1O Kremlin não descarta uma visita do Papa Francisco à Rússia
Por I.MEDIA: Questionado sobre uma visita do Papa Francisco à região de Vladivostok no outono, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse que não estava ciente do plano e que aguardava uma declaração oficial do Vaticano – relatou RIA Novosti em 13 de março. Ele acrescentou que se o Papa viesse à Rússia, o Kremlin participaria “sem dúvida”.
O governador da cidade de Vladivostok recentemente fez um convite inicial ao Papa Francisco para visitar sua região após sua visita à Mongólia, agendada para o final de setembro. “Um convite oficial ao Papa está sendo preparado”, disse Leonid Sevastianov, presidente da União Mundial dos Antigos Crentes, um ramo da Ortodoxia Russa, a I.MEDIA.
Um amigo próximo do Papa Francisco, este influente russo disse à agência Tass em 20 de fevereiro que o pontífice lhe havia dito que queria viajar para o Extremo Oriente para visitar um parque nacional dedicado a salvar leopardos.
“Não sabemos se o pontífice está planejando visitar a Rússia”. Eu não tenho mais informações sobre isto”, disse Dmitry Peskov. O porta-voz do Kremlin garantiu, entretanto, que se o Papa visitasse a Rússia, o Kremlin “sem dúvida” se juntaria a ele. Em sua resposta, ele explicou que os canais diplomáticos, que são tanto estatais quanto religiosos, deveriam ser utilizados.
O Papa Francisco nos lembra regularmente que ele quer ir a Kiev na condição de que ele também possa ir a Moscou. Mas o Kremlin ainda não respondeu a este pedido.
Entrevistado por ocasião do 10º aniversário da eleição do Papa Francisco pela agência russa Tass, o embaixador russo Alexander Avdeyev ficou satisfeito com o estado das relações entre a Santa Sé e a Rússia.
“Nossas relações bilaterais adquiriram uma natureza estável e sistêmica”, elogiou, observando que o Vaticano havia prestado “bons e importantes serviços” como mediador na transferência de listas de prisioneiros de guerra para os subseqüentes intercâmbios entre a Rússia e a Ucrânia. No entanto, ele não mencionou nenhum plano para uma viagem papal à Rússia.
As palavras do Papa para o povo russo
Contatado por I.MEDIA, Leonid Sevastianov também confidenciou que ainda estava trabalhando em uma visita papal a Moscou e Kiev. Neste 13 de março de 2023, no 10º aniversário da eleição de Francisco, o pontífice argentino lhe enviou uma mensagem ao povo russo que diz:
“Obrigado a todos vocês por suas orações neste décimo ano do meu pontificado. Desejo ao povo russo a paz. Há um ano atrás, consagrei o povo russo ao coração de Maria. Que ela, como Mãe, faça as pazes com todos os povos. A paz é um bem, uma bênção: paz nos corações, paz na sociedade, paz no mundo. A você, querido irmão Leonid, desejo a paz. Que o Senhor a dê a mim, ao povo russo, ao mundo inteiro. Rezo por você e por sua família.”
As saudações do Patriarca Kirill ao Papa
No mesmo dia, o Patriarca Kirill de Moscou enviou ao 266º Papa suas felicitações por ocasião do aniversário do pontificado. Na mensagem, publicada no site do patriarcado, o chefe da Igreja Ortodoxa Russa elogia a “contribuição significativa” do Papa para “a pregação do Evangelho de Cristo”, bem como seu compromisso com “o desenvolvimento da cooperação inter-religiosa”.
“Nestes tempos difíceis que estamos atravessando”, escreve Kirill, “um diálogo entre líderes religiosos pode trazer bons frutos e ajudar a unir os esforços das pessoas de boa vontade para curar as feridas da criação de Deus”. O patriarca deseja ao Papa Francisco “boa saúde, serenidade e ajuda infalível de Cristo Salvador em sua obra”.
Desde seu primeiro encontro em fevereiro de 2016 em Cuba, que marcou uma virada histórica nas relações entre as duas igrejas, várias iniciativas para um reencontro entre os dois homens foram canceladas. Uma reunião havia sido prevista em Jerusalém, em junho de 2022, e outra no Cazaquistão, em setembro. Mas as tensões diplomáticas contra o pano de fundo da guerra na Ucrânia mudaram estes planos.
A última troca de cartas conhecida entre os dois homens data da morte de Bento XVI. O Patriarca Kirill havia enviado uma carta ao Bispo de Roma saudando o fato de que, sob o pontificado alemão, “as relações entre a Igreja Ortodoxa Russa e a Igreja Católica Romana se desenvolveram significativamente”.