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Em algum lugar, lá no fundo, deve brilhar um sol

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Talita Rodrigues - publicado em 03/02/23

A noite pode nos levar para um lugar profundo e rico. E o que torna esse lugar interessante é que lá o sol há de brilhar

Quando éramos pequenos e tínhamos o sol, era impossível ficarmos sozinhos porque todas as coisas tinham vida. E nós nos encantávamos com a vida das coisas. A morte era estranha porque a pessoa ficava lá de olhos fechados fingindo que dormia – como quando as pessoas dormiam fingindo que morriam. 

Morrer talvez significasse não ver alguém por um tempo maior, mas não que a pessoa deixasse de existir. Afinal o que a existência tinha a ver com a visibilidade? O próprio tempo era elástico, maleável e infinito… antes de aprendermos a contar. 

Aprender a contar tornou o tempo terrivelmente finito! E nos pedaços estáticos de tempo, também fomos aprendendo a ser mais rigidamente instalados em nós mesmos, limitados no espaço por uma cobertura de pele, cada vez mais isolados do mundo e do outro. 

E a vida foi ficando parada, se movendo como uma roda dentada e não mais como o fluir de um rio de fantasias. No entanto, ainda podíamos manter a certeza secreta de que todo aquele jeito de ser estático das coisas era puro fingimento. 

Quando éramos pequenos tínhamos o sol e ele nos incendiava com inevitável doçura. Não sabíamos que amávamos porque não sabíamos como era não amar, como era não ser, como era não viver. A educação ainda não havia destituído a vida de sentido, nem roubado de nós o mistério.

Quando éramos pequenos, tínhamos o sol, e éramos grandes. Somente depois que nos tornamos grandes, adultos, é que ficamos pequenos. Nossa percepção e sentidos limitou-se à realidade aparente e perdemos o invisível de vista. Não tínhamos mais o sol.

Anoiteceu tão de repente! Não! Anoiteceu devagar e, um dia, de repente, percebemos! 

A noite, no entanto, pode nos levar para um lugar profundo e rico. Lá dentro! 

E o que torna esse lugar interessante é que disseram que lá, em algum lugar lá no fundo, deve brilhar um sol.”

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