Aleteia logoAleteia logoAleteia
Sábado 20 Abril |
Aleteia logo
Religião
separateurCreated with Sketch.

Direto do Vaticano: Papa acaba com privilégios de funcionários da Cúria

Este artigo é exclusivo para os membros de Aleteia Premium
Pope-Francis-Audience-February-15-2023

Antoine Mekary | ALETEIA

I. Media - publicado em 03/03/23

A palavra do Papa e o essencial da informação sobre a Igreja hoje. Veja aqui:
  1. Habitação: Papa retira privilégios de funcionários da Cúria Romana
  2. Ucrânia, sinodalidade, responsabilidade social da Igreja… O Papa responde à imprensa católica belga
  3. Acidente de trem na Grécia: Papa deseja “força” e “solidariedade

1Habitação: Papa retira privilégios de funcionários da Cúria Romana

Por Anna Kurian e Hugues Lefèvre – De agora em diante, não haverá mais tarifas gratuitas ou preferenciais para habitação de cardeais e funcionários da Cúria Romana no Vaticano. Esta é a decisão tomada pelo papa Francisco em um comunicado datado de 13 de fevereiro, tornada pública por Vatican News na quarta-feira.

O texto, assinado por Maximino Caballero Ledo, prefeito da Secretaria de Economia, revoga todas as disposições “promulgadas por qualquer pessoa a qualquer momento” que permitem aos cardeais, chefes de dicastérios, secretários, subsecretários e executivos desfrutar dos bens imobiliários da Santa Sé “gratuitamente ou em condições particularmente favoráveis”.

O Papa também os proíbe de receber qualquer assistência habitacional da Santa Sé, “em qualquer quantia ou forma”. As entidades proprietárias dos imóveis terão, portanto, que aplicar as taxas normais a todos. E qualquer exceção à regra deve ser autorizada pelo pontífice.

O Papa pede “um sacrifício excepcional”

Esta nova disposição com efeito imediato também diz respeito aos prelados do tribunal da Rota Romana e das residências sacerdotais administradas pela Domus Vaticanae (Casa de Santa Marta, Domus Romana Sacerdotalis – conhecida como “Traspontina” – Domus Internationalis Paul VI, e Casa San Benedetto).

Entretanto, a normativa não se aplica retroativamente: os contratos estipulados antes da data de sua entrada em vigor continuarão até sua expiração, e sua renovação estará sujeita às novas diretrizes. Os pedidos de moradia e subsídio apresentados após 31 de dezembro de 2022 e ainda não finalizados terão que cumprir com a norma.

Numa época em que a situação econômica é “de particular gravidade”, o Papa pede este “sacrifício excepcional” para melhorar a renda do patrimônio imobiliário e para dedicar mais recursos à missão da Santa Sé.

Menos recursos para os cardeais

Esta medida segue outra decisão tomada pelo Papa Francisco em março de 2021. Devido à situação financeira do Vaticano, agravada pela pandemia, ele decidiu cortar os salários dos cardeais em 10% e os salários dos superiores e chefes de dicastérios em 8%.

Um cardeal em Roma recebia um salário de 5.000 euros por mês, segundo a especialista em Vaticano Ines San Martin em um artigo publicado em 2016. Após a reforma de 2021, os cardeais receberiam 4.500 euros. Atualmente, em Roma, 22 cardeais trabalham para o Vaticano.

A normativa do Papa é parte da lenta mudança cultural ocorrida desde o Concílio Vaticano II – e em particular o trabalho do Papa Paulo VI – no que diz respeito ao status dos cardeais. Nos Acordos de Latrão assinados em 1929 com a Itália, fora estipulado que todos os cardeais deveriam desfrutar na Itália “das honras devidas aos príncipes” da Igreja.

O Papa Francisco, que escolheu viver na Casa de Santa Marta em um apartamento de 70m2, defende, ao contrário, uma forma de exemplaridade para os líderes da Cúria em termos de estilo de vida.

Em 2014, surgiu uma controvérsia sobre o tamanho do apartamento do antigo Secretário de Estado da Santa Sé, o Cardeal Tarcisio Bertone, bem como sobre o custo da reforma de seu apartamento. Segundo a imprensa italiana da época, a questão enfureceu o pontífice.

