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Meu corpo Suas regras

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Julia A. Borges - publicado em 12/03/23

Como viver a fé cristã em um mundo no qual tudo me convém, mas nem tudo me é lícito?

Se a complexidade da natureza é altamente pujante ao simples olhar de admiração, seja de uma chuva de raios; seja da transformação da lagarta em uma borboleta; do deslumbramento de uma aurora boreal, ou ainda, das paisagens ao redor do mundo de cachoeiras, praias, vulcões e glaciares. Se toda essa fantástica rede natural é motivo para total arrebatamento e estupefação, assim é a criação mais genial de todas: o ser humano – engenho divino unido por corpo e mente.

O homem e a mulher possuem habilidades, destrezas e talentos que, se trabalhados juntos, cooperam para o desenvolvimento da própria espécie humana e saber identificá-los é de grande valia para o devido amadurecimento pessoal. Se o impedimento em compreender a óbvia diferença entre os dois gêneros se fizer presente; é fundamental que desde já seja necessário que o cristão faça um exame de consciência e reveja todo o seu catecismo, ou ao menos, abra a Bíblia e a leia. Dizer-se seguidor de Cristo e negar uma das premissas mais basilares não faz o menor sentido na caminhada católica. Caso contrário, como muito bem disse o papa Bento XVI: “vá-se constituindo uma ditatura do relativismo que nada reconhece como definitivo e que deixa como última medida apenas o próprio eu e as suas vontades”.

A existência do homem com suas características próprias e da mulher com suas especificidades parecem não fazer mais sentido na sociedade atual. O óbvio agora precisa ser dito, referido, aludido, citado, contado, atestado porque vive-se em um mundo onde a cegueira impera e a verdade nunca figura entre as respostas mais escolhidas.

Criação divina

Se o ser humano é a criação divina mais espetacular, não poderia tal feito se encontrar em qualquer meio. Haveria de ser um templo no qual o próprio Deus também pudesse ali se manifestar: eis o corpo, eis o corpo humano. É a morada de cada um ao longo da vida e somente o próprio residente terá total autonomia em gerenciá-la. Uma das instâncias do livre-arbítrio se manifesta justamente na liberdade em administrar o próprio corpo, desde uma simples escolha de roupa ou de alimento às questões de aspecto relacional.

O processo de santificação não começa após a morte com a possível beatificação ou não do indivíduo. A tarefa inicia aos nascer e cria raízes no reconhecimento do seu batismo. Ser chamado a ser santo é um encadeamento de escolhas que o ser humano vai fazendo ao longo de sua vida e ao findar, ainda que o reconhecimento não ocorra neste mundo, a certeza da morada junto ao Pai é o que move toda e qualquer pessoa que tenha fé.

Não, não é tarefa fácil, ainda mais se toda essa dificuldade estiver inserida em um contexto social no qual a liberdade é licença para a libertinagem. Trata-se de uma conjuntura de fatores que levam facilmente o ser humano a atitudes que desagradam a Deus ou levam ao próprio pecado. Paulo, na primeira carta aos Coríntios já afirmava: “Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas as coisas me convêm. Todas as coisas me são lícitas; mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas.” (1 Cor. 6:12).

Viver a fé cristã

A compreensão de que se vive em uma sociedade e dela somos cidadãos é percepção tão basilar e que os gregos antigos possuíam muito bem. A Grécia antiga inaugura uma nova maneira de pensar além da propriedade privada e instaura o conceito de polis, de sociedade no qual a postura de cada cidadão era reflexo de sua competência dentro daquele espaço. Havia o entendimento inequívoco das regras e das normas a serem seguidas, caso contrário, voltariam à idade das Pedras ou mesmo à era da Lei do talião. O princípio do caos é a instauração de um caos sem princípios.

É fato que a sociedade do século XXI evoluiu em tecnologia, ciência, medicina, leis e direito. Não se trata de retrocesso com relação às garantias conseguidas. Trata-se de saber a premissa básica de que o seu direito termina ao começar o do outro e que assim como em qualquer relacionamento, viver em sociedade também requer concessões e renúncias.    

Inúmeras são as situações que o cristão não sabe qual a melhor atitude a tomar, qual caminho a seguir, e para tanto, é importante ter como exemplos os discípulos que vieram antes, pessoas que enfrentaram a batalha de seguir a fé cristã e propagá-la. Pensar como fizeram Moisés, Abraão, Jacó; esmerar-se em Maria, José, Pedro, João; alinhar-se a Santo Agostinho, Santa Teresa D´Ávila, São Francisco de Assis ou Santa Dulce. Exemplos não faltam ao bom entendimento do agir cristão. Não se sinta sozinho, mesmo quando perceber a difícil e árdua tarefa que é o anúncio do Evangelho em suas palavras e ações, até porque, como afirmou G.k Chesterton: “só uma coisa morta segue a correnteza. Tem que estar vivo para contrariá-la”. Portanto, que saibamos viver a fé cristã em um mundo no qual tudo me convém, mas nem tudo me é lícito.

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