A passagem do Evangelho de São Marcos entre os versículos 14 e 23 é extraordinária! Ela corrige todas as distorções religiosas de uma vez por todas.
Muitas vezes, nossa religiosidade é bastante pagã. Um exemplo: quando pensamos que certas coisas podem nos tornar “impuros internamente”. Jesus aponta claramente que as coisas são sempre boas. Se elas nos machucam é porque as usamos mal – não porque elas são inerentemente ruins.
Um remédio pode nos envenenar ou nos salvar; tudo depende da dosagem e do uso que fazemos dele. A sexualidade é um dom de Deus, mas pode se tornar um vício. Compartilhar vinho é um dos mais belos gestos de amizade, mas abusar dele pode se tornar uma doença grave. Os relacionamentos nos mantêm vivos, mas às vezes se tornam formas de idolatria. Seria errado dizer que todas essas coisas são inerentemente ruins.
Jesus afirma:
“O que sai do homem, isso é que mancha o homem. Porque é do interior do coração dos homens que procedem os maus pensamentos: devassidões, roubos, assassinatos, adultérios, cobiças, perversidades, fraudes, desonestidade, inveja, difamação, orgulho e insensatez. Todos estes vícios procedem de dentro e tornam impuro o homem.”
Marcos 7,20-23
Tratados foram escritos sobre cada uma das “coisas más” que Jesus lista nesta passagem. Mas também podemos nos concentrar apenas no detalhe inicial: é do coração do homem que sai o mal que realmente pode nos machucar.
Temos que vigiar nossos corações. É lá que a nossa vida é decidida. Diga-me o que sai do seu coração e eu lhe direi quem você realmente é.