2Ucrânia, sinodalidade, responsabilidade social da Igreja… O Papa responde à imprensa católica belga

Por Cyprien Viet – No período que antecede o 10º aniversário de seu pontificado em 13 de março, o Papa Francisco deu uma longa entrevista conjunta em 19 de dezembro de 2022 aos semanários belgas Tertio (de língua holandesa) e Dimanche (de língua francesa), transmitida pelo portal Cathobel em duas partes na terça e quarta-feira. Neste diálogo com o jornalista Emmanuel Van Lierde, o Papa discute vários assuntos atuais, incluindo a guerra na Ucrânia e o processo sinodal, e expõe sua visão sobre o compromisso social da Igreja.

Uma “guerra mundial” em curso

Questionado sobre a guerra na Ucrânia, o Papa disse que “o Vaticano tem levado este conflito a sério desde o primeiro dia”. O bispo de Roma enviou cardeais ao campo para expressar sua compaixão pelo povo ucraniano. “Estou também em contato com os ucranianos”. O presidente Volodymyr Zelensky enviou várias delegações para falar comigo”, explicou Francisco. O pontífice não mencionou Vladimir Putin, mas falou da necessidade de “falar com o povo russo a fim de fazer algo”.

Perturbado pela agresãos cometida pelas forças russas na Ucrânia, particularmente contra as crianças, o Papa também colocou este conflito no contexto de uma guerra mundial em curso, citando novamente os exemplos da Birmânia, Síria e Iêmen e denunciando o poder da indústria de armas. “Quando um país rico começa a enfraquecer, diz-se que precisa de uma guerra para se sustentar e se tornar mais forte novamente. É para isso que as armas estão sendo preparadas”, insiste o Papa, preocupado com o risco de propagação do conflito.

“Diz-se que a Guerra Civil espanhola foi usada para testar armas para a Segunda Guerra Mundial”. Eu não sei se é verdade, mas as armas são sempre testadas, não é mesmo? É a indústria da destruição, a indústria da guerra, de um mundo em guerra”, lamentou o pontífice de 86 anos, ainda emocionado por suas visitas a cemitérios militares. “Para mim é muito doloroso, muito doloroso, e não posso escolher um lado, a guerra é má em si mesma”, insiste ele.

Sínodo tentado “pelo espírito maligno”

O Papa Francisco coloca o atual processo sinodal na filiação do Concílio Vaticano II. “No final do Concílio, Paulo VI ficou muito chocado ao ver que a Igreja no Ocidente quase tinha perdido sua dimensão sinodal, enquanto as Igrejas Católicas Orientais tinham conseguido preservá-la”, explica o Papa. Ele lembrou que seu predecessor tinha, portanto, criado a Secretaria do Sínodo dos Bispos, que evoluiu ao longo dos últimos 60 anos.

Esclarecendo um ponto de controvérsia, o Papa deu a entender que, em futuras assembleias, a votação não seria mais reservada apenas aos bispos. “Não estava claro se as mulheres podiam votar… No último Sínodo da Amazônia, em outubro de 2019, as mentes amadureceram nessa direção”, diz ele.

“Os dois sínodos sobre a sinodalidade nos ajudarão a esclarecer o significado e o método de tomada de decisões na Igreja”, diz Francisco, repetindo que “considerar um sínodo como um parlamento é um erro”. É antes de tudo uma “assembleia de crentes”, pontuada por discursos, mas também por momentos de silêncio e oração, insiste ele. Entretanto, ele reconhece que esta “assembleia de fé conduzida pelo Espírito Santo” é “também tentada e seduzida pelo espírito maligno”.

Conciliando o compromisso espiritual e social

“Uma Igreja que não celebra a Eucaristia não é uma Igreja”. Mas uma Igreja que se esconde na sacristia também não é uma Igreja”, explica Francisco, sublinhando que “o partir do pão” implica “uma obrigação social, a obrigação de cuidar dos outros”.

“O compromisso social da Igreja é uma reação, uma consequência do culto”. Este compromisso não deve ser confundido com a ação filantrópica que um não-crente também pode empreender”, explicou o Papa.

