Deus.

As almas, em suma, são reais, eternas e, após a morte do corpo, não costumam aparecer aos vivos. As eventuais e raríssimas aparições só acontecem quando é a vontade de Deus, que leva a sério a ordem da sua própria criação.

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