Um poema de George Herbert (+1633) fala da oração como “o sopro de Deus no homem que retorna ao nascimento… trovão invertido… o sangue da alma”.
Ele fala a partir da situação comum de quem se sente esgotado, de coisas que estão desmoronando - de precisarmos de algo maior do que nós mesmos para sermos nós mesmos. Quando estamos desfeitos, precisamos ser refeitos. E buscamos, então, a oração para nos recriar.
O clássico espiritual A Nuvem do Desconhecido (The Cloud of Unknowing), do século XIV, fornece excelentes conselhos práticos aos que estão desgastados em busca de um modo de orar:
Sempre que fores atraído pela graça para o trabalho contemplativo e estiveres determinado a fazê-lo, simplesmente eleva teu coração a Deus com uma suave moção de amor. Pensa apenas em Deus, o Deus que te criou, te redimiu e te guiou a esta obra.
A oração poderia assumir uma forma como esta. Instalando-se num lugar tranquilo, acalme-se o máximo que puder e, então, com uma serena moção de amor, ore: Deus Amantíssimo… Vós me criastes… Vós me redimistes e me chamastes para Vós… somente pela vossa graça. Eu anseio por Vós… A Vós procuro… A Vós, e nada menos que a Vós. A simples reafirmação orante desses fatos revoga o caos, renovando-nos e rejuvenescendo-nos enquanto leva a Verdade à irrupção.
A gigante espiritual Santa Isabel da Trindade era devota deste mistério e nos anima com seu fervor:
Ó meu Deus, Trindade a quem adoro, deixai-me esquecer inteiramente de mim, para que possa habitar em Vós, em quietude e tranquilidade, como se minh'alma já estivesse na eternidade. Pacificai a minh'alma! Fazei dela um paraíso vosso, amada morada vossa e lugar do vosso repouso. Que eu nunca vos deixe só, mas sempre esteja alerta, com fé sempre atenta, sempre adorando e totalmente entregue à vossa ação criativa.