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Terremoto na Síria: menos de 1 minuto foi pior que 12 anos de guerra

Terremoto na Síria e Turquia AFP

AFP

Ajuda à Igreja que Sofre - publicado em 08/02/23

"As pessoas estão chocadas, não falam muito. Muitos ficaram feridos. Muitos morreram"

A Síria está em guerra há quase 12 anos, mas, para muitas pessoas em Alepo e em outras cidades afetadas, o devastador terremoto deste 6 de fevereiro foi ainda mais traumático.

A irmã Annie Demerjian, religiosa católica que vive e trabalha na cidade, declarou à fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN):

“Se você perguntar ao povo de Alepo sobre a guerra que eles viveram, eles expressam seus sentimentos de dor, de medo, desespero quanto ao futuro, perda de segurança etc. Eles usam muitas expressões diferentes para se referir à guerra de 12 anos. Mas se você perguntar a eles sobre o terremoto que eles acabaram de sofrer, a resposta é apenas uma palavra: horror”.

E acrescentou:

“Imagine que você está na cama às 4 da manhã e o chão começa a tremer violentamente. As portas se abrem, os vidros se quebram, as paredes balançam violentamente, os sons de gritos e desmoronamentos vêm lá de fora, e só um grito surge das profundezas do terror: Meu Deus! Menos de um minuto foi mais forte do que toda a guerra. Na guerra existem áreas seguras e outras perigosas, mas de repente todas as áreas ficaram perigosas”.

Dormindo no hospital

Anne Marie Gagnon, das Irmãs de São José da Aparição, é diretora do principal hospital católico São Luís, em Alepo, e tem estado muito ocupada ajudando os sobreviventes do terremoto.

Em mensagem à ACN no dia do desastre, a irmã relatou:

“Em Aleppo caíram muitos prédios de apartamentos, há muitos mortos e feridos. Ainda por cima está chovendo e fazendo muito frio. Acabamos de operar duas pessoas com ferimentos. Temos uma família cristã no hospital cujos familiares morreram no terremoto. Agora estamos aguardando a chegada do corpo do padre falecido, o pe. Daher”.

O próprio hospital resistiu ao terremoto, mas danos estruturais põem a sua segurança em risco.

“No nosso hospital, há uma parte que parece que vai cair. Mas estamos focados em prestar atendimento gratuito às pessoas que estão feridas”.

O desabamento de prédios é um temor recorrente numa cidade que ainda não se recuperou dos anos de combates e bombardeios, pois a guerra já tinha fragilizado estruturalmente uma enorme quantidade de construções. Igrejas também foram afetadas, incluindo a Catedral Siríaca Ortodoxa de São Jorge.

Há famílias que não têm para onde ir.

“As pessoas estão recorrendo às igrejas e conventos e a nós, no hospital, pedindo para ser abrigadas até que esta crise passe. Muitos edifícios estão com rachaduras e as pessoas que estão no quarto ou no quinto andar têm muito medo de ficar lá. Colocamos alguns colchões no chão para o nosso pessoal ficar aqui”.

Um lugar para passar a noite

Terremoto-Turquia-Síria-AFP

O cenário é confirmado pela Irmã Arlene, carmelita, também de Alepo. Embora a sua comunidade seja de clausura, o trágico acontecimento levou as freiras a abrirem as portas para pessoas que buscam ajuda.

“As famílias estão com medo e não querem voltar para casas. Procuram um lugar para passar a noite. Cinco famílias vieram até nós e estamos abrigando todas elas. Outras famílias estão indo para escolas e igrejas. Talvez, se à noite a situação estiver boa, eles voltem para casa, mas há danos nas casas. Esta noite, como congregação, estamos orando pela paz. As pessoas estão chocadas, não falam muito. Muitos ficaram feridos. Muitos morreram”.

Muita pobreza

Terremoto-Turquia-Síria-AFP

Embora a Síria não tenha sido o único país afetado pelo terremoto – e os danos e mortes possam ser significativamente maiores na Turquia -, o fato é que, na Síria, esta é mais uma catástrofe a ser acrescentada a uma lista já muito longa.

A irmã Anne Marie reforçou à ACN:

“Primeiro uma guerra, depois a covid, depois as sanções e agora um terremoto. As pessoas são muito pobres: não têm dinheiro para comer; não têm nem grãos, nem óleo para cozinhar”.

Vários países ocidentais e da região atingida, bem como organizações não governamentais, já prometeram ajuda, mas os sírios esperam mais.

“Precisamos levantar as sanções. Pedimos aos nossos benfeitores que rezem por nós e para que as sanções sejam retiradas. Eles precisam conversar com os poderes da Europa para acabar com estas sanções”.

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