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Quaresma, uma excelente pedagogia da repetição?

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Valdemar De Vaux - publicado em 23/02/23

Sejamos francos, o retorno da Quaresma nem sempre é motivo de alegria. Todos os anos, temos que recomeçar a jejuar, rezar e partilhar para nos prepararmos para a Páscoa. A conversão, como qualquer exercício de liberdade, sempre recomeça. Mas entenda por que isso é tão positivo:

“A repetição é a base de toda pedagogia”, os professores gostam de dizer, divagando por função. Se a Igreja é nossa mãe – ela pode até ter seus defeitos – então sua educação deve envolver também a repetição. Será que o próprio Deus não faz isso? Toda a história santa consiste em uma sucessão de pactos entre o Criador e seu povo, que nunca deixa de trair seu protetor e depois implorar-lhe que permaneça favorável a ele.

A nova aliança, selada na cruz pelo sangue de Jesus e feita eterna pela ressurreição do Filho, muda radicalmente a situação, mas não a natureza humana. É verdade que já somos ressuscitados por nosso batismo e, portanto, participantes da vida divina. A aliança é agora definitiva, como Cristo nos lembra na Última Ceia. No entanto, permanecemos sujeitos à concupiscência, fruto de nossa liberdade como filhos de Deus.

Um tempo para formar nossa liberdade

Esta liberdade é o fundamento de nossa dignidade e nos dá a alegria de escolher a vida que Deus nos dá. Esta liberdade, também, que muitas vezes nos leva por caminhos que não são os de Deus. O período quaresmal que vem e vai a cada ano deve, portanto, ser entendido como uma ferramenta pedagógica que a Igreja nos proporciona. Através da oração, do jejum e da partilha, através da progressão litúrgica destes dias que levam à Páscoa, procuramos formar nossa liberdade.

Outra Quaresma? Sim, para tentar, mais uma vez, vigiar para não cair em tentação, como Jesus aconselhou seus apóstolos a fazer no Getsêmani. Vigiar, porque não sabemos o dia ou a hora em que Cristo nos chamará para Ele, ou voltar em glória para julgar todas as coisas.

Convertam-se um pouco mais

Estes quarenta dias que estão diante de nós novamente este ano são uma oportunidade para converter um pouco mais, pois o passar do tempo muitas vezes nos faz desviar pouco a pouco, quase imperceptivelmente, do caminho que nos conduz a Deus. Como em um canal: se o porto é o paraíso, temos uma tendência infeliz de virar a bombordo ou a estibordo, arriscando as armadilhas. Penitência, jejum e partilha são como boias em nosso caminho para garantir que estamos rumando na direção certa: a santidade.

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LiturgiaOraçãoQuaresma
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