Falando à mídia católica de um país que liberalizou a eutanásia, o pontífice de 86 anos também nos lembra a responsabilidade de cuidar do vínculo entre gerações. “O ancião não deve ser mantido em um armazém ou em um museu, mas deve ser capaz de continuar a dar à sociedade o que tem dentro de si. Há uma missão para os idosos”, que devem ser considerados com cuidado, “mesmo que não estejam mais em boa saúde ou plenamente conscientes”.

O Papa também insiste na fecundidade “profética” do diálogo entre jovens e idosos. “Lembro-me de uma atividade em que propusemos aos jovens tocar violão em um lar de idosos. “Ah, vai ser entediante”… “Mas vamos de qualquer maneira”. E então eles não queriam ir embora, começaram a cantar e o diálogo com os idosos começou”, conta o Papa com divertimento.

Entretanto, ele disse que estava “muito triste por alguns lares de idosos adotarem uma linha excessivamente comercial, com a consequência de perder a ternura”. Mais amplamente, ele disse que apoiava o desenvolvimento da “economia social de mercado”, um tema desenvolvido por seu predecessor João Paulo II. Francisco cita o exemplo de um empresário belga que desenvolveu uma empresa têxtil na Argentina, garantindo que seus funcionários também fossem acionistas.

O Papa também manifestou seu apoio à ideia de fazer de São Titus Brandsma, holandês (1881-1942) ,o co-patrono dos jornalistas, juntamente com São Francisco de Sales. “Entrarei em contato com o dicastério para as Causas dos Santos para ver o que é possível. De qualquer forma, seria um prazer para mim”, disse o Papa Francisco, convidando os jornalistas a continuar sua “nobre profissão” de “transmitir a verdade” sem perder seu senso crítico.

O ponto de vista do Papa sobre sua própria morte

A entrevista de três quartos de hora em espanhol foi realizada no dia seguinte à vitória da Argentina sobre a França na final da Copa do Mundo. Em um artigo sobre o contexto da entrevista, o jornalista explica que quando o Papa percebeu que a entrevista seria publicada vários meses depois, ele disse: “E se algo acontecer comigo nesse ínterim?” Ele disse, entretanto, que uma publicação póstuma lhe permitiria dizer uma palavra final “do túmulo”, “desde la tumba”.

O jornalista também testemunha o sofrimento palpável do Papa diante dos “horrores incessantes da guerra em tantos lugares do mundo”. “Ele considera uma derrota pessoal que não possa evitar mais derramamento de sangue e que seus apelos ao diálogo permaneçam sem resposta”, insiste Emmanuel Van Lierde.

3Acidente de trem na Grécia: Papa deseja “força” e “solidariedade”

Por Anna Kurian – O Papa Francisco expressou sua tristeza ao presidente da Conferência Episcopal Grega, Arcebispo Petros Stefànou, depois que dois trens colidiram na região de Larissa na noite de 28 de fevereiro para 1 de março de 2023, matando pelo menos 36 pessoas.

Em um telegrama assinado pelo Cardeal Secretário de Estado Pietro Parolin, o Papa assegura a todos aqueles “atingidos por esta tragédia” suas orações. O pontífice confiou as almas daqueles que morreram “ao amor misericordioso” de Deus e ofereceu suas sinceras condolências às famílias que perderam seus entes queridos.

O chefe da Igreja Católica envia sua bênção às dezenas de feridos, aos trabalhadores de resgate e àqueles que vieram para ajudar, como uma “promessa de força e solidariedade no Senhor”.

Três dias de luto nacional foram declarados após desastre, que foi descrito pela mídia local como o pior acidente ferroviário da história do país.

Este artigo é exclusivo para os membros Aleteia Premium

Já é membro(a)? Por favor,

Grátis! - Sem compromisso
Você pode cancelar a qualquer momento

1.

Acesso ilimitado ao conteúdo Premium de Aleteia

2.

Acesso exclusivo à nossa rede de centenas de mosteiros que irão rezar por suas intenções

3.

Acesso exclusivo ao boletim Direto do Vaticano

4.

Acesso exclusivo à nossa Resenha de Imprensa internacional

5.

Acesso exclusivo à nova área de comentários

6.

Anúncios limitados

Apoie o jornalismo que promove os valores católicos
Apoie o jornalismo que promove os valores católicos

Top 10
Ver mais
Boletim
Receba Aleteia todo dia