Um leitor da coluna de perguntas e respostas do pe. Cido Pereira no portal O São Paulo quis saber o seguinte:
“Quando pecamos e confessamos, nossos pecados ainda deixam consequências ? Ao morrermos, vamos para o céu ou temos que passar pelo purgatório? Pode explicar algo sobre purificação?”.
O pe. Cido então explicou:
"Se existe um sinal maravilhoso da misericórdia de Deus é o sacramento da Penitência. Jesus quis nos deixar neste sacramento um meio pelo qual pudéssemos recuperar a dignidade de filhos de Deus após pecarmos, um meio de nos revestirmos de novo com a veste da graça de Deus após a termos despido com nosso 'não' a Deus e aos irmãos.
Que bom seria se nós conseguíssemos conservar definitivamente o estado de graça após sermos lavados pelas águas do Batismo. Acontece que este banho maravilhoso do Batismo, uma obra do amor de Deus que nos lava do pecado original e nos torna filhos adotivos de Deus, não anula a nossa vontade, não nos tira a liberdade nem nos tira a tendência ao mal que o pecado original cravou em nossa vida. Lembre-se da angústia do apóstolo Paulo. Ele diz em uma de suas cartas: 'Não sei o que se passa comigo. Pois eu não faço o bem que quero e faço o mal que não quero'".
O sacerdote prosseguiu, abordando diretamente o sacramento da confissão:
"Foi por causa dessa nossa fraqueza humana que Jesus nos deixou o sacramento da Penitência. Por ele, nos reconciliamos com Deus, nos libertamos dos pecados cometidos após o Batismo, nos reintegramos na comunhão com Deus e com o próximo. Então, fiquemos tranquilos. Uma boa Confissão nos abre as portas do céu, sim".
Entretanto, existem as penas dos pecados cometidos. A este respeito, o pe. Cido explicou:
"Eu entendo, porém, que com esta pergunta sobre as 'penas' do pecado e suas consequências, podemos buscar um melhor esclarecimento se recorrermos ao ensinamento da Igreja sobre a purificação final ou purgatório. Diz o Catecismo da Igreja Católica:
'Os que morrem na graça e na amizade de Deus, mas não estão completamente purificados, embora tenham garantida a sua salvação eterna, passam após sua morte, por uma purificação, a fim de obterem a santidade necessária para entrarem na alegria do céu'.
Vamos dar um exemplo: Imaginemos que uma pessoa me difamasse, falasse mal de mim. Digamos que esta pessoa reconheceu seu erro e pediu perdão e eu perdoei. Tá tudo bem com ela? Ela está perdoada? Claro que está. Mas ela tem que reparar o mal que me fez. É ou não é?
Pois então… Com Deus é a mesma coisa. Ele nos perdoa sempre. 'Dai graças ao Senhor porque Ele é bom! Porque eterna é a Sua misericórdia', diz o salmista. Mas nós precisamos nos livrar das penas desse pecado. Por isso a Igreja nos recomenda o amor fraterno, as indulgências e as obras de penitência. Nossa oração os livra das penas dos pecados. E a partir dela, entendemos também o que a Igreja quer dizer com as indulgências. É o perdão das penas que nos são impostas após o perdão dos pecados".
O sacerdote concluiu:
"Sabe a história que diz que quando o menino jogando bola quebrou sua vidraça e pediu desculpas, você desculpou? Mas que você ficará mais feliz se ele, uma vez desculpado, pague o vidro quebrado? Pois é . O que ele fizer para reparar o mal ele estará fazendo para receber a indulgência completa da peraltice que fez.
Como podemos perceber, a Doutrina da Igreja sobre o perdão dos pecados é profunda e linda. Trata-se de uma doutrina iluminada pela misericórdia e pela justiça".