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Por que Bento XVI sempre colocava um crucifixo no centro do altar

BENEDYKT XVI O KAPŁAŃSTWIE

AFP PHOTO / VINCENZO PINTO/EAST NEWS

Philip Kosloski - publicado em 06/02/23

Alguns até poderiam dizer que o crucifixo no centro do altar não deveria ser permitido, pois impede a visão dos fiéis

O Rito Romano da Igreja Católica exige que um crucifixo seja colocado no altar ou próximo a ele, mas não há exigência específica sobre o lugar onde ele deve ser fixado. Pode ser na parede, pode ser a cruz processional ou simplesmente uma pequena cruz colocada sobre a mesa sagrada.

No entanto, o Papa Bento XVI foi um forte defensor de se ter um crucifixo grande e visível sempre no centro altar. O Papa Francisco também continuou essa tradição, seguindo o exemplo de seu predecessor.

Bento XVI explicou seu raciocínio no livro “Introdução ao Espírito da Liturgia”, que o Vaticano cita em seu site. Ele primeiro explica a alegação de que um crucifixo no altar “obstruiria” a visão da congregação sobre o padre:

“Não é necessário na oração e, mais do que isso, não é conveniente olhar-se reciprocamente; muito menos ao receber a Comunhão.[…] Em uma implementação exagerada e mal compreendida de ‘celebração para o povo’, de fato, as cruzes no centro dos altares foram removidas como norma geral – mesmo na Basílica de São Pedro em Roma – para não obstruir a visão entre o celebrante e o povo.”

Do ponto de vista de Bento XVI, o crucifixo não é um “obstáculo”, mas um “convite” a olharmos juntos para o Senhor:

“No entanto, a cruz no altar não é um impedimento à vista, mas sim um ponto de referência comum. É um ‘iconostasi’ que permanece aberto, que não impede estar mutuamente em comunhão, mas é um mediador e ainda significa para todos a imagem que concentra e unifica nosso olhar. Atrevo-me a propor a tese de que a cruz no altar não é um obstáculo, mas a condição prévia para a celebração ‘versus populum’. Também ficaria claro com isso a distinção entre a liturgia da Palavra e a oração eucarística. Enquanto a primeira se refere ao anúncio e, portanto, a uma relação recíproca imediata, a segunda se refere à adoração comunitária na qual todos nós continuamos a receber o convite: ‘Conversi ad Dominum’ — voltemo-nos para o Senhor; convertamo-nos ao Senhor!”

Comentando a tendência de alguns de deixar o crucifixo mais de lado no altar, Bento XVI explicou seus sentimentos de maneira bastante clara:

“Mover a cruz do altar para o lado para dar uma visão ininterrupta do padre é algo que considero um dos fenômenos verdadeiramente absurdos das últimas décadas. A cruz é perturbadora durante a Missa? O padre é mais importante que Nosso Senhor?”

Enfim, a Liturgia Eucarística oferece uma oportunidade tanto para o sacerdote como para a congregação de “voltar-se para o Senhor”, ambos olhando com amor para Jesus Cristo, cuja morte se torna presente através das palavras do sacerdote.

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