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Por que a perfeição parecia simples para Santa Teresinha e como entendemos tudo errado

Jesus estende a mão ao pecador

Jesus Cervantes | Shutterstock

Peter Cameron - publicado em 20/02/23

O Evangelho tem um mandamento que parece impossível. Até entendermos que não se trata de fazer, mas de aceitar...

A perfeição é algo que buscamos incansavelmente. Queremos notas perfeitas, férias perfeitas, o cônjuge perfeito. Mas, muitas vezes, nossa percepção de perfeição é imperfeita. Quando Jesus nos ordena “sede perfeitos, assim como vosso Pai celeste é perfeito” (Mt 5,48), ele não está nos instruindo a sermos irrepreensíveis, a nunca cometermos um erro. 

A raiz da perfeição

De uma certa perspectiva, a perfeição aqui na terra simplesmente não é possível. O texto clássico A Teologia da Perfeição Cristã  explica o porquê: 

“Até mesmo nas alturas da perfeição existem faltas e fracassos voluntários, como pode ser provado na vida dos santos. A razão é que, mesmo quando as faculdades e poderes da alma transformada são habitualmente ordenados a Deus, eles não podem ser tão perfeitos que nunca se distraiam ou se apeguem aos bens criados e, assim, cometem certas imperfeições ou pecados veniais. Na terra é impossível evitar toda imperfeição.”

Tornar-se perfeito começa no autoconhecimento franco. O Servo de Deus Peter Semenenko nos ajuda a entender isso: “O espírito humano, em si, é nada. Por si só não tem nada que possa dar ao ser humano plenitude, significado, grandeza, poder e autoridade, isto é, toda a perfeição.”

A convocação do Senhor à perfeição é sua revelação para nós de nosso destino. E a melhor definição de “destino” que encontrei é que destino é a urgência que sentimos por dentro para descobrir o que faz valer a pena estar aqui. O desafio de Cristo visa ativar essa urgência junto com nossa disposição de abraçá-la. Porque a perfeição não implica ser impecável. Em vez disso, de acordo com a raiz da palavra, perfeição é possuir o fim, a meta, o propósito para o qual existimos. 

Ao nos ordenar a perfeição, Jesus não está nos pedindo para fazer o impossível, mas para aceitar isso. A perfeição acontece quando permitimos que nossa capacidade de plenitude seja preenchida por Outro.

Como ser perfeito

O principal problema é que, ao tentarmos obedecer ao chamado do Senhor para sermos perfeitos, muitas vezes fazemos isso da maneira errada. Aceitamos a mentira de que nos tornamos perfeitos ao levarmos a Deus as nossas virtudes para que Ele possa validá-las. Mas nosso apego às nossas próprias virtudes nos impede de confiar em Deus – o único que pode preencher nossa capacidade de sermos perfeitos. Isso é o oposto de ser perfeito. 

Então, o que devemos fazer para nos tornarmos perfeitos? A resposta é: levar a Deus a nossa fraqueza, a nossa incapacidade, a nossa falta de bondade, a nossa miséria. Quando ousarmos parar de tentar provar o quanto somos bons em nós mesmo e quando ousarmos nos alegrar em nossa própria fraqueza, seremos aperfeiçoados por Deus na nossa própria imperfeição. É esse humilde reconhecimento de nossa real fraqueza que move o Pai a compartilhar Sua perfeição conosco. 

A sabedoria de Santa Teresinha do Menino Jesus, Doutora da Igreja, irradia em uma observação pungente: 

“A perfeição me parece simples: a perfeição consiste em fazer a vontade de Deus, em ser o que Ele quer que sejamos. Vejo que basta reconhecer o próprio nada e abandonar-se como uma criança nos braços de Deus.”

Perfeito como o Pai

Mas como é a perfeição de Deus? São Tomás de Aquino responde: 

“A perfeição de Deus consiste no amor mais amplo a todas as pessoas, boas e más. Consiste em gentileza, paciência, moderação e temperança dos apetites: a mais alta paz e tranquilidade da alma, de modo que nenhum dano, ira ou vingança possa afetá-la, para que seja imperturbável e sem paixões.”

Enfim, começamos a ser perfeitos quando cremos que o Pai nos ama dessa forma.

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