Por que jejuar? Esta parece ser a questão que o Evangelho de Mateus aborda:
“Então, os discípulos de João, dirigindo-se a ele, perguntaram: ‘Por que jejuamos nós e os fariseus, e os teus discípulos não?’ Jesus respondeu: ‘Podem os amigos do esposo ‘estar triste’, enquanto o esposo está com eles? Dias virão em que lhes será tirado o esposo. Então, eles jejuarão’.”
Mt 9,14-15
A resposta de Jesus deixa claro que uma pessoa jejua “por alguém” e não “por alguma coisa” – não se jejua “em abstrato”, por assim dizer. Fazer isso significaria dar à nossa prática religiosa uma espécie de atributo mágico: “se eu fizer isso, então aquilo acontece”. Por outro lado, jejuar “por alguém” nos lembra que estamos fazendo coisas para manter nossos relacionamentos funcionando.
Se a pessoa que amamos está conosco, temos todos os motivos para sermos felizes. Se essa pessoa não está conosco, devemos acolher essa falta como uma forma de expressar nosso amor. Porque o verdadeiro amor nos dá tanto alegria quanto dor – muitas vezes, ao mesmo tempo. Quem quer excluir a dor, automaticamente exclui a alegria.
O jejum cristão é uma maneira pela qual somos lembrados de pelo menos três coisas importantes:
1. Não vivemos só de pão, ou seja, nenhuma coisa material pode realmente satisfazer a fome de amor e significado que carregamos em nossos corações;
2. O Senhor nos libertou para que não precisemos ser subservientes às nossas necessidades. De vez em quando, dizer não a nós mesmos nos ajuda a fortalecer essa liberdade;
3. O jejum diz respeito ao nosso relacionamento com Jesus – é uma forma de sermos solidários com a Sua Paixão, uma Paixão que se renova constantemente na dor de cada homem e mulher, em todo o mundo.
